
Olá, vizinho!
Hoje venho falar-vos de jornalismo. Tantas vezes no cerne das atenções, tantas vezes mal entendido – e mal praticado. Vou dar-vos conta de uma parte dos bastidores de fazer jornalismo, das que mais custa: tomar decisões. Ser jornalista é sinónimo de escolher. Temas, histórias e ângulos.
Um jornalista tem a noção de que a forma como conta uma história vai condicionar a forma como ela vai ser consumida. E sabe também que o contexto determina muito: das ideias à abordagem.
Esta semana a Catarina Reis foi ao bairro da Quinta das Lagoas, em Corroios. Ninguém entra num lugar assim sem uma catrefada de ideias feitas, boas e más. Até pelo que a televisão já tinha mostrado, numa enorme operação policial de há umas semanas.
Neste bairro de Corroios de tijolo e sucata, ninguém deixa ninguém com fome
“Foi um inferno. Nunca tinha visto nada assim. Pau, pau, pau. ‘Entrem para dentro, entrem para dentro’. ‘Vai haver fogo, vai haver guerra’.”
Sabendo tudo isto, a Catarina tinha várias opções: escolher uma abordagem catastrofista, já seguida. Ou limpar os olhos, e ver através da névoa das ideias feitas. Esta segunda opção não dá manchetes, mas certamente descobre melhor a vivência deste bairro, mostra os seus lados mais interessantes. Tem uma nova história para contar.
Outro exemplo: o que se estava a passar na Feira da Ladra? Chegaram-nos informações de que a Feira mais antiga de Lisboa estaria ameaçada, que um empreendimento novo poria em risco a zona dos feirantes eventuais.
O Álvaro Filho foi ver. E descobriu que era fumo sem fogo, mais uma vez, uma onda de boatos sem fundamento. Uma peça em que a checagem dos factos acaba com rumores pode não servir exatamente a emoção das redes sociais. Mas é exatamente o que o jornalismo tem de fazer.
É assim o jornalismo que fazemos na Mensagem. Como o que nos propusemos desde início e está no nosso manifesto editorial. Causas pela causa, a única causa, Lisboa.
No dia 26, quarta-feira, vamos ter mais um debate n’A Brasileira do Chiado: Kalaf, produtor musical e escritor vem falar sobre centro e periferia nas artes e na cultura das cidades com Emília Ferreira, a diretora do Museu do Chiado. Este debate é uma parceria da Mensagem com o Museu, nos seus 110 anos. Os primeiros inscritos, que sejam já membros contribuintes da Mensagem, poderão assistir ao vivo, no café – os outros podem segui-lo no Facebook e entrar na discussão, claro, colocando perguntas ao vivo. Inscrições, aqui.
Esperamos que estes encontros possam em breve abrir-se sem restrições.
Até lá, gostamos de vos ver aqui, no site e nas nossas redes sociais.
E agradecemos todas as vossas contribuições, aqui.
Até breve,
Catarina Carvalho