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Até esta semana, nunca a União Europeia tinha marcado presença na Cova da Moura, na Amadora. Foi agora, com uma visita informal da representante em Portugal, Sofia Moreira de Sousa, ao Estúdio Kova M – com o Parlamento Europeu e a sua equipa de comunicação. Objetivo: uma primeira abordagem ao projeto que este ano traz o bairro da Amadora para o centro das Comemorações do Dia Europeu das Línguas (celebrado a 26 de setembro).
“Fizemos uma pausa só para tirar aquela fotografia e voltámos ao trabalho”, quem conta história do estúdio é Heidir Correia, apontando para a parede do fundo, onde uma fotografia a preto e branco lembra esses dias de construção deste novo lugar.
Estamos num estúdio de música, que nasceu com o intuito de institucionalizar o gosto pela música que aqui, um dos berços do rap e hip hop, se faz forte. E para impulsionar os sonhos de jovens do bairro que nasceram com a vontade de intervir no mundo através das sus letras. Foi com as próprias mãos e o financiamento de alguns benfeitores – anónimos -, que um grupo de jovens da Cova da Moura ergueu o cimento deste espaço de encontro da juventude no bairro, em 2007.




Neste estúdio da Cova da Moura, fizeram-se artistas meninos e meninas, homens e mulheres, para quem o sonho da música realmente extravasou as fronteiras do bairro. É o caso de Vado Más Ki Ás, cantor lisboeta com raízes cabo-verdianas e que se tornou um ícone do pop nacional.
É aqui que, passados 15 anos, um grupo de seis jovens (cinco rappers e um produtor) estão a criar um rap, em crioulo, para e sobre a Europa.
O repto foi lançado pela Comissão Europeia e pelo Parlamento Europeu, que convidou a Mensagem de Lisboa a coordenar a iniciativa. Como motivação estava o projeto de jornalismo em crioulo e o calendário, o Dia Europeu das Línguas (celebrado a 26 de setembro).
O desafio, este ano, é lançado através deste bairro: olhar as outras línguas, as que não são consideradas as 24 oficiais da União Europeia, mas têm há várias décadas uma impressão digital neste continente.
Como é o caso do crioulo.
Tão falado em Lisboa, que faz dela a mais crioula das cidades europeias – há cerca de 14 mil guineenses e 25 mil cabo-verdianos na zona de Lisboa (e estes dados não contam com os seus descendentes).
O rap produzido ao longo destes últimos dois meses, neste estúdio, vai ser oficialmente apresentado no palco Cine-Estúdio do Festival Iminente, no dia 23 de setembro (sexta-feira), às 20:30.
Fala da Europa que estes jovens veem daqui: os movimentos migratórios, o sentido de pertença, a guerra, os refugiados dela e a exclusão.
Antes, às 19:30, a Mensagem vai promover uma conversa sobre a língua crioula – no âmbito da parceria com o Festival Iminente, criado por Vhils e que estará em Marvila de dia 22 a 26.
Heidir Correia (um dos autores deste rap e coordenador do Kova M), Karyna Gomes (cantora e jornalista da Mensagem), Juana na Rap (rapper do Monte da Caparica – confirmar), e um representante da Comissão Europeia em Portugal vão conversar sobre crioulo, rap e representação.
Parte desta mensagem está impressa na música que irá ser apresentada pelos rappers no festival, evento para o qual convidamos todos os leitores da Mensagem.
Os autores do rap ganham uma viagem a Bruxelas, a decorrer em 2023.
Uma parceria com:


A Mensagem de Lisboa ganhou prémio de jornalismo europeu de Diversidade e Inclusão pelo projeto de jornalismo nas línguas crioulas de Cabo Verde e Guiné Bissau.
O projeto foi apadrinhado pelo músico Dino D’Santiago e a sua organização Lisboa Criola e realizado por Karyna Gomes, jornalista nascida na Guiné e com origens em Cabo Verde – que escolhe uma das duas línguas de acordo com o tema.
E teve o apoio de uma bolsa do projeto europeu NewsSpectrum para jornalismo em línguas minoritárias