
Olá, vizinhos!
Semana agitada em Lisboa. Surpresa eleitoral, novo presidente e outro mapa político. Lisboa está mais dividida, é certo. E o desafio é grande, a vários níveis. Há minorias eleitas por todo o lado, de Arroios à Praça do Município.
Agora que os holofotes deixaram de incidir sobre ele, Carlos Moedas estará a gizar o novo executivo – e o desafio que terá pela frente será o de encontrar o que o une às forças políticas de esquerda, eleitas em maioria na CML e na Assembleia Municipal. Se se focar no que o separa, a cidade ficará ingovernável.
Embora não parecendo, este também é um repto à esquerda, que deixou fugir a vitória numas eleições em que tomou, talvez, demasiadas coisas por garantidas.
A abstenção subiu nas juntas tradicionais PS e desceu onde houve mudança à direita
As mudanças nas Juntas de Freguesia de Lisboa são o espelho da nova liderança municipal […]
Há muito por onde negociar, numa área de governo em que a ideologia é menos importante do que a vida do dia a dia.
O futuro das cidades não é de esquerda nem de direita é das pessoas, e dos políticos, que o fazem.
Há exemplos por essa Europa fora como governos mais liberais foram pioneiros em rígidas políticas ambientais, mobilidade suave ou habitação pública – bandeiras tradicionais da esquerda.
A campanha de Carlos Moedas foi feita de sinais nem sempre de acordo com o que estava no seu programa, como se falou na entrevista na Brasileira, aqui. Se foi eleito com base nuns ou noutros poderá determinar a sua conduta na Câmara – mas há outros dados a ter em conta.
Um exemplo: as ciclovias. Os votantes na coligação Novos Tempos fizeram-no contra a mobilidade suave? Seja qual for a resposta, poderá Carlos Moedas conjugar essa posição com a necessidade de reduzir trânsito e poluição na cidade – até para cumprir as metas para 2030 com que ele próprio concordou quando estava na Comissão Europeia?
Como governará Moedas em minoria: batalha campal ou experiência política de ponta?
Lisboa protagonizou o choque da noite eleitoral que se traduzirá num choque político. Ao contrário […]
Por tudo isto, Lisboa vai ser um laboratório político tão interessante como foi a geringonça. E se Lisboa desse uma lição ao mundo? Da possibilidade de uma vida política que, apesar de fragmentada, não polarizada. Uma cidade onde as pessoas trabalham para o bem comum, independentemente dos partidos de onde vêm.
Veremos. A fazer figas.
E neste novo ciclo, algumas notícias sobre e da Mensagem:
- A noite das eleições foi passada por nós na Brasileira do Chiado onde reunimos uma redação alargada que contou um acompanhamento no Twitter, um debate em direto com António Brito Guterres e Dora Santos Silva e a notícia em primeira mão de quem tinha sido o vencedor. Foi uma experiência que esperamos poder repetir com os nossos leitores a assistir – quando os tempos nos permitirem.

- Nesta noite, Nuno Saraiva foi desenhando em tempo real o seu cartoon que havia de ser publicado no dia seguinte, e que mudou… três vezes. A arte voltou às mesas do café mais artístico de Lisboa.

- Para discutir precisamente jornalismo teremos no dia 13 de outubro um encontro na Brasileia do Chiado sobre a importância do jornalismo independente e local com Bernardo Correia, da Google em Portugal, Ricardo Ribeiro, do Fumaça e Patrícia Fonseca, do Médio Tejo. O debate será transmitido em direto no facebook da Mensagem – mas temos alguns lugares disponíveis – podem inscrever-se enviando mail para geral@mensagem.pt.
- Este debate vem no âmbito do World News Day, do World Editors Forum, organização da qual A Mensagem faz parte, e que se comemorou esta semana (que calhou em cima das eleições). Centenas de jornais do mundo juntaram-se com textos sobre ambiente e a Mensagem fê-lo com o texto sobre os prados de Lisboa que acabou por ser traduzido e publicado em vários jornais internacionais: Toronto Star, no Canadá, Straits Times, em Singapura, 100 Fronteiras, no Brasil e El Heraldo, no México.
- E por último, mas porque é mesmo o primeiro: começou esta semana a nossa parceria editorial com o maior jornal brasileiro, a Folha de São Paulo. A Mensagem fará parte do projeto dedicado ao mundo em português. E começou com o pé direito com o texto mais lido do dia em todo o jornal – a reportagem dos atores e atrizes brasileiros em Lisboa.
Leiam tudo aqui:
A Mensagem no Brasil em parceria com a Folha de São Paulo
As reportagens e histórias da Mensagem vão passar a ser partilhadas no Brasil no jornal […]
E por agora é tudo, que isto já vai longo!
Até para a semana!
De Nova Iorque a Lisboa. David J. Amado, o bailarino que pensava que “a dança clássica não era para negros”
Eva de fio a pavio – crónica de Afonso Reis Cabral
Uma noite eleitoral de dúvidas e os três cartoons de Nuno Saraiva
Gatos, pavões, gaivotas e pombos. Lina, a enfermeira que cuida dos animais do Palácio de São Bento
O dia da morte da minha mãe – crónica de Francisco Abreu Duarte
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