Querem mais intervenção no espaço público, espaços verdes, equipamento urbano, desporto inclusivo. Mais educação e ciência nas escolas através da organização de workshops. Mais cultura e sustentabilidade. Não só para quem ali vive, mas também para todos os que visitam. Querem tornar a zona um lugar ainda melhor, amadurecendo em sintonia com a cidade de Lisboa.
Mas Chelas é o Sítio não irá criar fronteiras ao trabalho. O objetivo é unificar e não se focar apenas em Chelas, alargando o valor que se cria a toda a freguesia de Marvila.
O rapper Sam The Kid é quem preside o coletivo, que junta Nuno Varela, Adriano Finuras, Ricardo Gomes e Zé Silva. E também Alexandre Farto aka Vhils que já pôs mãos à obra. Esculpiu um mural na rotunda Salgueiro Maia, à entrada de Chelas. “Hoje assentamos a primeira pedra”, disse o artista, ao finalizar a sua marca neste arranque.
Sam The Kid tem sido, ao longo dos últimos anos, uma voz ativa em Chelas. Fala por ele, mas, essencialmente, por todos. Por quem ali vive e veste a camisola. Por quem quer mais união e mais dinâmica. Foi muito isso que me mostrou – e demonstrou – quando surgiu a oportunidade de conversamos informalmente.
Estava em reportagem, a conhecer Chelas de Nuno Varela, um dos maiores empreendedores de hip hop em Portugal, a quem também chamam de ‘O Padrinho’. Uma alcunha que diz tudo. Foi ele quem proporcionou o encontro. Nuno, que também é uma das peças fundamentais deste coletivo, conduzia-me pelas suas ruas e, olhando uns anos para trás, deixava bem claro: “continua a haver a mesma vontade de ser daqui, de curtir, de viver a cidade”. Mas há mais. Há uma união que refere como sendo uma característica de quem vive nestas paragens. Uma espécie de companheirismo ancorado no bairrismo.
Sam The Kid tirou tempo do seu trabalho, descendo do famoso “quarto mágico”, onde estava a fazer beats, para vir ao café. É um dos maiores artistas portugueses e foi através das suas músicas que, ao longo dos anos, nos foi mostrando a vida em Chelas. A dele e a de muitos. Estar com ele ali é encontrar amigos que estão na capa do seu álbum Pratica(mente). É ir com ele ao barbeiro Chelas Cut’s, de Zé Silva, outra peça do projeto. É visitar um dos seus espaços de trabalho, onde grava podcasts ou organiza as roupas que vende aos fãs. É essa proximidade que quer que exista mais entre quem vive em Chelas, mas também a todos os que venham de fora.
Os mais fiéis à sua música reconhecem imediatamente o nome do mais recente projeto. Sam The Kid eternizou, há 20 anos, no seu álbum ‘Sobretudo’, “Chelas é o sitio, Chelas é o berço”.
O coletivo junta assim várias forças de Chelas, cada um com o seu foco, mas todos com a mesma vontade. Procurar envolver a comunidade em atividades, realçar a identidade do bairro e reforçar o orgulho de todos os que ali vivem.
Contam também com parceiros autárquicos, como o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, e o presidente da Junta de Freguesia de Marvila, António Videira. Assim como outros parceiros ligados a cultura, comunicação social, música e associações de cariz social e comércio. Cá estaremos para acompanhar tudo.

Nuno Mota Gomes
É jornalista. Adora escrever, fotografar e perder-se em pensamentos. Anda de mota, faz surf, viaja sempre que pode – e nem sempre para o estrangeiro. Agora fá-lo mais aqui, em Lisboa, onde nasceu. Um Interrail abriu-lhe horizontes, publicou um livro e muitas reportagens de viagens na Volta ao Mundo – onde se estreou na TV. Passou ainda por outras publicações e durante dois anos integrou o Diário de Notícias. Há quem diga que percebe de redes sociais. Tem 29 anos.
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