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Antes da COVID (sim, houve esse tempo), quem tinha que ir à sede da Segurança Social na Av. Afonso Costa ficava intrigado com as ruínas que via no monte em frente sob uma elevação de areia.

Para começar, o mistério dessa areia. Na verdade, o monte é o que resta da areia escavada na década de 1940 para alimentar a construção de boa parte dos prédios do chamado “Plano do Areeiro”, de Faria da Costa.

Depois, a contrução: do lado oposto, o da Gago Coutinho, junto à bomba de gasolina, vêem-se ainda ameias e aquilo que parece ser a torre arruinada de uma capela. Tudo indica estarmos perante uma quinta de pequena nobreza, antiga, talvez do século XVII ou XVIII – abandonada já há bastantes anos.

E com efeito, assim é. Esta quinta é, na verdade, a origem do topónimo “Casal Vistoso”, que hoje encontramos no largo fronteiro e no Pavilhão Gimnodesportivo onde a Câmara Municipal de Lisboa instalou provisoriamente um centro de acolhimento de urgência de Sem Abrigo.

O primeiro indício de que se trata do mesmo local vem da designação “Vistoso” (que tem “boas vistas”) dado que a quinta se situa, precisamente, no topo de uma elevação a partir da qual era possível observar toda a densa rede de quintas e explorações agrícolas que alimentavam a Lisboa desta época.

E assim se associam os dois nomes: Casal Vistoso para o conjunto da “propriedade rústica” e Quinta das Ameias para o conjunto de construções no ponto mais alto da propriedade (que na época era muito mais extensa).

A quinta tinha um portão de entrada pelo norte que, como ainda se recordam alguns moradores, ficava no termo de uma estrada que subia desde a antiga Estrada de Sacavém (que seguia pelo que resta, hoje, da Rua Alves Torgo e que liga, talvez, com os restos de um caminho murado que ainda hoje em dia sobrevive no Parque Urbano do Vale da Montanha). A quinta estava constituída por duas fileiras de construções separadas por um pátio.

O que resta do palacete, visto da Av. Afonso Costa.

Nas traseiras da casa, do lado sul, situava-se um jardim de buxo – planta ornamental muito usada em jardins para topiaria (a arte de adornar os jardins, dando às plantas diversas configurações). Era junto a este jardim que se encontrava o muro com ameias que se observa ainda hoje da Gago Coutinho.

As casas de apoio, a norte – onde mais tarde viveriam apenas os caseiros, e, na época de construção, os criados e empregados da quinta – eram térreas e apenas as da fileira sul tinham um primeiro andar, sendo a maior delas aquela que ainda hoje se observa da Avenida Afonso Costa.

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Embora corra há muito o rumor de que esta casa tinha o seu interior decorado com azulejos de grande qualidade, importados da cidade holandesa de Delft, no século XVIII ou XIX, e que foi aqui que viveu o príncipe D. Luiz Filipe, que a teria passado à condessa d’ Edla, à semelhança do palácio da Pena, também não existem provas que permitam solidificar essa teoria. Sobretudo, porque a Quinta não aparece no testamento da condessa. Embora tenha aparecido num texto de Jorge Santos Silva, “A dama de Sintra, o apagar de uma memória”, no Lesma Morta (23/2/2008), não é nítida a fonte, mas diz-se que aqui a Condessa teria vivido com D. Fernando II, de forma não permanente, alternando com passagens no seu Chalet em Sintra.

É, contudo, intrigante, e retira peso a essa tese, que não se encontre a quinta na lista de bens herdados pela Condessa e listados por Emília Reis no blog “BIC Laranja”: “Todas as minhas propriedades situadas no Concelho de Cintra, taes como, palacio da Pena e pertences, incluindo os chalets , castello dos Mouros, quinta da Abelheira e pertences, S.Miguel e pertences, as tapadas ultimamente compradas, incluindo a tapada nova dos Capuchos, assim como a mobília, prata, loiças, e mais recheio do palácio da Pena, dos chalets e das outras casas acima mencionadas.” Ou seja, não há referência à Quinta das Ameias ou ao Casal Vistoso.

A História do Casal Vistoso deve ter começado no século XVII ou XVIII quando os Abreu e Castro chegaram à sua posse, isto segundo a investigação do blogue BIC Laranja em 2016. É provável, segundo o seu autor, que tivesse a mesma área que tinha em 1908.

“Tinha esta quinta rudemente a forma duma meia lua em fase de minguante. De sul para norte, ia desde os terrenos próximos da Rua do Garrido [que hoje ainda existe no Bairro dos Actores] até ao planalto onde hoje ficam as ruínas do Casal e, para lá dele, até umas terras sobranceiras à linha de cintura, no troço entre o Areeiro e Chelas. Confinava a Leste com o Casal dos Arciprestes, a NO com a quinta dos Peixinhos e a SO e S com a quinta do Bacalhau. Entre esta e ela, corria a Azinhaga do Areeiro [onde hoje encontramos a Rua Carvalho Araújo (onde nasceu o autor destas linhas), continuada depois da Alameda Afonso Henriques, que é a Rua Abade Faria”.

Segundo moradores, a Quinta já estava em ruínas na década de 1980 – com acampamentos de ciganos junto às duas filas de habitações, no topo da colina ou “montanha” como descrevem várias vezes os moradores do Areeiro que na altura a visitaram. Mas andando da frente para trás, encontramos relatos interessantes nas memórias dos moradores e vizinhos da zona:

As ameias da quinta numa fotografia antiga.
  • 1975 Por volta de 1975 já ninguém habitava a Quinta, como descreve uma moradora do Areeiro que o pai lhe contava. Ou seja há bastante mais do que os 5 ou 6 anos que tinha na altura. Seria também por esta época que existiam tendas ciganas que vendiam alcatifa a metro, no sopé da colina.
  • 1960s Contam-se histórias de “uma senhora nada simpática que tomava conta da quinta” e que se chamava “Maria Augusta”, que vivia com a avó, a quem chamavam “Tia Zulmira”, que “corria com os miúdos” ou com quem se aproximasse do portão norte da Quinta para espreitar o jardim de buxo esculpido com “grutas” em torno do “palacete” (o edifício central cujas ruínas ainda hoje se observam da Afonso Costa). Não é nítido que “grutas” seriam estas, mas poderia ser um efeito criado pelas pérgolas que aqui existiam ou pelas esculturas em buxo.
    Datam também desta década os relatos de que as casas dos caseiros, na fileira sul, ainda eram habitadas. Os caseiros nesta época viviam num anexo junto à capela onde, ainda hoje, se vêem alguns cabos eléctricos e telefónicos dessa época e que seriam da família Pereira havendo relatos de que os cavalos da cavalariça do edifício central, e cujos portões ainda hoje são visíveis, eram cuidados pelo “Sr. Pereira”. Assim sendo, a “Tia Zulmira” seria a governante ou criada principal do “palacete”.
  • 1950s: Seria a avó quem serviria como caseira da quinta, segundo relatos de uma moradora que, quando tinha menos de dez anos, fazia passeios pela “montanha” encimada pela Quinta.
  • Finais de 1940s: Em finais da década de 1940, começos de 1950, outra moradora dizia ter visitado o “palacete” na condição de colega do Liceu Francês (fundado em 1907) e de amiga dos filhos, já não dos caseiros, mas dos proprietários. Lembra-se dos jardins de buxo (que na altura ainda estavam bem cuidados), com aves raras em gaiolas, azulejos (cujos restos ainda se encontram nas namoradeiras do muro das ameias), uma fonte, a capela (cuja torre se observa da Afonso Costa) e uma fonte com uma pérgola. Lembra-se da alameda onde, mais tarde, na década de 1960, já na decadência da quinta, os miúdos iam buscar folhas de amoreira para os bichos de seda. Esta alameda estaria entre as duas fileiras Norte e Sul de habitações.

    Há também relatos de “bancos de jardim com azulejos” (provavelmente os de Delft acima referidos) que coexistiram assim com os azulejos das namoradeiras do muro das ameias. A família seria de nome “Dinis” e tinha fortuna suficiente para manter a quinta em boas condições e para manter as pesadas propinas dos seus seus filhos numa escola particular na década de 1940. Não seriam, portanto, claramente, os caseiros. Segundo moradores, nesta época os pais das crianças não viviam na Quinta vivendo algures em África – mas os avós e os criados e caseiros ainda lá viviam. Há também relatos de uma desavença entre herdeiros que terá levado ao posterior abandono da quinta.
Uma foto antiga mostra o palacete, no alto, mas ainda com muito por ruir.
  • Princípios de 1940. Segundo moradores, nesta época ainda aqui vivia o Juiz António Rocha Dinis com a sua esposa, um irmão (advogado) e os três filhos: duas raparigas e um rapaz que serão, assim, os referidos pela outra moradora no final da década de 1940 começos da de 1950. Terá sido nesta época que, com a morte do Juiz e, posteriormente, da esposa, os filhos deixaram a quinta.
  • Finais de 1930s/Começos de 1940s. Há mais incerteza neste testemunho, mas segundo uma moradora vivia ali o Conde “Dom Meneses” (provavelmente Cardoso de Meneses, que foi diretor na RTP) casado com a filha do Conde de Almada, que terá vendido a quinta à dita família Dinis.
  • Década de 1910. Segundo uma nota genealógica dos Abreus de Castro, o olisipógrafo Gustavo de Matos Sequeira viveu também nesta quinta durante alguns meses em 1911/1912 (fonte “Retrato de um olisipógrafo”: INCM, 2012) provavelmente na condição de arrendatário dos Condes de Almada.
  • Antes de 1910s. A Quinta terá estado no património dos Abreus de Castro nos séculos XVII e XVIII, segundo uma nota genealógica sobre esta família nobre. Terá conhecido vários nomes: “Quinta da Cruz da Almada, em Arroios; a Quinta das Ameias, aos Lagares de El-Rei; a Quinta das Ameias, na Cruz da Armada; a Quinta dos Anciães, à Cruz das Almas, aos Lagares de El-Rei, extramuros de Lisboa”.
  • Em meados do século XVII, Afonso de Abreu era o segundo administrador do Morgado da Quinta da Cruz de Almada e teria como filhos Luís de Abreu e Castro, que casou com Helena de Lemos em finais desse século e que teve como filho Afonso de Abreu de Castro, que faleceu na Quinta em 12.2.1695, sendo sepultado no vizinhos Convento de N. Sra. da Penha de França. O seu filho, João de Abreu de Castro, faleceu na mesma quinta em 5.12.1696. Em 1657, existe informação de “uma obrigação de 200$ a juro que toma João de Abreu de Castro, morador na sua quinta à Cruz de Almada, a Nicolau de Brito Sotomaior”, também morador na dita quinta. A quinta passaria depois para seus filhos bastardos Veríssimo de Abreu de Castro, de 16 anos, e Afonso de Abreu de Castro, de 14 anos, que teriam nascido da sua relação com Maria dos Mártires Neto, que faleceu na Quinta das Ameias a 20.6.1701.

Este trabalho teve como fontes principais:

http://genealogias.info/1/upload/abreus_castro.pdf

https://biclaranja.blogs.sapo.pt/casal-vistoso-ou-quinta-das-ameias-403521

http://vizinhosdoareeiro.org/?s=quinta+das+ameias&submit=Procurar

http://lesmamorta.blogspot.com/2008/02/campanha-anti-clinton-ao-rubro-vote.html

https://vizinhosdoareeiro.org/quinta-das-ameias-pedido-de-preservacao-de-muro-ameias-e-restos-de-capela/

E com memórias dos moradores:
Maria Lopes
Filomena Valente
Sandra Campos
Leonor Gomes
Gabriela Lago
Nuno Maldonado Tuna
Irene Coelho
António da Encarnação
Margarida Magalhães

*Rui Martins nasceu em Lisboa, numa Rua da Penha de França, num edifício com uma das portas Arte Nova mais originais de Lisboa. Um ano depois já tinha migrado (como tantos outros alfacinhas) para a periferia. Regressou há 18 anos. Trabalha como informático. Está ativo em várias associações e movimentos de cidadania local (sobretudo na rede de “Vizinhos em Lisboa”).

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46 Comentários

  1. Por volta de 1957, ia buscar folhas para os meus bichos da seda, que comprava na Carvalho Araujo,numa mercearia, ainda não era Abade Faria, estas folhas de Amoreira encontrava quando eu passava pela Rua Alves Torgo, que tinha um chafariz, e ali virava à direita e depois de subir um pouco, estava aqui as Amoreiras, tenho uma foto!

  2. Recordo que na década de 80 ou coisa por aí li na imprensa que a Câmara ia restaurar a edificação como elemento único e que restava das casas rurais da zona. Bem gostava que tal fosse verdade é como temos técnica e arte recuperar ou produzir azulejos que preservem a memória histórica.

  3. O pior é que em vez de reconstruírem, ou ao menos aproveitarem o que é aproveitável e construírem um edifício de pequena dimensão e um jardim que tanta falta faz no meio do cimento da zona, querem construir dois enormes edifícios que, além do mais , vão tirar a luz e o sol aos moradores nos prédios vizinhos do Largo do Casal Vistoso

  4. Interessante compilação. Recomendo consulta da obra citada sobre Gustavo de Matos Sequeira, pp. 394-397, que contém dados não mencionados, bem como várias fotografias, incluindo uma do jardim e casas, em 1911.

  5. Parabéns pela excelência da “bisbilhotice” que me encantou num final de dia de mais um entre os que vou tendo para ler, quiçá, outras “bisbilhotices”.
    Bem Haja

  6. Mt. interessante. Outra zona a explorar seria o célebre cinema Cine Oriente. Podia nos dizer algo pois os novos pouco sabem da sua existencia

  7. Gostava de saber um pouco mais sobre os habitantes de Viseu. Origens épocas… Abraços

  8. Há mais palacetes, casas, prédios, em abandono, porquê??
    Os anos passam, e nada se faz, em relação ao património abandonado.
    Há andares em prédios, que não são habitados, há anos??
    Porquê,porquê esta situação

  9. Já tinha notado a presença daquele edificio . Fiquei a conhecer a história que me entusiasmou.

  10. Gostei imenso da história,
    Pois passo por vezes ao pé,
    E não fazia ideia que tinha sido usada por tantas pessoas da nossa história.

  11. Adorei esta investigação cronológica e suas fotos. Excelente trabalho.

  12. Gostaria de saber a quem pertence actualmente esta quinta. Cumprimentos. José Azevedo e Menezes

  13. Muito interessante a história da cidade e seus “personagens”! Bom trabalho de pesquisa e escrita.

  14. E ótimo saber-se das “origens das cousas” e esta história assim contada, poderá fazer-nos olhar para aquele monte de forma diferente, quando por ali passarmos. Obrigado

  15. Este tipo de propriedades, e outros, deviam fazer parte de registos escritos e fotográficos na Câmara Municipal a que pertencem. É o passado histórico, bom ou mau, de todos nós. Compete-nos guardá-lo e transmiti-lo…

  16. Depois do artigo ser publicando contaram-me que entre 1970 e 1974 durante umas sondagens para a construção das torres do Largo do Casal Vistoso (cujo terreno fazia parte da Quinta das Ameias) o construtor civil encontrou “ossadas de crianças”.
    Tanto quanto foi possível saber nada foi reportado às autoridades nem houve um levantamento arqueológico subsequente.
    A obra foi cancelada e as torres actuais são o resultado de outra iniciativa urbanística.
    Desta zona (antes chamada de “Quintas do Areeiro”) não há relatos de ocupação anterior ao fim do século XVI mas na zona do Campo Grande encontrou-se uma ara votiva romana.
    Será que estas ossadas pertencem à ocupação romana?
    Não era tradição portuguesa fazer pequenos cemitérios longe dos espaços sagrados das igrejas junto às quintas ou habitações (como é mais comum nos países anglo-saxónicos) pelo que nestas ossadas podemos estar mesmo perante um possível testemunho romano ou pré-romano.
    Alguém sabe algo mais?

  17. Obrigada por toda esta informação, foi uma pesquisa trabalhosa e muito interessante , tantos palacetes que existem em Lisboa, também abandonados, e nada sabemos sobre a sua estória, o que é uma pena.

  18. Durante 22 anos trabalhei frente para estas ruínas, desconhendo completamente o seu historial. Muito Obrigada. Gostei muito.

  19. Li, atentamente este artigo.
    Mergulhei, no espaço e no tempo.
    Cada, vez que passava com a minha falecida mãe, na zona da quinta do” Casal Vistoso”, ela contava- me sempre que ali tinha habitado uma família, muito abastada, na década dos, anos 40 do, passado Século.
    Por, volta dos anos 40 e poucos, minha mãe fez amizade com as duas filhas do, Juíz António Rocha Diniz. Uma, delas fora colega, de turma, desta que estudou num colégio de freiras Belgas, no paço do Lumiar, onde hoje se situa o Museu do Traje e o do Teatro; Freiras, estas que se aqui refugiaram, aquando da Segunda Guerra Mundial.
    Neste, texto por mim elaborado e redigido, deixo este pequeno, testemunho, podendo também ser ponto de, partida e de ajuda, não só para a investigação, sobre a quinta do ” Casal Vistoso”, mas também eventualmente, num estudo mais aprofundado e debruçádo para o colégio de Freiras Belgas, cuja a maior parte, metropolitana da população nem, teve conhecimento da, sua breve, existência.

  20. Interessantíssimo este artigo.
    Como todos artigos bem documentados, devoro a leitura cheio de interesse em saber mais e mais. Obrigado

  21. Durante os anos de 1955 a 1970 morou ali aminha colega de liceu( lycée francais charles lepierre) ana maria da rocha diniz e os irmãos ,com os tios .
    Os pais viviam em angola, em carmona.
    Muitas festas de anos passei eu naquela casa e naquele jardim, era fantástico.

  22. Nasci em 1972 e em miúdo cheguei a explorar os túneis que lá existem . A entrada virada à encosta sul ainda se nota. Agora coberta por pedra branca. Os túneis eram todos revestidos com tijolo (de burro). Lembro-me de um poço/cisterna no jardim sul. A não ser que tenha sido enchido com entulho. Ainda se encontra lá com certeza. Era um lugar fabuloso.

  23. Sempre ouvi falar que os proprietários do imóvel e terrenos em redor queriam salvaguardar o imóvel?! Nos terrenos em redor tudo é construção e só o Palacete é que está ali no topo?! A propriedade não é só o palacete?!… Foram só alienados os terrenos ?!! E em que circunstâncias?!…

  24. Ao que sei é todo o morro: a propriedade já foi maior mas é tudo o que resta (p.ex. ía até ao actual Largo do Casal Vistoso)

  25. Impossível: o terreno é particular… há 4 anos tentei apresentar um projecto para a Quinta para o Orçamento Participative e foi recusado por essa razão: terreno particular.

  26. Adorei ler a história deste morro. Moro ao lado e sempre me perguntei porque diabo há anos que tudo está na mesma. Agora, acho que o terreno pertence à CML. Então é que vai estar na mesma durante mais uns aninhos

  27. Sou neto de um dos moradores , Juiz Eduardo Rocha Diniz e vivi ali com os meus avós, tios e as minhas irmãs durante muitos anos e eramos estudantes no Liceu Francês, embora parte do texto descrito me levantem algumas dúvidas quanto à sua veracidade. Sempre ouvi dizer que a CMLisboa tinha interesse na preservação daquele local pois tratava-se de uma construção que teria resistido ao sismo de 1755 e daí o interesse histórico. No entanto nada posso confirmar. O seu interior era maravilhosamente espaçoso e possuíamos uma cisterna com água todo o ano e bem fresca, mesmo à cota a que se encontrava. Belíssimas recordações.

  28. Interessante…!!! E no que sei …bate certo.! Andei no Liceu Francês entre 1958 e 1963…tinha um colega de apelido Dinis que me convidou para a sua festa de aniversário nesse palacete …eu morava na avenida de Roma.
    E o palacete era habitado…e se bem me lembro havia nas muralhas um canhão…para um miúdo … achei muito curtido o meu colega ter um canhão em casa.!!!!
    Grato pela partilha.! Bom voltar à infância.

  29. Carlos Rocha Dinis,
    Li o artigo com interesse e lembro o que contava a minha colega dos CTT no anos 80, possivelmente sua irmã, Maria José. Pintava lindamente, tenho até duas peças em porcelana pintadas por ela. Lamego era outro local de que falava com orgulho.

  30. Morei na Av. Gago Coutinho, na segunda vivenda do lado direito em direção ao Aeroporto, nos anos 60 e lembro-me
    perfeitamente que moravam pessoas no Palacete, cheguei a falar várias vezes com uma senhora de mais ou menos 30 anos, que seria ou enfermeira ou professora, já não sei bem porque já lá vão muitos anos.

  31. É uma delícia tropeçar em artigos como este. Foi sugerido pelo feed da Google. A web ainda vai tendo coisas boas. Obrigado por esse trabalho de registar conhecimento e memória.

  32. A quinta da Bela Vista, hoje onde está o Rock in Rio pertenceu ao arquiteto de Mafra João Frederico Ludovice e passou até ao neto José Frederico Ludovice onde é referida no último inventário de bens de 1827. Com os novos planos urbanísticos dos anos 40 e os desaterros realizados para a construção da avenida Gago Coutinho em direção ao aeroporto, a zona ficou totalmente irreconhecível. Hoje na quinta da Bela Vista ainda existe a casa dos caseiros, falta a casa principal. Será que a quinta se estendia até ao local deste palacete? No livro que publiquei em 2019, ” A mão direita de D. João V, João Federico Ludovici o arquiteto mor do reino”, faço referência à quinta da Bela Vista.

  33. Confirmo. Era a família Rocha Dinis. Eram 2 irmãos (um rapaz e uma rapariga) que andavam no Liceu Francês . Ele foi meu colega e chamava-se Carlos.

  34. Muito interessante, o meu marido que também morou ao lado dos CTT conta que houve umas obras não há muito tempo talvez aí há uns 20 anos porque o monte estava a cair e os homens que lá trabalhavam na obra descobriram túneis enormes que dariam acesso ao Castelo de São Jorge e que também tinham encontrado adegas de onde tinham tirado algumas garrafas de vinho que teriam sobrevivido.. Ele conta que estas histórias eram contadas ao almoço pelos homens das obras num restaurante que agora é o Miguel.

  35. Adorei a descrição, os comentários subsequentes que mais detalhe acrescentaram. Não sou dessa zona, mas hei-de ir até lá ver o que resta. Maior das penas que se percam estas histórias de família e espaços lindos de habitação. Obrigada a quem regista.

  36. …lindo, incrivel como as casas fazem parte e dizem mt.de quem as habita…adoro este tema…bom trabalho, parabéns!! Bom domingo, com saúde, paz e alegria. Paula em Vale de lobos. Sintra.

  37. Eu fui funcionario (1975-1980) da Caixa de Previdência e Abono de Familia da Industrial do distrito de Lisboa. Sou do tempo da construcao do edificio e da venda das carppetes pelos ciganos, e das primeiras construões das Olaias. conheci a familia que vivia nessa casa em 1975. E sei que eram herdeiros entre outros… que desconheço por uma permuta de um terreno que fizeram em troca de dois apartamentos. Quanto a muitas outras coisas que sei , nao tenho acerteza de serem crediveis.

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