A filha de Filipa Santos Lopes perdeu os primeiros dentes e ela não estava lá. “Não fui a fada dos dentes.” O que se segue é um peso, uma culpa, nas costas desta mulher de 33 anos, por não estar mais presente na vida da filha, agora ao encargo dos avós. Teve de ser assim para que Filipa conseguisse trabalhar e na área pela qual esperou durante anos para entrar – a comunicação desportiva.

Faz parte da equipa de comunicação do Vitória Futebol Clube, no Estádio do Bonfim, Setúbal, mas há dias em que demora três horas até lá, partindo de casa, no Monte da Caparica. Um percurso que faria em menos de uma hora, caso a disponibilidade financeira lhe permitisse ter um carro. Chega a ser irónico: houve vezes em que o chefe dela demorou o mesmo tempo do Porto a Setúbal e dias em que até chegou primeiro.

Sai às 7 horas de casa e sabe que já só voltará com o sol posto. Entra numa casa vazia, porque abdicou de um dia-a-dia com a filha.

Onde fica o direito à família? A falta de melhor mobilidade no distrito tirou-lhe este direito.

Esta é a história contada no primeiro episódio da série documental que a Mensagem estreia no próximo dia 31 de outubro, o mesmo em que se assinala o Dia Mundial das Cidades. Uma oportunidade para questionarmos: “Cidades para quem?”, a pergunta que deu nome à série.

Veja aqui o primeiro episódio, “Direito à família”:

Saiba mais sobre a série aqui.

Ficha Técnica:
Produção – Catarina Reis e Frederico Raposo
Imagem e edição – Inês Leote

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