Quando o conflito na Ucrânia começou, Pedro Aparício, escuteiro, perguntou-se qual seria a melhor forma de ajudar o país, para além de enviar comida, medicamentos ou roupa – algo que considera “essencial, mas que já havia muita gente a recolher e notava a dificuldade em fazer chegar os bens ao destino”, explica Pedro, gestor comercial de profissão.
Foi então que viu um post no Instagram da NOSU – Associação de Escuteiros da Ucrânia. Em equipa queriam montar um projeto que fosse um “alívio imediato” para o país e que contribuísse para a eficácia da ajuda humanitária, mas que, simultaneamente, fosse um importante elemento na reconstrução do país.
Perceberam que as bicicletas cumpriam estes requisitos. Com vontade de deixar o mundo melhor do que o encontrámos, – não fosse este o mote dos escuteiros – Pedro entrou em contacto direto com Nataliia Kniazeva, escuteira ucraniana e ativista de bicicletas que estava envolvida numa campanha (#biketohelp) lançada no Instagram.

Estabelecidos os contactos, juntaram-se duas organizações de “boa vontade”: a Região de Santarém do Corpo Nacional de Escutas, a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicletas e a U-Cycle (organização ucraniana de que Nataliia faz parte).
Embora pertença ao Núcleo Oriental dos escuteiros de lisboa, Pedro, em conversas com o Corpo Nacional de Escutas, percebeu que este organismo regional teria abertura para viabilizar a campanha. Esta iniciativa, Bikes for Ukraine, quer que o país em guerra receba bicicletas, mas com uma condição: “estas bicicletas não podem ser utilizadas em atos bélicos”, frisa Pedro.
A campanha em Portugal foi lançada no dia 3 de junho, por ocasião do Dia Mundial da Bicicleta, e tem como objetivo principal “angariar fundos para permitir que a U-Cycle consiga adquirir uma frota de bicicletas”, explica Pedro. Embora tenham começado por recolher 30 bicicletas, o foco é a recolha monetária, visto que é a “maneira mais rápida que nós temos de garantir que estas bicicletas chegam lá”.


A partir de Portugal, conseguiram já uma frota de 30 unidades, mas “as bicicletas estão há mais de três semanas paradas em Varsóvia”. Logística e burocracias são operações muito complicadas e estão a tornar difícil a entrada de “material circulante” na Ucrânia. Sem “nenhum entreposto conhecido no país para receber e para gerir isto”, espera-se que passe um comboio que viabilize a chegada das bicicletas à Ucrânia e posteriormente à localidade onde são necessárias. No entanto, “não há qualquer previsão”, lamenta Pedro.
Assim, Pedro explica que a campanha quer recolher fundos que sejam, posteriormente, utilizados pela U-Cycle na aquisição, manutenção e gestão da frota de bicicletas. “A solução encontrada foi, em vez de fazermos o envio de bicicletas, a U-cycle faz um trabalho de identificar os players do mercado e os retalhistas e serve de rede de distribuição na Ucrânia. O nosso papel é, basicamente, enviar para lá o dinheiro”.
No entanto, não descarta a possibilidade de se enviarem bicicletas recolhidas em Portugal. “Se virmos que existe uma frota considerável de bicicletas, podemos tentar colocar várias entidades em contacto para que as bicicletas cheguem efetivamente à Ucrânia. Nós não somos profissionais de logística, somos voluntários”. Não assumindo o compromisso de enviar, as entidades envolvidas nesta campanha “facilitam o processo”.
Mas porque é que um país em guerra precisa de bicicletas? É a pergunta que toda a gente faz. Há várias razões para as bicicletas serem uma ajuda para a Ucrânia. As estradas estão destruídas ou bloqueadas, portanto, “a mobilidade fica reduzida o que limita toda a ajuda humanitária e a vida de cada cidadão quer seja para comprar comida, medicação, visitar familiares ou deslocar-se para outra localidade”, explica o escuteiro. Por exemplo, Nataliia mora em Bucha, a cerca de 20 quilómetros de Kiev, e só consegue ir até à capital de bicicleta.
Para além da ajuda humanitária que as bicicletas propiciam, Pedro esclarece que esta campanha quer também contribuir para a reconstrução da Ucrânia. Assim, as bicicletas podem ser um “estímulo para que o país se possa comprometer, por exemplo, com as metas de desenvolvimento sustentável”. No fundo, as bicicletas são um “instrumento para o futuro, para mudanças de hábitos e para um estilo de vida mais sustentável”.
Os donativos podem ser feitos para o IBAN: 0035 0726 0003 7907 630 10
* Daniela Oliveira nasceu no Porto, há 22 anos, mas a vontade de viver em Lisboa falou mais alto e há um ano mudou-se para a capital. Descobrir Lisboa e contar as suas histórias sempre foi um sonho. Estuda Ciências da Comunicação na Católica e está a fazer um estágio na Mensagem de Lisboa. Este artigo foi editado por Catarina Pires.
Boa noite
Somos uma empresa de aluguer na qual dispomos de muita frota, inclusive bicicletas elétricas.
Podem enviar o contacto da pessoa responsável?
Obrigada