Receba a nossa newsletter com as histórias de Lisboa 🙂
Três dezenas de pessoas. Só um tema muito relevante poderia juntar tanta gente, numa noite fria, para uma sessão de uma assembleia de freguesia nas Avenidas Novas, ao vivo, em plena pandemia, no espaço aberto do pavilhão desportivo do Bairro Santos ao Rego. E era, de facto, o tema mais polarizador na cidade, ciclovias e estacionamento. O tema que mais aquece, divide e inflama a cidade por estes dias. Desta vez a ciclovia prevista arrancar estes dias na Avenida de Berna.
A assembleia fora marcada para debater a construção da ciclovia por uma série de membros da própria Assembleia, solicitando a presença do vereador responsável pela mobilidade, Miguel Gaspar. A ciclovia vai implicar o fim de todo o estacionamento daquela artéria, e quando isto acontece, quando as novas vias para bicicletas implicam, além da mudança no trânsito, o fim de estacionamento para os carros, a polémica aumenta.
Foi o que aconteceu nesta assembleia. Aquilo que devia ter sido uma sessão de esclarecimento tornou-se num debate aceso, e polarizado. De um lado, a oposição à bicicleta e a tudo o que coloque em causa a presença e utilização do automóvel na cidade – que é considerada, nas Avenidas Novas como em muitos lugares, como um direito adquirido. Do outro, a defesa das novas formas de mobilidade, e as questões ambientais que justificam estes projetos.

A presidente da Junta, Ana Gaspar Marques, do Movimento Cidadãos por Lisboa, eleita pelo PS, e Miguel Gaspar, o vereador da mobilidade, estavam presentes e, no início da sessão, o vereador fez uma pequena apresentação do projeto (disponibilizado para download, no final do artigo). Depois, foi respondendo às intervenções dos 12 fregueses e munícipes que se inscreveram para participar.
A política das bicicletas?
A guerra das ciclovias trava-se sobretudo no espaço digital, nas caixas de comentários das redes sociais e nos grupos, uns privados, outros públicos. Mas o que a sessão da semana passada nas Avenidas Novas mostra, é que a guerra está a alargar-se à política, o que ganha ainda mais importância tendo em conta que Lisboa está em plena pré-campanha eleitoral. A luta do trânsito, estacionamento e ciclovias vai ser um dos temas da campanha que se aproxima, é certo. Vai dividir – já divide – o eleitorado.
Nesta reunião, as intervenções em que foi notório o ataque cerrado à política de mobilidade do executivo autárquico foram maioritárias entre os que tomaram a palavra.
E vieram até elementos de fora do bairro, como Luís Castro, o líder do grupo Vizinhos de Arroios, forte opositor da ciclovia da Av. Almirante Reis, que foi um dos protagonistas desta noite de assembleia. O lisboeta que figura no vídeo de anúncio campanha de Carlos Moedas – contactado pela Mensagem, não formaliza o seu apoio, diz apenas que apoiará quem defender as suas posições – iniciou a sua intervenção ao começar por admitir que vinha falar, precisamente… da ciclovia da Almirante Reis.
O facto de não se tratar de um assunto dentro do âmbito da sessão motivou uma advertência imediada por parte da presidente da mesa da assembleia, Elsa Matos Severino. Luis prosseguiu, depois de ceder: “Pronto, eu vou falar da Avenida de Berna”. Mas não foi bem assim. Falou em “falsificação” de contagens de ciclistas realizadas na ciclovia da Avenida Almirante Reis, publicadas num relatório do Instituto Superior Técnico/CERIS, e que dão conta de um crescimento de 140% no número de utilizadores de bicicleta a circular naquela artéria, após a introdução da ciclovia.

O líder do grupo Vizinhos de Arroios acusou ainda o vereador Miguel Gaspar de “mentir descaradamente” e chegou a dizer, no decorrer da sua intervenção, que estas contagens são “promovidas por fanáticos da bicicleta no Instituto Superior Técnico”. E lançou uma teoria: “Os adeptos das bicicletas estão a ir buscar bicicletas ao ferro velho e estacionam-nas [na rua] para fazer crer que há bicicletas [em Lisboa]”. A sua intervenção foi classificada pelo vereador Miguel Gaspar como “ofensiva”. No fim, foi a única entre as 12 realizadas à qual o vereador não deu resposta.

O relatório a que se referia é do Instituto Superior Técnico e do CERIS – uma unidade de investigação registada na Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) – e foi desenvolvido para a CML por três investigadores: Filipe Moura, professor associado de Sistemas de Transporte no Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura do Instituto Superior Técnico (IST), Rosa Félix, investigadora na área do ciclismo urbano e mobilidade pedonal e doutorada em Sistemas de Transporte pelo programa MIT Portugal, e Ana Filipa Reis, assistente de investigação no CERIS, com um mestrado em Engenharia Civil pelo IST, com foco nas áreas do urbanismo, transportes e sistemas.
Este relatório provocou mais acusações, por parte de um membro da assembleia de freguesia de Avenidas Novas, José Toga Soares, eleito pelo CDS-PP para a freguesia atualmente liderada por uma coligação que junta o Partido Socialista e o CDS-PP.
Num post partilhado nas redes sociais após a assembleia de freguesia, e sem apresentar quaisquer provas, o autarca repetiu a acusação de Luís Castro. Afirmou que “as contagens manuais do tráfego nas ciclovias são altamente manipuladas por grupos de interesse que pretendem justificar o tráfego nas ciclovias que estão vazias”. Nesse mesmo post, acrescentava que “se confirma que a CML está refém de um lobby radical, que pretende demonizar quem se desloca de carro ou quem depende do carro para trabalhar, para viver. Há espaço para todos na cidade, compete a quem nos governa equilibrar as medidas que toma para encontrar as soluções que sirvam todos, os que andam a pé, os ciclistas, os transportes públicos e os automóveis”.

Ofensiva organizada nas redes sociais
O que aconteceu na reunião, com todas as críticas dirigidas ao processo da nova ciclovia, não foi por acaso. Antes, a oposição ao processo tinha sido concertada sobretudo a partir do grupo de Facebook Avenidas Novas Cidadania – foi aí que foi lançado o alerta, e que várias membros do grupo procuraram mobilizar críticos para irem à reunião no pavilhão. Poucos dias antes, uma das mobilizadoras, Carla Matos, com referências ao partido Chega em antigas fotos de perfil, deixava o aviso: “Vai ser uma animação. Senhora animação. Pela minha parte será”.
Prometeu e cumpriu. A intervenção de Carla Matos na reunião foi, de facto, uma das mais aguerridas contra a construção da ciclovia. Além daquele grupo, Carla Matos tem presença assídua nos vários grupos que fazem oposição à estratégia de mobilidade do município. E trouxe muitas páginas para ler. Tantas que ultrapassou o tempo alocado a cada intervenção. Ultrapassou, também, o ponto único da ordem de trabalhos, tal como se encontrava referido no edital publicado pela assembleia de freguesia – o “Projeto de supressão do estacionamento na Avenida de Berna”.

A munícipe usou a oportunidade, contra a vontade da presidente da mesa da assembleia, para questionar a própria utilização da bicicleta, e a viabilidade de se optar por usá-la como meio de transporte. Falou da quantidade de compras que uma bicicleta pode transportar, ou da escolha dos separadores escolhidos para segregar as ciclovias do restante tráfego. Acusou o tipo de separadores escolhidos no projeto de furar os pneus de automóveis. Como o tema da sessão extraordinária não era este, o microfone chegou a ser-lhe desligado, entre as várias folhas que trazia. Pouca diferença fez. Carla continuou, reiterando que conseguia falar alto.
O grupo Avenidas Novas Cidadania não concentra, apenas, atenções sobre a vida e as problemáticas daquela freguesia de Lisboa. São várias as publicações de teor político, a grande maioria de oposição ao atual executivo camarário e especificamente contra Fernando Medina. Muitas destas intervenções na reunião, tinham sido pré-organizadas a partir do grupo de Facebook Avenidas Novas Cidadania – como se percebe facilmente de uma vista de olhos ao grupo. Em várias publicações, o apelo era feito. Numa, de Carla Matos, lê-se: “Temos de mobilizar os nossos vizinhos das Av. Novas, porque os Ciclotalibans também se estão a mobilizar… Não podemos ser derrotados neste assunto em específico!! Dia 4, todos à AF Avenidas Novas”.
Ricardo Froes é membro ativo do grupo e também interveio na sessão extraordinária. Apontou o dedo à expansão da rede de ciclovias na cidade como causa para “perda de qualidade de vida”. Sobre a ligação ciclável prevista para a Avenida de Berna, considerou que “o ambiente será mais afetado devido ao trânsito que causará”. “Cada vez mais estamos a ser privados do direito de ter carro. É uma vergonha”, disse.
Na resposta, o vereador Miguel Gaspar disse que a ciclovia não iria eliminar uma via de circulação. “O impacto desta ciclovia no tráfego rodoviário não existe”, disse, tentando explicar que “a rede ciclável da cidade é mesmo uma questão de coesão e justiça. Lisboa é uma cidade desenhada para o carro. O que não é normal é que não seja possível criar alternativa”.

Noutra intervenção, de Mariana Ribeiro, também presente na assembleia, lê-se: “É fundamental marcarmos presença em peso, para manifestar a nossa discordância e o nosso desagrado pelas ciclovias pop-up da CML e, em particular, do vereador Miguel Gaspar, que por razões ideológicas quer privar os lisboetas do direito ao estacionamento e circulação dos seus carros”. Após a reunião, o balanço no grupo de Facebook era negativo: a maior parte dos que se manifestam fazem-no para dizer que o plano era “consumado” e nem valia a pena ter-se realizado a sessão extraordinária.
A defesa do projeto e das ciclovias ficou a cargo de dois membros da Juventude Socialista – embora nenhum dos intervenientes, de um e do outro lado, desse conta das suas filiações ou preferências partidárias. André Carrilho e Diogo Zuzarte manifestaram-se favoravelmente à obra que traz espaço a transportes públicos e bicicletas na importante artéria da cidade. O primeiro, disse que a obra “aumenta e expande o direito à circulação dos lisboetas neste eixo da cidade”. O segundo, sublinhou uma “mobilidade substancialmente melhorada” com a inclusão de ciclovias, destacando o papel dos “jovens de lisboa que lutam por uma cidade mais verdes” e apontando para a “urgência” de mais projetos como este, para além de sugerir a execução de uma ligação ciclável entre a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL) e o campus de Campolide da mesma instituição, próximo da Praça de Espanha.
Numa sessão marcada pela participação de grupos com motivações políticas, que lugar resta à participação cívica, orientada pela exposição de problemas e pela argumentação construtiva? Rui Pedro Barbosa, representante do grupo Vizinhos das Avenidas Novas, interveio na reunião com um pedido: um “projecto integrado”, mais abrangente, com “semáforos com tempo adequado para peões”, mais passadeiras, controlo de velocidade e melhor iluminação para a Avenida de Berna, que considerou ser uma “zona escura”, insegura para a circulação pedonal.
A nova Avenida de Berna
Atualmente, a Avenida de Berna tem, entre a Praça de Espanha e o Largo Azeredo Perdigão, oito vias de circulação. Duas são reservadas a transportes públicos. A partir deste largo e até ao final da artéria, altura em que cruza com a Avenida da República, contam-se seis vias de circulação automóvel, três em cada sentido, nenhuma via BUS e duas filas de estacionamento.
A partir desta semana, a avenida começa a ganhar um novo perfil: nos troços em que hoje não existe, passa a existir uma via reservada aos transportes públicos em cada sentido de circulação. Adicionalmente, serão criadas duas ciclovias unidirecionais. Estas vias destinadas ao trânsito de bicicletas vão permitir ligar a ciclovia da Avenida da República, no Eixo Central, à renovada infraestrutura viária da Praça de Espanha. A sua concretização traz, contudo, o fim dos lugares de estacionamento na avenida. É aqui que está a discórdia.

A ciclovia da Avenida de Berna vem consolidar um importante nó de ligação da rede de ciclovias da cidade, permitindo o acesso direto à Praça de Espanha a partir de uma das mais utilizadas ciclovias da cidade – a da Avenida da República. Depois, a partir da Praça de Espanha, a rede de ciclovias divide-se em vários ramais de distribuição. É possível chegar à Avenida Duque de Ávila, com acessos a Campolide, por um lado, e à Praça de Londres, por outro, e será igualmente possível alcançar Sete Rios, São Domingos de Benfica e Benfica, tirando partido da recém construída ciclovia da Rua Conde Almoster e também da futura ciclovia, agora em construção, da Avenida Lusíada.
Nada disto importa a uma parte dos moradores a quem os lugares de estacionamento irão ser retirados. Foi a sua contestação, com pedidos para um processo mais participado, que levou à realização desta assembleia de freguesia, convocada a pedido do CDS-PP, PSD, Bloco de Esquerda, CDU e pelo independente Pedro Félix.
Menos 100 lugares?
O maior ataque ao vereador Miguel Gaspar vem da questão da perda de lugares de estacionamento na Avenida de Berna. Com o projeto em execução, há, de facto, 100 lugares de estacionamento que desaparecem. A autarquia diz que fez as contas: os moradores ocupam, em média, 60 destes 100 lugares, sendo os restantes 40 ocupados por veículos de não moradores, em regime de rotação.
O vereador garante que o município tem a solução para compensar, com margem de manobra, o número de lugares eliminados. Não vão surgir novos lugares de estacionamento. Vai, antes, ser dada primazia aos moradores na ocupação dos lugares de superfície existentes na zona, e os moradores vão ter acesso exclusivo aos 200 lugares de estacionamento da Avenida Elias Garcia, paralela à Avenida de Berna.
Entre as duas centenas de lugares da Avenida Elias Garcia, são 120 os que, em média, estão ocupados por portadores de dístico de residente. Sobram, então, 80, habitualmente ocupados por não residentes e que passam a ser de utilização exclusiva para os moradores. A CML diz que este é um número superior aos 60 lugares habitualmente ocupados pelos residentes na zona da Avenida de Berna e que serão perdidos com a obra. As contagens feitas pelo município mostram uma disponibilidade noturna de 20% dos 1072 lugares de estacionamento nas ruas à volta da Avenida de Berna.
Estes números valem, contudo, a desconfiança de vários moradores. Uma das críticas apontada à solução encontrada prende-se com o facto de uma parte da Avenida Elias Garcia, a que se encontra entre a Avenida 5 de Outubro e a Avenida Marquês de Tomar, estar fechada ao trânsito por ter vários edifícios em risco de colapso.
Para quem venha de fora visitar as imediações da Avenida de Berna, o estacionamento à superfície deixará, na maioria dos casos, de ser opção. Quem ali chegar de automóvel, deverá procurar estacionamento nos parques subterrâneos mais próximos, casos dos parques Berna e Valbom. Segundo a CML, antes da pandemia, em janeiro de 2020, a média de ocupação destes parques era de 45% e 50%, respetivamente.

Um corredor BUS para ligar Alcântara ao Areeiro
Há uma parte do projeto que nada tem a ver com bicicletas. Para que haja um corredor de transportes públicos de “elevado desempenho” entre Alcântara e Areeiro, parte desse percurso precisa ser construído, na Avenida de Berna. Fonte da vereação da mobilidade diz que “a maior motivação” para o projeto é precisamente a concretização deste corredor BUS. O projeto para a Avenida de Berna contempla a supressão de uma via de trânsito indiferenciado em cada sentido, para dar lugar a duas vias de uso exclusivo dos transportes públicos nos troços em que estas ainda não existem. O objetivo é fazer aumentar, neste eixo, a velocidade comercial do transporte público, criando uma ligação rápida entre Alcântara, a partir da Avenida de Ceuta, e a Praça Francisco Sá Carneiro, no final da Avenida João XXI.

Quando terminou a noite no pavilhão desportivo já era sexta-feira. Passava da meia noite – foram quatro horas de discussão. Mas apesar de ter havido quem pedisse a interrupção da obra, a obra, garante o município, vai avançar. E já nesta semana.

Frederico Raposo
Nasceu em Lisboa, há 30 anos, mas sempre fez a sua vida à porta da cidade. Raramente lá entrava. Foi quando iniciou a faculdade que começou a viver Lisboa. É uma cidade ainda por concretizar. Mais ou menos como as outras. Sustentável, progressista, com espaço e oportunidade para todas as pessoas – são ideias que moldam o seu passo pelas ruas. A forma como se desloca – quase sempre de bicicleta –, o uso que dá aos espaços, o jornalismo que produz.
✉ frederico.raposo@amensagem.pt
ou seja, se eu quiser ir de carro (dos Olivais) para aquela zona (porque a rede de transportes públicos é má) terei de o colocar num dos vários parques subterrâneos que estão a metade da ocupação. Porque será? Será que o preço ali praticado não é especulativo? E pedir-se às pessoas para ali estacionarem os seus carros – com aqueles preços – não será errado? Também me parece errado que se coloque a tónica em quem é a favor ou contra as ciclovias quando se devia antes questionar a lógica da implementação de algumas das ciclovias (como a da Almirante Reis ou a recente na Avenida marechal Gomes da Costa, ainda por cima ladeada a muro de cimento) e se não haveria alternativa ao seu desenho.
Embora não saiba andar de bicicleta, entendo a necessidade de dar espaço a ciclovias; só não aceito que algumas ciclovias pareçam ser feitas à pressa, sem qualquer racional técnico de implementação como é o caso da Av. Almirante Reis que deve rapidamente ser alterada.
A construção de ciclovias em avenidas como Berna ou Almirante Reis é uma questão de justiça. São importantes eixos de circulação na cidade e, sem ciclovias, só os mais experientes e afoitos por ali circulam de bicicleta. Com ciclovias, muitos mais poderão utilizar a bicicleta como meio de transporte, sem impedir que outros continuem a circular de automóvel, se assim o entenderem.
No entanto, não é possível reduzir a utilização do automóvel sem o tornar menos conveniente. Isso passa por não subsidiar estacionamento, reduzir a velocidade a que os automóveis circulam, e melhorar as alternativas. Esta obra na Avenida de Berna faz isso tudo!
Há dinossauros que estão extintos, mas ainda não sabem. Continuam a achar que lhes deve ser facilitada a deslocação dentro da cidade, de automóvel, mesmo em distâncias que poderiam até, por vezes, ser feitas a pé. Alguém os avise que isso tem de acabar…
Estou a ver que há muitos comodistas que precisam de dar umas pedaladas, a ver se a azia é o preconceito contra as bicicletas desvanece…
Boa tarde. A forma como esta reportagem é apresentada representa um enviesamento daquilo que se passou naquela Assembleia de Freguesia. De facto, a reportagem dá a entender aos leitores que o CDS é contra as ciclovias. Nada poderia estar mais errado. Aliás, o CDS, quando contactou as restantes forças políticas para convocar esta Assembleia, indicou que o ponto a discutir seria, e cito: “Projecto de supressão do estacionamento na Avenida de Berna”. Em nenhum sítio se falou em suprimir ciclovias. Quem esteve na Assembleia, ouviu o apelo que eu fiz ao Vereador para que se encontre uma solução equilibrada onde todos, repito todos, possam ver atentidas as suas preocupações. As ciclovias, tal como estão a aparecer, sem planeamento (Almirante Reis, por exemplo, ou Defensores de Chaves), são um atentado à segurança de quem nelas circula bem como ao erário público. Deixe-me que lhe recorde as palavras do Vereador Miguel Gaspar de que não faria sentido uma ciclovia na 5 de Outubro porque havia uma na Avenida da República ali ao lado… então e a Defensores de Chaves? O que justifica a ciclovia ali?
Quanto à Avenida de Berna, pedi ao Senhor Vereador que, perante tantas críticas, que suspenda o início das Obras e que venha ao terreno discutir alternativas com moradores, autarcas e comerciantes. Será isso errado?
Espero que, com estes esclarecimentos, a posição do CDS seja esclarecida e não haja duvidas sobre este tema.
Lamento que a cidadania seja atacada por um jornal que pretendia incentiva-la e que transforme a luta dos cidadãos em quezílias políticas. “Avenidas Novas Cidadania” é um bom exemplo como diferentes pessoas de diferentes partidos lutam por uma cidade. Força!
Estudo de tráfego feitos como os estudos de tráfego do aeroporto de Beja, não trazem mais valia para ninguém. Apenas, mais gastos para todos.
É má.
Meu, tens autocarro, metro directo e queres o quê mais?
Vem para o séc XXI que o XIX já foi há muito tempo.
Foram gastos milhões para teres estacionamento a 200 metros dali. Foram criadas centenas de lugares, nunca chega?
Estas discussões seriam desnecessárias se o autista Eng. Miguel Gaspar tivesse a decência se não ser fundamentalista e defensor de interesses que não se percebem.
As pessoas são contra, não porque discordem da valia em ter vias ciclaveis, mas porque tecnicamente as soluções do sr. Eng. são tecnica e ostensivamente erradas. Pondo em perigo os peões, os ciclistas e os condutores.
Fernando Medina vai pagar pela incompetência deste senhor.
Esta cobertura da assembleia da Junta de freguesia está infelizmente enviesada. O que se assistiu na dita assembleia, foi um Sr. Vereador a querer apresentar e defender um projecto da Câmara Municipal de Lisboa que mais não passa, como dizem os americanos de um “ done deal “. Se assim não o fosse, teria havido uma discussão publica e os moradores teriam sido escutados antes de se avançar com um plano consumado. Chama-se a isso ouvir a cidadania activa por parte dos moradores. Isto apenas vem confirmar que a Câmara neste, como em muitos assuntos actua de má fé. O Sr. vereador mentiu, e mostrou não conhecer a realidade das avenidas novas, pena que a própria Junta também não tenha reconhecido que este plano apenas vai infernizar ainda mais quem escolheu viver nas avenidas novas, preferindo apoiar cegamente os projectos pré-definidos da Câmara. O Sr. Vereador mentiu sobre a Elias Garcia, não pode prometer lugares para residentes numa rua que não vai abrir ao trânsito tão cedo, e quando abrir vai ter que sofrer obras profundas na placa central devido às arvores centenárias aí existentes terem dado cabo por completo do pavimento. Se a obra da avenida de Berna arrancar de seguida, onde irão os moradores estacionar? E como se trava a enorme pressão de transito vindo de fora durante o dia nas avenidas adjacentes à Av. De Berna, já transformadas em filas paradas de transito, muito por culpa do estrangulamento exercido pelo eixo central? O Sr. Vereador, mostrou não conhecer as condições de segurança do peões que têm que coabitar com as ciclovias, como é o caso da ciclovia da Av. Da Républica em que nas paragens de autocarros os peões têm que esperar em pé no meio da ciclovia pondo em risco a sua segurança e integridade física. Comparar o atropelamento de um peão por um camion ou por uma bicicleta, não passa de uma comparação infantil para querer justificar eliminar uma faixa de rodagem na Av. De Berna. Acusando quem anda de bicicleta e é contra as ciclovias, mostra também que não conhece a realidade de quem mora nas avenidas novas. Fiz uma intervenção critica das ciclovias, mas ando nelas, como seguramente o Sr. Vereador que tanto anda de bicicleta como de automóvel, assim como o Sr. Presidente da Câmara. Mas por andar nas ciclovias, posso ter todo o direito de criticar o modo como estão a ser implementadas em lisboa a toque de um tribalismo fundamentalista pró bicicleta, que felizmente começa a ter oposição séria de que verdadeiramente anda e vive na cidade. Sim, muitas das ciclovias, não fazem qualquer sentido. Como se justifica a da Avenida Defensores de Chaves, sempre vazia? Ou da do alto da Avenida Almirante Reis, ou da Av. Castil? Falando de andar, as Avenidas Novas, assim como grande parte da cidade carecem de obras profundas nos passeios, onde diariamente caem dezenas de idosos. Não seria isto a prioridade numa cidade que diz querer melhor a circulação, ou tal como acusei, Lisboa não é uma cidade para velhos? Alguém se preocupa com a segurança dos idosos neste capitulo? Enfim, muito ficou por dizer na tal noite fria em que por motivos da pandemia poucos foram os que se aventuraram a ir a uma assembleia, provavelmente por já saberem que da parte da Câmara, não há discussão possível, há apenas a imposição de um plano que em nada tem a ver com o que os cidadão querem para a sua cidade. Triste esta democracia exercida de pelo executivo PS apoiada pelo Partido Comunista e pelo Bloco de Esquerda. E sim, o debate está politizado, infelizmente à sociedade civil poucas opções restam senão o apoio de determinadas forças politicas
Lamento profundamente que os movimentos de cidadania sejam criticados por um jornal que pretendia defende-los.
Lamento imenso que a minha resposta tenha sido eliminada! Um jornal a censurar o direito de resposta a um visado nesta reportagem. Vou enviar uma queixa ao Provedor de Justiça e à AACS.
Eu não participei na dita assembleia. Mas mostrar os pontos de vista em presença é criticar? A Regina tem uma forma peculiar de ler. Ou publicar o ridículo do que estes grupos defendem (10 m2 na via pública a 12€ por ano) é criticar? Talvez seja…
Olá, José. O comentário não foi eliminado, foi aprovado. Para evitar comentários abusivos, a publicação dos comentários não é automática, pelo que se verifica sempre um intervalo de tempo entre a submissão do mesmo e a respetiva publicação. Espero que a questão tenha ficado esclarecida. Cumprimentos.
Há vários anos que ouço esse argumento por parte do CDS: “nós não somos contra as ciclovias, mas…”. Não sei como imaginam que se façam ciclovias sem ser retirado espaço ao automóvel.
Também ouço frequentemente, por parte dos opositores às ciclovias, alguma preocupação com os peões, com as pessoas idosas ou de mobilidade reduzida. E, no entanto, a maior ameaça à mobilidade pedonal é o excesso de automóveis e os excessos cometidos por alguns automobilistas.
Não há qualquer forma de termos menos engarrafamentos, menos poluição, menos insegurança rodoviária, sem reduzir o número de automóveis a circular, e o espaço que estes ocupam na cidade. Isso significa, entre outras medidas, reduzir a largura das vias, das faixas de rodagem, o número de lugares de estacionamento, e impedir o atravessamento de algumas zonas da cidade.
Que uma pobre coitada de Alvalade defenda cegamente o estacionamento, porque é ignorante e não tem conhecimentos sobre mobilidade, não me espanta.
Que responsáveis políticos ignorem estes factos por motivos populistas e eleitorais, é hipócrita e desonesto!
o extremar e radicalizar de posições não serve nada nem ninguém a não ser os extremistas ou os contestadores “profissionais”
E acrescento: atentado à minha segurança é haver políticos irresponsáveis e desonestos que falam do que não conhecem. Desde que foi criada a ciclovia na Almirante Reis, passei a ir mais por aquele vale, só para poder subir descansado sem ir preocupado com carris de eléctrico, ou com os carros estacionados ilegalmente em 2ª fila, ou com os aceleras atrás de mim com pressa para chegarem ao sinal encarnado!
Se tens carro tens que ter noção que irá acarretar custos para além do carro. Se queres poupar, vai de transportes que há metro.
A ciclovia da almirante reis deveria ser construída alternando entre uma faixa e o outra para dar espaço para ultrapassagem. Tirando isso até os veiculos de emergência bebeficiam dela
Poder-me-á ilucidar como é que a proposta coloca em risco os peões e os ciclistas?
Ótima matéria que expoe o triste comodismo de cidadaos sem visão de futuro alguma. Uma mentalidade dos anos 50 que achava que o carro savaria o mundo, opositores a estratégia de mobilidade urbana, a pluralidade de modais de transporte.. é triste para nós e ainda mais para eles, pois a cidade que voces querem conservar já morreu!
Quem politizou foi o autor do artigo. Quem politizou foi um rapaz que nem capacidade de síntese tem. O artigo é extenso demais porque quem o escreveu não sabia encaixar os factos na sua teoria de uma cidade de panfleto em si político.
Quando serei desbloqueada dos “Vizinhos de Alvalade”?
Subscrevo.
Caros, a presença do Vereador Miguel Gaspar , que nenhum dos partidos requerentes da AF pediu, pareceu nos importante e foi, de facto.Não se suprimem lugares de estacionamento automovel , pois há alternativas e a das Elias Garcia , em breve iniciada, é apenas o começo. A Av de Berna , até agora mera'” pista” de automóveis será, creio, paradigma de conjugação das varias mobilidades , automovel, autocarro ( com uma faixa bus ) e bicicletas . Como na Praça de Espanha ( tão contestada ) o Futuro está a passar por aqui …
Lamento que uma presidente de junta não tenha a capacidade de lutar pelo interesse dos cidadãos da sua freguesia e seja cúmplice do executivo camarário quer a nível de política urbana, quer pessoal.
Desculpe, onde é que foi criado mais estacionamento? Tenho transporte público para ali? Desculpe mas conhece por acaso a rede de transporte público e o seu horário?
Eu não quero poupar. Eu quero é deslocar-me na cidade onde habito e trabalho utilizando o transporte público mas não é fácil.
Eu dinossauro me confesso. Eu não tenho que vetar ciclovias mas tenho todo o direito de exigir bons transportes públicos, bons passeios Para os peões (se possível com um piso tão bom quanto o das ciclovias) e tenho todo o direito de questionar algumas ciclovias como a da Almirante reis (que não beneficia os transportes de emergência) ou a da marechal Gomes da Costa com aquele perigoso muro e que custa à população de lisboa mais de 300.000€.
Nunca , mas nunca , algum governo (antes e pós 25 Abril) investiu a sério numa boa rede de transportes públicos… ?ciclovia!!, numa cidade erguida em colinas!!!! Vivo em Londres, se me dessem um carro hoje, vendia-o no dia seguinte.