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Nascida e criada entre São Domingos de Benfica e as Avenidas Novas, a Estrela e Santo António, sem outra terra onde passar as Festas devido aos meus pais e ¾ dos avós terem – também – a mesma origem alfacinha, prestes a entrar naquela década a cuja terminação dificilmente se sobrevive, dou por mim a ficar crescentemente irritada, a cada nova vaga de ciclovias que invade Lisboa.
E passo a explicar porquê: casada e mãe de duas crianças menores de seis anos, mudei-me para a casa onde passei a minha infância e (pós)adolescência quando o mais novo nasceu, situada – até – numa zona muito plana da cidade, de estacionamento fácil e centralidade única, quer de transportes públicos, como das principais vias rápidas de saída para o Norte/Sul do País.
Qual é, então, o meu problema?
Em primeiro lugar, a absoluta falta de planeamento da moda ecológica, que chegou à boleia de Lisboa Capital Verde Europeia (2020), como tudo o que é política, neste canto à beira-mar plantado. A edilidade começou por melhorar os transportes públicos? Não. Foram promovidas conversações com os concelhos limítrofes para a construção de silos automóveis nos locais de transbordo? Não.
À boa maneira nacional, que – não por acaso – coincide com a mais fácil, a Câmara limitou-se a fazer um «road flow» por cidades-modelo em ciclovias, mas de geografia incomparável, como Amsterdão, para chegar à conclusão de que o melhor era começar pelo fim, incentivando o uso da bicicleta sem assegurar que as pessoas, dentro e fora da capital, têm alternativas de deslocação.
Depois, fazendo tábua rasa do «status quo» que ter carro ainda é para a maioria das famílias – existem cerca de 6 milhões de veículos em Portugal, contra 5 milhões de população ativa –, o município resolveu taxar pornograficamente o estacionamento na cidade; e de forma indiscriminada, viva-se na cidade, ou estando apenas de visita. Sensibilização para o assunto? Nem vê-la.
Para (não) variar, desta série de proezas sobra para as mulheres/mães. No meu privilegiado caso, de quem mora na freguesia limítrofe à que trabalha/escola das crianças, como é suposto transportar 17+13kgs de bicicleta Av. João XXI/Av. EUA acima? Ou devia antes levá-las de metro, trocando duas vezes de linha, e arrastando-as Alameda acima, às 9am? Sete minutos de carro, e voilà.
Ciente de que o Ambiente é um tema fundamental de manter no topo da agenda política das potências mundiais para que o planeta torne a uma sustentabilidade que permita aos seres vivos uma vida longa e saudável, este não pode – contudo – ser um desígnio a prosseguir à custa de outros também relevantes, de que a Igualdade de Género é exemplo.
Promover o ciclismo em Lisboa? Com certeza. Mas com cabeça, e não pespegando apenas com as faixas na estrada, à custa de lugares de estacionamento (insubstituíveis, dado a saturação do subsolo), faixas de rodagem (tornando as vias intransitáveis) e passeios, tão necessários à circulação de pessoas, sejam elas velhas ou novas, nacionais ou estrangeiras.
*Tatiana Canas é jurista, foi jornalista, e integra hoje a equipa jurídica da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE). Esta é uma contribuição que nos enviou, e que agradecemos.
Cara Tatiana, não querendo dizer-lhe como viver a sua vida, seria importante que soubesse um pouco mais sobre a dos outros, quando escreve.
Alguns dados primeiro: a taxa de motorização da cidade de Lisboa indica-nos que só metade da população tem carro. Certo que os menores não podem conduzir, mas há muitas pessoas, sobretudo mais idosas, que não têm carro.
Para que o seu trajecto demore apenas 7mns a percorrer de carro, todos aqueles que não querem ou não podem ir de carro são prejudicados pela sua, e de muitos outros, escolha ineficiente de deslocação. Os carros consomem muito espaço, não apenas para serem guardados durante os longos períodos em que não estão a ser utilizados, como também para circularem (e, quanto mais depressa, mais espaço consomem). Imagine que éramos todos ricos, e que todos os munícipes dos 14 anos (com os microcarros) até aos 100 anos, se deslocavam de carro. Por onde circulariam todos esses carros?
Posto isto, é mentira que a CML não tenha investido em transportes públicos, mas os efeitos desse investimento não são imediatos. Além disso, voltando ao espaço que os automóveis consomem, os autocarros e eléctricos são altamente prejudicados pela utilização excessiva do automóvel. A título de exemplo, a Carris verificou uma melhoria da velocidade comercial dos eléctricos na rua de São Paulo desde que foi eliminado o estacionamento nesta rua.
Por outro lado, a construção de ciclovias tem efeitos mais imediatos na transformação da mobilidade da cidade. Isto não significa que deva ser a prioridade, mas que deve acontecer em paralelo com outras medidas.
E, claro, algumas das medidas necessárias à mudança de paradigma da mobilidade urbana devem ser dirigidas à restrição da utilização do automóvel particular. Tem de deixar de ser tão fácil utilizar o automóvel. Estas medidas são coisas tão simples como fiscalizar o estacionamento ilegal (acabar com a moda dos 5 minutinhos de piscas acesos), reduzir a disponibilidade de estacionamento (sobretudo para não residentes da zona), aumentar esse custo, reduzir os limites de velocidade (e fiscalizá-los), acabar com o tráfego de atravessamento no interior dos bairros, etc.
Quanto ao seu caso em particular, já há várias opções para transportar crianças em bicicleta (sim, as duas), e até pode aproveitar os apoios da CML e do Estado. Aqueles que não podem ou não querem deslocar-se de carro agradecem, mas também toda a população ficaria beneficiada por menos um carro a percorrer uma distância tão curta.
Obrigada Tatiana pelo excelente resumo! As famílias que vivem e pagam impostos em Lisboa estão a ser ostensivamente maltratadas e corridas para os subúrbios.
O meu pai nasceu numa aldeia do Ribatejo e passou toda a sua juventude a deslocar-se quilómetros e quilómetros de bicicleta por obrigação e à falta de alternativa. Muitos deveriam passar por uma experiência semelhante para perceber a diferença entre obrigação e escolha. Em Lisboa estão a dar cabo da hipótese de escolha e a impor um estilo de vida à bruta!
Assim não!
Caro Ricardo Ferreira
É espetacular quando um simples cidadão como o senhor vem determinar as necessidades dos restantes.
Não sou de forma alguma contra as bicicletas, mas fico sempre surpreendida com a simplicidade de quem tem uma vida simples, não tendo crianças, pessoas idosas, etc. ordena que todos circulem de bicicleta. É imperativo que assim seja e não há lugar a argumentação. Afinal queremos todos um bem comum – na sua perspectiva. Dentro de pouco tempo, pessoas pouco inclusivas como o senhor, estarão a opinar sobre o número de filhos que devemos ter. Até porque 2, ou 3 filhos pequenos não “cabem” na sua perspectiva de mobilidade para a “sua” cidade moderna. Ou no alto da sua arrogância devemos nós, os que temos filhos e pais idosos mudar para o campo para não estragar a sua cidade verde?
Desculpe lá precisarmos ainda do carro.
Apenas escreve um conjunto de realidades paralelas de Lisboa, a CML não apostou nem aposta nos transportes públicos.
Em relação ao problema dos carros em Lisboa, o problema são os carros que entram na cidade e não os que ca “residem” e mais uma vez a CML não apostou na sua retenção fora da cidade e porquê? Porque os transportes públicos são uma desgraça e não permite ser um verdadeira alternativa, falta cobertura geográfica, falta horários para quem vive fora de Lisboa e pretende vir para Lisboa.
Em relação á Rua de São Paulo, o tal investimento que indica e o tal aumento de velocidade da carris, tem como consequência a saída a saída de pessoas e actividades económicas da mesma.
Quanto a construção das ciclovias apenas veio aumentar o caos na cidade, e criar pior qualidade de vida aos residentes, para além de fazer aumentar a poluição , emissões e sonora, com o incremento de carros em baixa velocidade e em constante pára-arranca, veja-se o exemplo da Alm Reis ( e a cidade está apenas a funcionar a 50/60%)
Só tenho pena que não faça comos os Vegans e deixe de “tocar” em tudo o que utiliza carro para satisfazer as suas necessidades, se calhar abria os olhos.
Todas estas medidas da bicicleta são cegas, sem planeamento , é uma “casa feita pelo telhado” e apenas para cumprir um pseudo-objectivo de Medina/Gaspar.
Parabéns Tatiana. A verdade é que as ciclovias não fazem mal a ninguém, desde que feitas com pés e cabeça e articuladas com outras formas de transporte, e como uma alternativa aos meios existentes e não como a substituição dos mesmos. A Almirante Reis ficou intrasitável. A ditadura de fazer ciclovias sem consulta da população está imparável. Urge mudar, para quem não prejudique a maioria para agradar a uma minoria. Não é correcto definhar vias rodoviárias – que são precisas para quem trabalha – quando o correcto seria encontrar soluções para as ciclovias sem as afectar. Não se pode pedir a famílias para passarem a ir deixar as crianças à escola de bicicleta se assim não o quiserem. Aliás, não se pode sequer pensar nisso pois significa que as famílias não poderão ter mais que dois filhos para poderem ser transportados em bicicleta! Não se pode eliminar estacionamento sem criar alternativas – silos verticais ou transbordo fora da cidade para os transportes públicos – e reforçar a oferta de transportes públicos, que continua a não sair do papel… No fundo, podem existir ciclovias, mas não como estão a ser feitas, à custa da qualidade de vida dos moradores.
Recordamos que os comentários estão sujeitos a aprovação e são rejeitados sempre que desrespeitem regras de educação, bom gosto e contenham informações não verificadas ou ofensas. Obrigado pela vossa participação.
Obrigada Tatiana pelo seu texto.
Obrigada Margarida pela sua resposta ao Sr. Ferreira que deve fazer parte daquele pequeno grupo de pessoas que pode ir trabalhar de bicicleta e não fica transpirado (felizmente para os colegas), no meu caso seria completamente impossível. Na minha zona, fomos invadidos por ciclovias com muros de betão, reduziram as faixas para 1 só via, quando todos tivermos de voltar aos locais de trabalho nem quero imaginar o caos que vai ser e a poluição que se vai fazer.
Caro Ricardo Ferreira
Na verdade o uso de qualquer meio de transporte prejudica de certa forma os utilizadores de outros meios de transporte na medida em que está a consumir recursos comuns (espaço). Desse ponto de vista a bicicleta é de longe o meio de transporte mais ineficiente, se dividirmos os espaço exclusivamente dedicado às bicicletas (ciclovias e outras estruturas dedicadas) pela distância percorrida em viagens de bicicleta comparativa a outros meios de transporte. Em termos financeiros a ineficiência das bicicletas para o erário público é igualmente elevada. Em 2018 os automobilistas entregaram à EMEL 55 milhões de euros relativos a estacionamento. Já os ciclistas deram à EMEL um prejuízo de muitos milhões de euros, sendo que a EMEL se recusa a divulgar qual é o buraco anual da GIRA.
Não é o Ricardo que conhece as necessidades da família da Tatiana, ou da minha já agora, para ditar qual o meio de transporte que devemos ou não usar. Em Lisboa há uma população idosa, pessoas com deficiência, pessoas com mobilidade reduzida, etç, que não podem usar bicicleta. Se é necessário racionalizar o espaço, então os grupos mais vulneráveis devem ser os mais protegidos, ao contrário do que está a acontecer em que estão a ser discriminados e marginalizados.
A bicicleta poderia ser um meio de transporte integrado de forma harmoniosa numa ampla rede de transportes. Mas infelizmente não é isso que está a acontecer, está a ser imposta de forma ditatorial ignorando a vontade e as necessidades dos moradores.
Basta ler que o comentário a falar no investimento da Câmara nos transportes públicos, para parar de ler o restante comentário.
Basta ir de Odivelas a Alvalade por autocarro e metro (trocando de linha pelo meio, fazer figas para não haver avarias, etc …) e no fim fazer 10 minutos a pé e ao fim do dia o inverso. Total diário 2h a 2h30. Automóvel no mesmo horário 30 a 45 minutos. Ao fim do dia, 1h30 para a familia (ignorei ainda o tempo de levar filhos à escola, que nem todas as familias têm essa sorte de ter avós disponíveis para tal).
O resto é conversa de quem pode andar de bicicleta e chegar a cheirar a rosas ao trabalho (e sim, sou utilizador de ciclovias ao fim de semana para passeios)
(Peço desculpa pelos erros e pelas calinadas no comentário anterior…. escrita no telemóvel)
Duas palavras: Obrigada, Tatiana!
Obrigada Tatiana. Alguém que diga o que tem de ser dito. Quanto aos mais velhos que não irão andar nunca de bicicleta alguma politica para eles? Nenhuma. Espera-se que não saiam do seu bairro, não tenham acesso a cultura por força de alguma escada roulante do metro avariada ad eternum. Se se sentirem a mais como parece quererem ( só ciclovias, e passeios em condições não? ) têm a alternativa de ir embora. Lisboa é cada vez menos uma cidade para velhos. E falam tanto de inclusão!
Paula, o que temos todos que fazer em Setembro quando se Deus quiser voltarmos ao trabalho, é pensar bem no tempo que estarmos no trânsito em quem queremos votar para a Câmara de Lisboa.
Como foi dito e bem os milhões que se estão a gastar nas ciclovias para servir 1% da população da cidade de Lisboa eram com toda a certeza mais bem aplicados nos precários transportes públicos que deficitariamente circulam.
Tatiana
Muito claro o seu depoimento e resposta ao funcionário da CML
Não têm ideia do que é mobilidade partilhada
Mais do mesmo, os mesmos argumentos de sempre. . A cultura do automóvel está de tal maneira entranhada que não admitem rigorosamente mais nada que não seja a sua utilização. A partilha do espaço, que compreendem, a preocupação com o ambiente, que apoiam, acaba logo quando tocam nos seus direitos ‘adquiridos” . O egoísmo de sempre, a mesma mentalidade de sempre.
Tatiana,
Sabia que o feminismo e a utilização da bicicleta como meio de transporte andam de mãos dadas? Poderá ler este artigo interessante: https://www.theguardian.com/lifeandstyle/womens-blog/2015/jun/18/freewheeling-equality-cycling-women-rights-yemen-bicycle-liberation
Sobre a orografia Tatiana, o problema não são as elevações da cidade, já existem bicicletas elétricas. O problema ainda da cidade é o espaço desproporcional dedicado ao automóvel que prejudica todas as outras mobilidades. Existindo uma infraestrutura ciclavel competente, segura e interligada não há problemas com elevações, sol, neve, etc – mas para viabilizar as outras mobilidades vamos ter de tirar espaço ao carro sim, vias e estacionamento. Poderá ver esta exemplo mais “extremo” para perceber melhor o que estou a dizer: https://www.youtube.com/watch?v=Uhx-26GfCBU
Sobre o estacionamento “pornográfico”, o que não é aceitável é que o nosso estacionamento não seja nem justa nem eficientemente tarifado. e os problemas que daí decorrem. E sobre isto deixo-lhe também 2 links que poderá consultar: https://www.youtube.com/watch?v=BstOH51sA8E; https://www.youtube.com/results?search_query=the+high+cost+of+free+parking
Quanto à forma como leva as suas crianças é uma escolha sua, e ainda bem que a tem, mas saiba que há pessoas que não têm a escolha de se deslocar de automóvel e que a cidade lhes deveria facilitar as deslocações, seja de transportes públicos, seja recorrendo à mobilidade ativa.
Posto isto o assunto é de ordem ambiental, mas não só, é também, e muito, de ordem social, de ordem de justiça (que enquanto jurista deve compreender), de saúde pública, de segurança da comunidade. A igualdade passa por uma igualdade de oportunidades por isso numa próxima vez olhe um pouco melhor para a cidade e observe as oportunidades de deslocação seguras e dedicadas que as pessoas têm em várias modalidades.
Se precisar de ajuda no dia em que experimentar pegar numa bicicleta para andar na cidade diga, há várias pessoas, entre elas eu, que a poderão ajudar 🙂
Caros comentadores antes é que não havia alternativa, só existia o carro, agora que começa a haver cai o Carmo e a trindade, por esta Europa fora também existem cidades que não são planas, mas são cicláveis, só quem nunca andou de bicicleta é que não percebe, nesta cidade tem de haver lugar para todos.
Boa tarde! O texto da Tatiana começa por fazer três afirmações falsas. Existe planeamento da “nova moda ecológica”, foi divulgada e pode ser consultada no site da CML. A frota da Carris tem sido objecto de investimentos sucessivos desde a sua municipalização, basta consultar os Relatórios e Contas da empresa. A coordenação com os municípios adjacentes também existe e o seu reflexo é, em primeiro lugar, a criação dos novos passes e em segundo, o processo, a decorrer, dos novos operadores de transportes públicos da área metropolitana. Basear a sua opinião em factos falsos, presumo que por desconhecimento, não é uma boa ideia, nem um bom começo de conversa.
Sobre as opiniões que avança, são isso mesmo opiniões, as minhas são as seguintes: as taxas de estacionamento são pronograficamente baixas. Subir a João XXI ou a Av. EUA é muito desagradável, mas pelo comportamento dos automobilistas, a boa notícia é que há alternativas menos íngremes e com menos carros.
Sobre as propostas que apresenta também tenho as minhas: reduzir o espaço para estacionamento, reduzir a velocidade máxima para 30 km/h, reduzir a largura das faixas de rodagem, aumentar os corredores bus, reduzir o número de táxis, ampliar o espaço para os peões, e construir uma rede de ciclovias que cubra toda a cidade.
Termino confessando a minha incapacidade em compreender a relação entre as bicicletas e a identidade de género.
Leio aqui uma clara direção. A de que o automóvel deve continuar a reinar. A bicicleta ou outro modo de deslocação diferente do carro não é apenas uma opção, é uma responsabilidade e consciência por um bem maior.
Quem quer usar a bicicleta, tem o direito de o fazer em segurança. Agora que as ciclovias surgem, as bicicletas vão aparecer cada vez mais. Nos outros países, os pais não têm filhos? Têm, alguns vão sozinhos para a escola, outros vão em comboios de bicicleta. Em alguns desses países, os próprios miúdos sentem mesmo orgulho em irem sozinhos para a escola.
Taxem a entrada do carro em Lisboa, reduzam o estacionamento, aumentem o preço dos combustíveis. Muitos vão encontrar outras soluções e de certeza que será a melhor coisa que lhes aconteceu.
O espaço é comum, reduzido e as cidades das pessoas.
Tenho 47 anos e 2 filhos com 8 e 12 anos.
Comecei a usar a bicicleta quando nasceu o meu primeiro filho, para a transportar para a creche a cerca de 2,5 kms. Não queria ser mais um pai a poluir o ar das crianças e a entupir a porta da creche de carros. Antes achava impossível andar usar a bicicleta em Lisboa e todas as desculpas eram boas para justificar o meu preconceito. Felizmente tive a sorte de viajar e conhecer outras realidades europeias e passei a procurar soluções, em vez de desculpas, como faz a autora deste texto, esquecendo as bicicletas com assistência elétrica e as de carga (a minha irmã transporta dois filhos gémeos para a creche numa cargo-ebike, desde os seus 2 anos).
Este texto peca ainda em várias assunções erradas. Dizer que a CML começou por fazer ciclovias em vez de investir noutras alternativas é apenas desonesto. A CML na realidade continua a subsidiar o uso do automóvel com o contante anúncio de novos parques de estacionamento gratuito para residentes e preços muito abaixo do valor de mercado para o m2 ocupado, com vias sobredimensionadas que incentivam o uso do automóvel. Tem investido nos transportes públicos e na mobilidade pedonal ao longo dos últimos anos, a par com um residual investimento em ciclovias. A verdade, é que ainda muito falta a CML fazer para termos uma rede ciclável onde seja tão seguro e fácil ir de bicicleta como de carro a qualquer lugar da cidade. Podemos criticar a CML dizendo que falta criar parques de estacionamentos seguros de longa duração para deixar as bicicletas em zonas residenciais sem garagens e com prédios sem elevador. E a verdade, é que em termos de retorno económico, investir em infraestrutura ciclável tem retornos entre 2 a 38 EUR por cada 1 EUR investido.
Outra falha da autora é que falha completamente o alvo. O principal problema das pessoas que precisam de usar o carro não são as ciclovias e os utilizadores de bicicleta em número cada vez maior, antes pelo contrário. Esses tiram carros particulares da estrada, o veículo mais ineficiente em meio urbano. O principal problema das pessoas que realmente precisam de carro são as muitas pessoas que usam o carro de forma individual e podiam usar alternativas, mas não o fazem porque não existe nenhum preço ou obstáculo que as impeça (provavelmente têm 10 a 20 m2 de espaço reservado na sua rua e outros tantos no local de trabalho e onde quer que se desloquem).
Nada contra quem precisa realmente de carro, mas para isso aconteça, é necessário reduzir o excesso de automóveis a circular em Lisboa, começando por reduzir o espaço público dedicado a estacionamento automóvel e as muitas vias sobredimensionadas (Av. Gago Coutinho, Av. Berna, Av. EUA, Av. Roma, Av. Liberdade, etc.).
Algumas referência com links para artigos científicos que corroboram o que escrevi:
https://en.wikipedia.org/wiki/Induced_demand
https://en.wikipedia.org/wiki/The_High_Cost_of_Free_Parking
https://cyclingfallacies.com/pt/23/%C3%A9-muito-caro-prever-condi%C3%A7%C3%B5es-para-a-bicicleta
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4504332/
Olivais é já ali.
Vejo estes exemplos da CM Olivais .
“Transportar crianças em bicicleta pode parecer um desafio enorme para as famílias. Hoje selecionámos alguns testemunhos de mães e pais que já o fazem. Nas bicicletas, é possível fixar uma (ou duas) cadeiras, onde as crianças podem ir sentadas. Optar por atrelado pode abrigá-las, principalmente em dia de chuva, e as crianças podem ir a brincar como o fariam noutro modo de transporte.
Aceda aos testemunhos: http://www.jf-olivais.pt/olivais-em-bicicleta/
Um delírio. Uma pessoa a defender o seu status e contra outras alternativas de mobilidade. Claro com o apoio do inefável Carlos Barbosa… Mas imagine-se defender a utilização de um carro bem como a ocupação do espaço público que a senhora quer de borla (12 € por ano não paga o papel) para utilizar segundo a própria, 14 minutos. Tem depois o carro parado 1440 minutos. É evidente que não tem o carro parado. Vivendo nas Avenidas Novas é claro que vai fazer compras ao Vasco da Gama…. e é isto. Como sempre, especialistas em mobilidade (de carro) a mandar bitaites sobre a forma de implementação das ciclovias. Uma pérola (baço) este artigo.
O normal, Carlos.À falta de argumentos a acusação de boy. Fica-lhe mal, porque até conhece o Ricardo e sabe muito bem que não é funcionário da CML. Tem aliás o mesmo direito que o Carlos de defender a sua opção de mobilidade. As pequenas diferenças dos meios, é os 6.000 mortos por poluição rodoviária. Cerca de 600 (já foram mais de 2500) por ano em sinistros rodoviários, fora os milhares de feridos e incapacitados para um meio que até ao nível sanitário é benéfico, ou ignora que esta pandemia foi mais grave onde se verificam níveis elevados de poluição? Mude o chip que fica mais fácil para os vindouros. E só mais uma nota. Não se quer a extinção do automóvel. Quer-se a sua utilização “refreada”… mas convém insistir nisso, não é?
Ao contrário do que se quer fazer parecer nalguns comentários aqui colocados, a principal razão para a dificuldade de mobilidade nos espaços urbanos das nossas cidades e vilas é, precisamente, a quantidade de automoveis particulares e a forma como as nossas ruas foram desenhadas para o servir. É é tanto mais quando se trate de pessoas com dificuldade de locomoção ou vulneráveis como crianças, idosos ou com alguma limitação física.
Ambicionar o fim do automóvel partular não tem grande sentido, mas reduzir esta dependência será benéfico para todos.
Ao longo de décadas, por razoes várias, a cidade foi progressiva mas inexoravelmente cedendo ao automovel privado ate se atingir um ponto de ruptura.
Lisboa nao tem verdadeiramente um sistema de transportes publicos digno desse nome; a comparaçao com outras capitais (até de paises mais pobres) devia envergonharmo-nos a todos mas nao é assim.
Um sistema de mobilidade a esta escala deve ser pensado de maneira integrada e complementar, com primazia ao transporte publico (pesado / ligeiro) de que os outros meios devem ser complementares – transporte individual, sistemas de partilha de carros / motos / biclicletas/ trotinetas, taxis, etc. O que se subentende, porém, de toda e cada uma das manifestaçoes de desagrado é um clamor por alternativas, pelo investimento numa rede abrangente de transportes publicos – é, tao simplesmente, nao querer abrir mao do status quo – nao querer abrir mao do previlegio, que de tao longo o tomam por direito; a utilizaçao massiva do automovel por uma parte da populaçao impede que todos os outros possam usar da cidade em segurança, na sua plenitude, como é seu direito. É esta injustiça de décadas que importa corrigir.
Também gostava de ser priveligiado para me queixar a este ponto…
é possível, só não lhe é comodo.
A resistência à mudança é natural no ser humano, e há vários fatores que contribuem para ela. Desde logo, a falta de contacto com realidades alternativas e, claro, a falta de vontade de contrariar essa tendência. Mudar requer coragem.
Não faltam estudos a comprovar os benefícios da introdução de ciclovias nas cidades, de acalmar o tráfego, de devolver o espaço da cidade às pessoas. Basta procurar um bocadinho. Vão ficar surpreendido com o que é possível fazer com uma bicicleta, mesmo em cidades com condições muito piores do que Lisboa. Há até vídeos sobre o assunto, para quem não gostar de ler – procurem, por exemplo, pelos casos de Pontevedra, de Bogotá, pela história de como Amsterdão se tornou uma cidade de bicicletas ou sobre as transformações em curso por toda a Europa e por todo o mundo. Vejam os sites nacionais sobre o assunto. Informem-se.
É óbvio que contrariar o paradigma do uso banalizado dos carros prejudica individualmente quem os usa. Mas há muito mais benefícios para a sociedade como um todo: para o ambiente, para a saúde, para as relações sociais e para a economia local.
Os veículos automóveis individuais são um dos maiores problemas, senão o maior, para as cidades, quer pelo espaço que ocupam quer pelas brutais externalidades que causam (poluição atmosférica e sonora, acidentes, poluição visual, degradação do espaço público).
Provavelmente, não vamos nunca mais poder viver sem carros, mas com igual probabilidade a forma como os vamos usar vai ser muito diferente – mais inteligente e mais sustentável, e logo em menor escala. É uma tendência mundial imparável.
As cidades que decidiram enveredar por esse caminho foram sempre muito corajosas no momento em que o fizeram (algumas há 40 anos!) e até a generalidade da população reconhecer as vantagens. O tempo mostrou que estavam certas.
Enquanto munícipe e cidadão interessado por estas questões só tenho que agradecer à CML ter também tido esta coragem e ter-se colocado no lado certo. Espero que quem quer que venha a vencer as próximas eleições se mantenha neste caminho. Mais tarde, muitos mais lhes irão agradecer!
Será que quem acha que os apoiantes de mobilidades suaves querem condicionar a vida dos outros, alguma vez já tentaram andar de bicicleta em Lisboa (com crianças de preferência) e não se acharam muito condicionados? Se já repararam na percentagem de espaço numa rua dedicado aos carros vs resto? Se já andaram a pé em passeios minúsculos mas ao lado espaço com várias vias automóveis?
Se já foram a cidades belgas, alemãs, holandesas, nórdicas, se acham que aquilo foi tudo projetado/pensado ao pormenor e só depois tudo implementado e se acham que eles é que estão errados. Se não sabem que há bicicletas electricas, que permitem fazer as Av. João XXI/EUA sem esforço. Se faz mal a uma criança andar 5/10 mins a pé às 9am.
A frase “eu até apoio as bicicletas MAS ” não dá! As ruas não são elásticas. Querem muito menos poluição, mais espaço para as pessoas usufruírem das ruas? Direito a outras mobilidades? Lamento, não dá sem retirar carros da cidade (ninguém quer acabar com os carros todos, mas assim é impossivel).
Afinal quem condiciona quem?
Vá lá. Deixem lá comentar
É verdadeiramente incrível que as pessoas que não percebam que a ausência de ciclovias é o maior obstáculo à utilização que tantos gostariam de fazer da bicicleta. Eu, que tenho carro, vou de bicicleta deixar o meu filho a 8km de casa e depois sigo para o trabalho, fazendo mais 4km. Tudo numa bicicleta eléctrica. No regresso, apanho o rapaz e ainda paramos num supermercado para de lá sair com três sacos de compras, antes de ir para casa. Tudo na bicicleta. E porque é que isto é possível? Porque há uma ciclovia em 80% do caminho. As pessoas que dizem que a sua vida em automóvel fica pior por causa das ciclovias esquecem-se que elas estão a permitir outro tipo de mobilidade a quem quer e pode. E à qual temos direito. Ou vivemos numa sociedade que ajuda quem quer ir num carro que ocupa mais espaço, polui substancialmente, faz sair divisas porque importamos petróleo e é uma das maiores causas de mortalidade e de vidas desgraçadas, com a sua sinistralidade? Mas é errado, dizem. Tem que se fazer (mais) parques primeiro. Tem que ser feita acolá e não acoli, onde incomode menos, mesmo que isso implique que se torne impossível a sua utilização.
Já agora, com a minha utilização massiva da bicicleta em detrimento do carro já deixei de emitir mais de uma tonelada de CO2, e muito NOx a bem de todos os que habitam na cidade. Não precisam de agradecer.
Melhorar os transportes públicos. Certo.
Mais estacionamento para que quem vem dos arredores possa deixar o carro e apanhar o Metro. Certo
Implementação de uma rede de ciclovias (com o sacrifício de alguns lugares de estacionamento e de algumas vias). Certo!
“Estão a começar pelo fim”. A ordem com que isto feito não é ao contrário. É tomar acções em simultâneo.
Talvez assim os seus filhos venham a ser utilizadores de ciclovias a caminho da escola que, contas feitas, fica a menos de seis quilómetros e meio de casa…
“Want to make the streets safer for women? Start with cycling”
“In Paris and Lisbon, the number of female cyclists has increased with recent investment in protected bike lanes and other measures.”
https://www.theguardian.com/environment/bike-blog/2021/mar/26/want-to-make-the-streets-safer-for-women-start-with-cycling
É mediante crónicas como esta que percebemos que o maior problema se prende com comodismo “irritado”, e não com necessidade.
Sugiro que a autora se informe melhor e leia os comentários que aqui foram sendo deixados, que desmistificam muitos dos lugares comuns nos quais se refugia apenas para que possa continuar a andar de carro na cidade, enquanto quem opta por outras forma de mobilidades (mais limpas, seguras, eficientes e adequadas à cidade) tem de continuar a ser prejudicado.
Somos uma família com 3 filhos e fazemos grande parte do nosso dia-a-dia de bicicleta ou a pé. Também usamos o carro bem como o transporte público. Só não o fazemos mais pois há muitos percursos que não são seguros (ou são de todo impossíveis de fazer). Tal como nós, conheço muitas outras famílias numerosas com uma postura semelhante. Se não se usa mais a bicicleta, não é porque a orografia da cidade não permite – a infraestrutura é que não o permite. Foram décadas de promoção e investimento na mobilidade automóvel em detrimento de tudo o resto.
Claro que não podia faltar a aparente preocupação pela falta de transportes públicos. Mas o seu texto é óbvio e claro – a sua preocupação primária é poder continuar a demorar 7 minutos de carro. Não importa às custas de quê e de quem. Sim, o transporte público podia e devia ser melhor… lá está, décadas de desinvestimento nos mesmos, com o “bolo” sempre a ser mal dividido – a fatia maior sempre coube ao automóvel – tanto em termos financeiros como de espaço. Mas só quem anda muito distraído não reparou no investimento massivo que tem sido feito na Carris desde que foi municipalizada, após anos de desinvestimento e sangria que deixaram a empresa num estado lastimável, para facilitar a sua privatização. Ou também não reparou na revolução que foi o passo social e na revolução que se está a preparar na AML, com o lançamento da Carris Metropolitana?
Também a rede ciclável que agora começa a surgir tem muitos problemas, a maior parte resultantes dessa sua natureza embrionária. Para que a mesma se torne uma verdadeira alternativa, é preciso que seja coesa, direta, segura, atrativa e confortável (os bons manuais explicam). Mas isso não se consegue sem retirar algum do espaço que o automóvel ocupa em demasia no (escasso) território da cidade.
Agora que se começa a arrepiar um pouco caminho, vem logo a conversa do “querem acabar com os carros”. Tal como em tanta outra coisa, lembro-me sempre da frase: “para quem vive com privilégio, a igualdade parece opressão”.
Há inumeros motivos para se mudar o modelo vigente na cidade: urgência climática, justiça social, segurança, qualidade de vida, entre outros. Muitos dizem ser a favor da mudança, mas poucos são os que realmente aceitam mudar.
Sinceramente esperava mais visão de alguém que se intitula “feminista”, quando no seu texto não vejo qualquer réstia disso. Apenas acenou com a bandeira do feminismo para tentar alguma validação do seu discurso. Vem defender as mulheres que “coitadas”, têm de andar de carro com os seus filhos. Ignorando todas as que não podem ou não o querem fazer. Essas sim, são as que me preocupam mais. Essas sim estão desprotegidas. Nos países nórdicos, um indicador de uma cidade inclusiva, é uma cidade onde as mulheres e homens têm níveis idênticos do uso da bicicleta. Não uma cidade onde as mulheres (favorecidas) podem andar livremente de automóvel.
Termino com uma expressão em inglês que tão bem ilustra a sua angústia: champagne problems, my dear!
Convém esclarecer alguns pontos, pois parece que há muita confusão nalgumas cabeças.
Quem não reconhecer que a utilização do automóvel particular deve ser drasticamente reduzida, não vive neste mundo. Pode-se discutir as formas de lá chegar mas, se não concorda com este ponto inicial, é um caso perdido e nem vale a pena continuar a ler.
1) Nem eu nem ninguém que defende racionalmente uma melhor mobilidade na cidade pretende que todos passem a andar sempre de bicicleta. O que se pretende é que menos pessoas andem sempre de carro, e que a bicicleta seja uma alternativa para todos aqueles que assim o desejem.
2) A bicicleta é dos veículos mais eficientes que existem no que toca a consumo de espaço urbano. Em termos de estacionamento, onde cabe um carro, cabem 10 bicicletas. Em movimento, essa relação é ainda mais favorável à bicicleta. E, se pensarmos em pessoas transportadas, tendo em conta a ocupação média de um automóvel, este é de longe o veículo mais ineficiente. E, em termos energéticos, é uma aberração!
3) Para distâncias até 5/6 km, em ambiente urbano, a deslocação em bicicleta também é, em média, mais rápida do que em automóvel.
4) A CML tem apenas a gestão da Carris. Não tem a gestão do Metro ou das empresas que fazem serviço de autocarros suburbanos. Quem está descontente com o serviço de autocarros que serve Odivelas deverá pensar melhor em quem vota, tal como eu não pretendo votar em autarcas anacrónicos como o Isaltino Morais.
5) Um munícipe de Lisboa não tem mais direito a utilizar o automóvel para fazer uma deslocação que, eventualmente, poderá ser feita de transportes públicos, de bicicleta, ou a pé, do que alguém de fora da cidade que não disponha de alternativas ao automóvel (pensar bem nas próximas autárquicas!). É tão absurdo como alguém de Almada, Oeiras, Cascais ou Sintra pretender que os Lisboetas não têm direito a deslocar-se de carro para a praia. No entanto, as autarquias têm obrigação de desencorajar a utilização do automóvel e, infelizmente, só Lisboa está verdadeiramente a tomar medidas nesse sentido.
Finalmente, eu defender as políticas de mobilidade do actual executivo não significa que trabalhe na CML. Não trabalho, nunca trabalhei, nem está nos meus planos trabalhar para a CML. No entanto, eu compreendo que seja uma enorme frustração para o Sr. Carlos Barbosa nunca ter sido eleito presidente da autarquia, e que projecte de alguma forma nos outros esse seu falhanço.
Perfeito, eu deixei de emitir CO2 e continuo a fazer a minha vida de carro, com um carro full eletric e la vai a tese do ambiente por água abaixo. E melhor, produzo 70% da energia elétrica que consumo em casa num ano, não tenho gás, logo terei uma pegada ambiental muito mais reduzida que um comum ciclista.
Deixa o seu filho na escola de bicicleta, parabéns, eu pela forma como vejo ciclistas a circular – ora são veículos, ora andam no passeio para aproveitar o somaforo dos peões – aguardo uma regulamentação de todas as bicicletas (seguro responsabilidade civil, circulação apenas nas vias que lhe estão destinadas) e pode ser que a febre desapareça.
Não confundir com as centenas de pessoas que ao fim de semana circulam pela zona ribeirinha e pelo Monsanto em deslocações de lazer.
Hoje lisboa tem mais km de ciclovias que faixas de bus, não acha estranha? Ou será um lobby a funcionar?
Ninguém obriga ninguém a andar de bicicleta, mas sem as ciclovias, querem obrigar outros a andar de carro. Já pensou nisso? Eu vou de bicicleta quando podia usar o carro e deixo o ar menos poluído e o espaço melhor para si, que não quer. Afinal quem é que quer obrigar quem?
Não há espaço ilimitado numa cidade como Lisboa, pelo que as ciclovias têm que surgir à custa de espaço de circulação automóvel ou de estacionamento, na grande maioria dos casos. À custa do peão é que não. E a Almirante Reis, ao lado da qual moro (e tenho carro) está é mais transitável, porque agora há outra opção segura (e melhor depois de ser corrigido este desenho inicial) que já milhares usam e que nunca pensaram usar. Portanto o trânsito está pior para quem vai de carro (mas o trânsito ali nunca foi bom) mas absolutamente melhor para quem vai de bicicleta. O trânsito é de vários meios, não apenas de carros.
Nota: a ciclovia está ainda a meio, porque acaba em lado nenhum na praça do Chile. Quando interligar com a Alameda e tiver continuidade na baixa terá ainda mais utilização.
Olá Tatiana,
Sou utilizadora de bicicleta em Lisboa, não tenho crianças, mas concordo que cada família deve escolher a forma de deslocação que mais se adequa ao seu estilo e ideais de vida.
Um dia que queira experimentar uma bicicleta onde pode transportar as suas crianças, por exemplo, num fim-de-semana, entre em contacto com a equipa do Sexta de Bicicleta.
E obrigada por trabalhar na CITE, tão necessário 🙂
Abraço
Tanto disparate!! Vias sobre dimensionadas?? O que é isso? Ainda bem que o são.. Para bem da cidade, pois significa mais ar, mais arvores. As avenidas largas são uma mais valia para qualquer cidade. Constato que a maioria dos comentadores têm uma visão bastante unilateral e irrealista da situação! A rede de ciclovias que esta a ser implementada peca por não ter sido pensada e sofrer de erros crasso no seu desenho , de criar pontos de conflito e originar engarrafamentos nos trânsito e consequente aumento de poluição do ar e sonora. Não será assim que as pessoas deixarão de utilizar carro em Lisboa. E se alguém tiver carro e só o usar ao fim de semana ou de férias, alguém tem a ver com esse facto? Haja paciência..
Grosso modo concordo com este artigo. A meu ver o que possa ter sido feito para melhorar os transportes públicos não é visível. Como tal a implementação desta rede de ciclovias, que nem foi bem pensada..é um erro porque prematura. Os transportes de Lisboa necessitam ser melhorados no seu âmbito municipal e da AML, criando novas carreiras e maior frequência nas já existentes, isto no que respeita à Carris. O Metro esse precisa de melhorar muito com maior frequência de comboios. Só depois dos transportes tiverem sido melhorados, a par da criação de parques de estacionamento nas entradas da cidade..e não só, é que se conseguirá uma diminuição de entradas de carros em Lisboa e de circulação dos mesmos por quem cá vive. Uma cidade planeia-se respeitando os seus habitantes, e quem a frequente. Não é com este modo como está a ser implementada esta rede de ciclovias sem nexo, que se irão obter grandes resultados no que respeita à tão pretendida diminuição de carros a circular. Mas o problema dos transportes públicos já vem de longe. E não é renovando a frota de autocarros e eléctricos que a situação melhora. Só a nível ambiental. Porque a nível do serviço prestado aos utentes, está tudo basicamente na mesma. Mas pelos vistos a meta de Medina é apenas, supostamente, melhorar a qualidade do ar .. Não lhe interessa lá muito dar qualidade de vida a quem por cá anda..vive e trabalha. Daí a tal pseudo nomeação de Lisboa como cidade Verde 2020.. Um absurdo, a meu ver, mas que passou por compromissos que assumiu para receber uns fundos para estas ciclovias e sabe-se lá que mais. Ao fim e ao cabo, com esta imposição destas ciclovias a cidade está irreconhecível, para pior, muito mais feia e descaracterizada.. Há muitas maneiras de fazer ciclovias.. Mas este modo é de uma agressão à cidade que não tem sentido.