Começou por ser simplesmente designada de “Avenida n.º 19”, em 1928. Só depois veio o nome “de Roma”, que data de 27 de dezembro de 1930, numa época em que o Estado Novo procurava afirmar o seu estatuto internacional, usando as avenidas largas e monumentais do Plano do Areeiro (que lhe é posterior, de 1938, e da lavra de Faria da Costa). Há quem acredite que o nome da tão conhecida Avenida de Roma foi uma correspondência à designação de uma “Via Lisbona” em Roma.

Embora esta via exista de facto em Roma, e pareça recuar à época do governo de Mussolini, trata-se de uma rua muito secundária que ladeia um espaço verde, o que não me parece dignificar nem a capital portuguesa nem uma rua dela.

O que é certo é que a designação remete para uma tentativa de validação internacional do Estado Novo, testemunhada aliás pelos topónimos de outras avenidas nas imediações como a Praça de Londres, ou a Avenida de Paris e de Madrid (que foram inauguradas na presença de ambos os embaixadores, como testemunham as suas originais placas toponímicas).

A Avenida de Roma divide-se entre as freguesias de Alvalade e Areeiro e é uma das mais vivas na cidade. Mas a paisagem já foi outra. Alguns dos primeiros moradores da avenida lembram-se de cruzarem com rebanhos de ovelhas a pastar entre os espaços ainda em obras e de não existir a ponte sobre a via férrea que separa Areeiro de Alvalade, na década de 1950.

Hoje, a qualidade arquitetónica da construção da avenida é reconhecida, representada por alguns dos melhores trabalhos de prestigiados arquitetos, tais como Cassiano Branco (autor da magnífica torre neotradicionalista), Joaquim Bento de Almeida, José de Lima Branco, Licínio Cruz, Formosinho Sanchez, Filipe Figueiredo ou José Segurado.

O meu contacto com a Avenida de Roma data dos idos de 80, em que ia de metro para o meu emprego, na altura na Praça de Alvalade. A dado momento inventei um jogo: nele, as raparigas mais bem vestidas que se sentavam nos bancos à minha frente saíam sempre da composição na estação de “Roma”: e não é que – quase sempre – acertava? É que, em termos comerciais, o apogeu da avenida data entre os anos 1960 e os finais da década de 70, altura em que era considerada a avenida mais elegante de Lisboa – tal era a excelência da arquitetura dos seus prédios e a das suas lojas e espaços comerciais.

Por isso, a História da Avenida é também a História das suas lojas e espaços comerciais. Não é intenção fazer aqui um levantamento exaustivo e detalhado destas peças de História de Lisboa, mas uma passagem sumária pelos espaços mais memoráveis ou emblemáticos:

Livraria Barata (Areeiro)

A livraria Barata abriu as suas portas em 1957, destacando-se desde o início como um refúgio para livros e publicações proibidos durante o antigo regime. Essa ousadia foi personificada pelo icónico “Senhor Barata”.

A Barata, antigamente. Foto: recolha de Rui Martins

Os mais antigos lembram-se dos tempos sombrios da censura salazarista, quando secretamente compravam livros do “Senhor Barata”. Desde a sua fundação, a livraria foi um oásis de cultura e liberdade, embora o fundador tenha enfrentado inúmeras detenções e torturas nas mãos da PIDE, não emergindo incólume dessas provações. Muitos moradores recordam-se dos momentos em que se sentavam no chão e liam os álbuns de BD da livraria, na década de 1970 e 1980: nunca ninguém os incomodava, ao contrário do que acontecia noutras livrarias bem perto… A simpatia deixou marcas e haveriam de ser tornar fiéis clientes da Barata.

Em 1986, a livraria passou por uma transformação significativa, sendo agraciada com diversos prémios, incluindo o prestigioso “Caduceu de Ouro: Loja do Ano”.

A década de 1990 marcou uma fase de expansão que se estendeu até 2003. Além da sua localização principal na Avenida, a Barata estabeleceu filiais em várias partes de Lisboa, como a Barata na Rota do Oriente, Barata no Instituto Superior Técnico, Barata no Instituto Superior de Agronomia, Barata na Universidade de Évora, Barata em Campo de Ourique, Barata no Campus FCT/Universidade Nova e Barata na Universidade Lusíada.

As minhas memórias da Barata remontam aos anos 1980, quando estudava a escrita dos antigos maias e a escrita sudlusitânica do Algarve e Alentejo. Naquela época, passava horas na livraria folheando catálogos de edições portuguesas e estrangeiras para encomendar livros. Relatos semelhantes são compartilhados por outros frequentadores, que também recorriam à Barata em busca de materiais académicos, sempre elogiando o atendimento caloroso e profissional dos seus funcionários e, em particular, do José Rodrigues.

A imagem de prateleiras repletas de livros até o teto na Barata (naquela época, bem menor do que hoje, ocupando apenas a área onde estão os jornais e revistas), com o dono equilibrando-se num escadote para alcançar os volumes desejados, permanece muito viva na memória de muitos antigos clientes.

Por fim, a história da Barata entrou numa nova fase a 1 de agosto de 2023, quando a loja cedeu espaço para a “FNAC Avenida de Roma”. Esse desfecho marcou a continuidade de uma parceria que começou em 2020, com todos os 16 funcionários integrados na nova empreitada, não restando mais agora mais do que desejar um bom futuro a esta nova encarnação desta livraria história do Areeiro.

A livraria Barata, hoje. Foto: Rita Ansone

Flores Romeira (Alvalade)

Guardo na memória a imagem da “Romeira”, uma figura de cara fechada sentada dentro da florista, ao lado da caixa. Embora essa imagem se tenha desvanecido há alguns anos, a sua lembrança persiste de forma vívida.

Os habitantes locais partilham a história de como a loja teria expandido para o espaço ao lado, e há até rumores de envolvimento com a própria estrutura do edifício, supostamente impulsionados por um prémio de Totobola conquistado (alguns falam mesmo de dois).

Foto: recolha de Rui Martins

Já nos anos 60, a “Romeira” realizava entregas internacionais e, durante o Natal, ostentava uma das decorações mais deslumbrantes de toda a avenida. Remonta também a essa época a memória, frequentemente evocada pelos moradores, da venda de grilos em pequenas gaiolas de plástico.

Outros residentes dos anos 70 recordam-se com carinho de solicitar à “Romeira” a produção especial de pequenos pinheiros de Natal, os quais foram posteriormente distribuídos entre diversas empresas sediadas em Lisboa.

Roma (Areeiro)

Situada no 3 da Avenida e conhecido por alguns como “Café Roma” e por outros como “Pastelaria Roma”, este estabelecimento no exterior exibia apenas a palavra “Roma” e era um dos destinos preferidos dos estudantes da região da Avenida de Roma, em particular aqueles do Instituto Superior Técnico.

Perto da Capri Pastelaria (hoje substituída pelo Novo Banco no n.º 2 da Avenida e em frente da Capri Cervejaria do n.º 4), o Café Roma rivalizava em termos de qualidade e variedade de doces. Os “garibaldiz”, os éclairs de café, chocolate ou baunilha eram famosos, com coberturas doces no interior. Os duchesse, recheados com verdadeiro chantilly, incluindo as tíbias, de formato distinto, e outros bolos, como os bombocados com frutas, e os suspiros “XXL” em branco ou cor-de-rosa, também faziam parte da seleção.

A equipa do Roma contava com 56 funcionários, enquanto o estabelecimento servia como ponto de encontro para animadas discussões e tertúlias dos alunos do IST, abordando tópicos relacionados a economia, sociedade e política.

Em 1975, o café passou a ser propriedade de um próspero cidadão conhecido como “Sr. Martins”, que havia retornado de Angola.

Uma extensa reforma transformou o espaço numa pastelaria na entrada, seguida por uma área de café e mesas, além de um restaurante no fundo, onde agora abriga as cozinhas do McDonald’s.

Hoje, o antigo Roma deu lugar a um McDonald’s. Foto: recolha de Rui Martins

De acordo com relatos, a aquisição do estabelecimento envolveu uma quantia considerável para a época, ultrapassando um milhão de escudos, e o novo proprietário passou a residir no segundo andar do edifício, onde permaneceu até ao seu falecimento. Tornou-se uma figura conhecida na área, mesmo quando sua mobilidade diminuía, passando a ser acompanhado a todo o lado por um motorista. Há indícios de que esse proprietário também fosse o mesmo da Pastelaria Capri na Avenida Almirante Reis.  

Na cave do “Roma”, agora ocupada por banheiros e mesas de restaurante, situavam-se as casas de banho e armazéns. As mesas eram cobertas com toalhas de pano e os guardanapos eram do mesmo material. As cadeiras, em estilo castanho, eram de madeira envernizada, incluindo algumas altas para as crianças, todas seguindo um padrão semelhante, porém de tamanho menor.

Os moradores ainda se recordam dos painéis nas paredes, representando cenas da fundação de Roma, que eram de excelente qualidade, mas infelizmente foram perdidos na renovação do espaço.  

Era um dos pontos de encontro da avenida.

Nas décadas de 1960 e 1970, o Café Roma era o local de encontro das famílias ao entardecer, onde desfrutavam de lanches, doces e torradas com patê de pato. Os seus gelados também eram muito procurados, e havia memória de um bolo “chaud-froid” e dos pães de ló cujo interior era recheado com gelado.

O Café Roma funcionava até à meia-noite e, nos seus últimos dias, foi um ponto de encontro para os motociclistas da Avenida, embora alguns moradores, mesmo sem motocicletas, também gostassem de exibir capacetes debaixo do braço no “Roma”: dizem alguns…

Na década de 1970, alguns moradores registraram um episódio envolvendo dois carros da polícia sem identificação (PIDE?) que bloquearam o acesso da avenida à João XXI e Praça de Londres. Uma carrinha apareceu e alguém de dentro disparou um tiro para o ar com uma G3. Imediatamente, os clientes do Café Roma se protegem sob as mesas, enquanto outros correm para as casas de banho na cave.

Depois do 25 de Abril, no Roma, às quartas-feiras, fazia-se Moamba, numa saudosa evocação do passado em Angola do seu proprietário, reunindo-se aqui, por vezes, até 50 pessoas nessas reuniões.

Pastelaria Capri (Areeiro)

Consta que teria o mesmo proprietário do “Roma” esta pastelaria que se situava no n.º 4 era famosa pelos seus grandes suspiros e pela qualidade de bolos, mais especificamente os Garibaldis, as Ducheses, os Merengues cor-de-rosa e os Babás au Rhum. Não tinha lugares sentados, apenas em pé. Segundo alguns, terá fechado na década de 1990.

Particularmente conhecido entre moradores, era o seu gerente Horácio Baço. Os empregados mais recordados eram o “Sr. Xavier”, o “Sr. Manuel”.

Alguns moradores lembram de esta ser a melhor pastelaria da zona e de tomarem aqui, todos os dias, o seu pequeno-almoço.

Bem diferente do antigamente, aqui era a Capri. Foto: recolha de Rui Martins

Pastelaria “O” Luanda (Alvalade)

O “Café Luanda” sempre exerceu um papel central como um dos principais centros culturais desta zona de Lisboa. Este local foi testemunha da presença de renomados escritores como Lídia Jorge, Paulo de Carvalho, Fernando Tordo, Carlos Mendes, Helena Isabel e Ary dos Santos.

Recordo-me de ter cruzado com algumas destas personalidades da cultura de Lisboa e de Portugal quando era jovem, assim como ocorria também no Vavá e na saudosa Pastelaria Roma.

Além disso, a Luanda servia de ponto de encontro para figuras notáveis como João Perry, Lurdes Norberto, Fernando Lopes, bem como para políticos ilustres como Carlos Zorrinho, Miguel Vale de Almeida e Mário Centeno.

A pastelaria Luanda. Foto: recolha de Rui Martins

Pastelaria Sul-América (Alvalade)

Em 2016, a antiga pastelaria encerrou as suas portas, cedendo espaço nos dias de hoje a um estabelecimento Burger King. Durante quase seis décadas, desde 1960, esta pastelaria desempenhou um papel fundamental ao servir pequenos-almoços e refeições nas suas instalações, que incluíam uma esplanada constantemente animada e é recordado pelos moradores como se fosse o efetivo “bar da escola” (Liceu Dona Leonor).

Infelizmente, mesmo com a reputação solidificada pelos bolos tentadores exibidos na vitrine, pelos pastéis de nata (que por 1975 custavam 25 tostões), delícias de ananás, duchesses, rissóis de berbigão e croissants e pela excelência de suas refeições, a pastelaria não conseguiu resistir ao impacto de um aumento abrupto no custo do arrendamento.

Hoje, resta apenas uma vaga memória desse lugar outrora vibrante e acolhedor.

No lugar da velha Sul-América está hoje um Burguer King. Foto: recolha de Rui Martins

Os empregados Pedro, Barata (o empregado mais antigo) e Aristides deixaram boas memórias entre os moradores.

Sobre o “Barata” conta-se que teria estado na Legião Estrangeira, sendo recordado pela sua figura pequena, com cabelo com brilhantina e óculos grossos. Contam moradores que “quando a casa se tornava demasiado ruidosa, com a malta do liceu a falar cada vez mais alto, o bom do Barata usava o seu estratagema: a bandeja de servir às mesas era metálica e ele sem hesitações atirava-a ao chão, com força. O estrondo fazia calar toda a gente, que não identificava a origem do barulho. E o Barata, impassível, fingia também não saber e continuava junto ao balcão a dar sequência aos pedidos das mesas. Era a sua bomba atómica e o seu gozo íntimo.

Um dos proprietários seria o “Sr. Mário” que partilhava sociedade com outro sócio, de maior idade, cujo nome não foi possível apurar.

Era um dos poucos estabelecimentos que estava aberto no 25 de Dezembro e Ano Novo, nas décadas de 1980 e 1990 – embora a bica, nesses dias, fosse mais cara.

Era frequente encontrar aqui figuras conhecidas como, por exemplo, José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes que, na época, moravam nos arredores e outras personalidades da cultura lisboeta como João Cabeleira, Os Vodka Laranja, Elsa Galvão, Sara Lima, Nandinha, muitos atores e atrizes. o Necas, o Zé Pedro, o João Ribas e toda a geração punk da Avenida de Roma.

Pastelaria Suprema (Alvalade)

Em 2014, as portas da Pastelaria Suprema fecharam pela última vez, deixando a loja vazia desde então. Localizada no número 61-b/c, esta antiga e próspera pastelaria agora descansa em silêncio, aguardando novos tempos.

Lembro-me com prazer das delícias da Suprema, especialmente dos seus pastéis de bacalhau com feijão frade e do pão de leite. Este gosto resistiu ao teste do tempo, e uma moradora recorda-se com carinho das brincadeiras em casa, ecoando: “Para ela, os pastéis da Suprema são a epítome da glória!”

Foto: recolha de Rui Martins

Também me recordo da atraente exibição de bolos à entrada, incluindo aqueles duchesses.
A esplanada destacava-se como um dos recantos mais simpáticos da Avenida de Roma. Curiosamente, a Suprema sempre foi subestimada, um enigma que não consigo decifrar. Como resultado, a sua esplanada recebeu menos visitantes do que outros espaços na avenida, apesar do ambiente mais acolhedor em comparação com a Luanda, funcionários mais simpáticos que a Vavá e preços mais acessíveis que a Sul-América.

A Pastelaria Suprema, uma estrela discreta na Avenida de Roma, preserva a sua memória: pelo menos enquanto não renasce…

Restaurante Vavá (Alvalade)

Situado no cruzamento da Avenida de Roma com a Rua dos EUA, o Vavá destaca-se como um estabelecimento com uma história profundamente marcante. O seu nome é uma homenagem a Edvaldo Izídio Neto, o jogador de futebol brasileiro conhecido como “Vavá”.

Vavá desempenhou um papel crucial como avançado na conquista do título da seleção brasileira no Campeonato Mundial de 1958, marcando impressionantes 5 golos que levaram a nação lusófona ao seu primeiro triunfo mundial. Foi precisamente nesse mesmo ano que os irmãos Petrónio e Luís Gonzaga abriram as portas do Vavá.

Frequentado por uma série de personalidades, entre elas o cinéfilo Lauro António, o restaurante foi projetado por Eduardo Anahory.

Esse período também marcou uma época em que a área de Alvalade abrigava algumas das experiências arquitetónicas mais inovadoras da cidade de Lisboa. O restaurante oferecia um espaço interior amplo, que naquela época se estendia até a área que hoje é ocupada pelo BPI. A cave também servia ao restaurante, acolhendo uma popular sala com mesas de bilhar.

O Vavá desempenhou um papel de destaque como cenário no filme “Os Verdes Anos”, dirigido por Paulo Rocha em 1963. Além disso, este local inspirou o enredo do filme, onde uma das personagens é retratada como o operário responsável pela instalação desses azulejos.

Foto: recolha de Rui Martins

Muito populares na rádio nas década de 1970, os “Parodiantes de Lisboa” tinham estúdio no prédio e os seus fundadores Rodrigues, Santos Fernando, Mário de Meneses, Mário Ceia, Manuel Puga, José Andrade, Rui Andrade eram muitas vezes vistos no Vavá a almoçarem.

Uma renovação notável foi conduzida em 2017, restaurando os impressionantes azulejos da pintora Menez, embora nem todos os azulejos originais tenham resistido ao teste do tempo.

Alguns moradores têm lembranças de um passado em que uma bala deixou um buraco circular na vidraça frontal do Vavá: um episódio intrigante sobre o qual não foi possível apurar mais detalhes. Outros recordam com carinho que durante anos o restaurante foi o local escolhido para buscar os bolos de aniversário de seus filhos, agora adultos com famílias constituídas.

Desde 2017, o Vavá está sob a propriedade dos sócios Pedro Ferreira e João Simões, orgulhosamente ostentando a distinção de “Loja com História”, conferida pela Câmara Municipal de Lisboa.

Cafélia (Alvalade)

A Cafélia abriu portas em 1952 na Avenida de Roma 55C e preserva (coisa rara) o seu interior de forma quase totalmente pristina desde essa época.

O seu “lote Cafélia”, moído na hora, é muito apreciado e vende também bombons, chocolates e artigos relacionados com café e chá em que não falta o chá Gorreana dos Açores, ou o aromático Chá Pérola e os muito afamados bules em porcelana.

Foto: recolha de Rui Martins

Lembro-me de comprar aqui bombons, nomeadamente, há mais de dez anos e amêndoas na Páscoa…

Considerada por muitos como um património da freguesia de Alvalade e Avenida de Roma, a loja vive muito do trabalho e dedicação de Paulo Jorge e Joaquim Gaspar que aqui trabalham há mais de 40 anos.

A Cafélia recebeu a distinção de “Loja com História” da CML em junho de 2018.

Foto: recolha de Rui Martins

Frutalmeidas (Alvalade)

Muito conhecida pelos pastéis de massa tenra a loja abriu em Janeiro de 1970 e vende desde essa altura sumos naturais.

O primeiro proprietário do estabelecimento foi o pai de António José de Almeida, conhecido baterista dos Heróis do Mar que moravam por cima do Vavá. O primeiro Frutalmeidas não foi, contudo, o da Av. de Roma mas o da António Augusto de Aguiar em que esteve presente o Ministro da Agricultura. Chegaram a existir, além do de Alvalade e da António Augusto Aguiar, mais dois estabelecimentos na Casal Ribeiro, na Av. do Brasil e em Cascais, sabendo-se que apenas o primeiro tinha bar.

Terá sido uma familiar do proprietário quem começou a fazer as tartes de amêndoa e maçã para a Frutalmeidas.

Em 1980 a gerência estava a cargo do sócio Evangelista Fernandes de Freitas, e foi então que a empresa aumentou a sua oferta para sumos, tartes de maçã de qualidade muito apreciada, assim como gelado, salada de frutas frescas, bolos (nomeadamente o bolo de morango) e o muito conhecido “pastel de massa tenra” que, segundo consta, se baseia numa receita secreta…

A Frutalmeidas exibe no seu interior um painel neorrealista com jovens mulheres que trabalham na vindima que data da década de 1970 que merece ser preservado e admirado.

Em 2020 recebeu a distinção de PME Líder 2020.

Foto: recolha de Rui Martins

Sinfonia (Alvalade)

A loja do n.º 44 da Avenida abriu em 1954 na altura dedicada ao comércio de música e instrumentos musicais. Na década de 1970 já funcionava como papelaria e loja de brinquedos. Era aqui que eu comprava os meus discos em vinil (assim como numa outra discoteca, já fechada, onde hoje funciona o Portela Café). Foi também aqui que comprei muitos dos meus livros (morava mesmo ao lado) e a maioria dos meus artigos de papelaria da década de 2000.

Desde 2018 a Sinfonia é uma “Loja com História” (CML).

Foto: recolha de Rui Martins

Livraria Bertrand (Areeiro)

A Livraria Bertrand localizada na Avenida de Roma passou por uma renovação em abril de 2021, sendo reinaugurada para o público com uma exposição dos resultados de um investimento que ultrapassou os 130 mil euros.

Esta icónica livraria ostenta com orgulho o distintivo de “Loja com História”, concedido pela Câmara Municipal de Lisboa. A restauração foi conduzida com um compromisso absoluto com o projeto original datado do final da década de 1960, incluindo a substituição das estantes que não faziam parte do design original.

A loja, que originalmente abriu suas portas no número 13 da Avenida de Roma em 1964, continua a ser um marco cultural na região e a qualidade da renovação interior demonstra um forte interesse por parte do proprietário para preservar a memória deste espaço.

Foto: recolha de Rui Martins

Loja Pinheiros (Areeiro)

Situava-se onde, atualmente, funciona o banco Millenium.

A loja foi inaugurada em abril de 1967. Tinha escadas de madeiras, muito elaboradas e bonitas e era conhecida por ser algo elitista e pela elegância com que vestiam os seus empregados que funcionavam como autênticos “modelos vivos”.

A loja era muito procurada pelos seus tecidos e era um dos pontos comerciais mais ativos desta zona da Avenida.

Ao lado, situava-se a Fonotécnica, um estabelecimento que comercializava discos e aparelhagens – à época – muito sofisticadas. Vendia também móveis de elevado requinte tais como como “chaise-longues”, poltronas e candeeiros de pé alto, entre outros artigos semelhantes, segundo a memória de moradores.

A loja Pinheiros, atualmente. Foto: recolha de Rui Martins

Lãs Imperial (Alvalade)

Esta loja situa-se no 59B da Avenida de Roma.

Abriu em 1972 e, desde então que se dedica, sobretudo, ao comércio de fios de lã, concedendo, também, aulas de costura.

Pastelaria Tique-Taque (Areeiro)

Situava-se no 26B da Avenida de Roma e pertencia à “A Tentadora, Lda”. A pastelaria abriu as portas em 1957 com projeto dos arquitetos Victor Palla e Joaquim Bento d’Almeida e era conhecida pela qualidade da sua doçaria, nomeadamente pelos seus Garibaldi.

Aqui foi filmado parte do filme “Os Rapazes do Táxi” de 1965.

O Tique-Taque era conhecido pelo esplendor do seu mobiliário (dos móveis “Olaio”) e pela jukebox sendo recordada pelos moradores pela música que aqui passava. A casa de jogos era muito frequentada por jovens e aqui também se serviam refeições.

O proprietário era o conhecido “Sr. Baptista” que tinha 3 filhos a trabalhar no local, sendo que um deles, mais tarde, abriu o pequeno café na arcada que dá para a Sacadura Cabral e que viria a fechar.

Há alguns anos, o Tique-Taque tornou-se numa soturna “loja dos 300” em 2006/2007, fechando, definitivamente, em 2021.

Doçaria Santa Cruz (Areeiro)

Abriu em 1957 como local de compra de bolos conventuais muito afamados entre a vizinhança, tendo igual boa fama entre os vizinhos os seus bolos “mil folhas”, os barquinhos de chocolate, recheados com mousse de chocolate, assim como o bolo de chocolate.

A empresa seria, na época da fundação, da família Colaço, sendo conhecida nesses primeiros anos como “o viúvo”, por motivo que não foi possível apurar mas que se deveria referir à condição do proprietário.

Foto: recolha de Rui Martins

Ainda hoje funciona no número 20 da Avenida de Roma, sem estar isenta de algumas críticas. O certo é que a loja é das mais antigas do ramo na avenida e que a maioria dos moradores reconhece a qualidade dos produtos, livres de corantes e conservantes e a raiz conventual dos mesmos.

Casa Bom Gosto (Areeiro)

No n.º 7 da Avenida a loja de móveis abriu em 1950.

Conhecida entre a vizinhança como “A Casa de Móveis do Sr. Pássaro” foi renovada – com sobriedade, mas elegância – em 2017 mas sacrificando os magníficos letreiros a neon da década de 1960.

Foto: recolha de Rui Martins

J. Plácido, Lda (Alvalade)

Ainda hoje encontramos esta loja tradicional da avenida no n.º 25. Recordo-me de ir aqui com a minha família comprar meias e cintos…

Abriu em 1946 e permanece no ramo do comércio a retalho de vestuário para adultos.

Foto: recolha de Rui Martins

Napoleão (Areeiro)

Esta loja Napoleão é uma de três em Lisboa. Foi inaugurada em 1977, pertence à família Napoleão e antes funcionaria aqui uma loja de venda de tecidos.

Está situada na esquina entre a Av. João XXI e a Av. de Roma, estando hoje quase sempre fechada, dado que parece funcionar atualmente como armazém das outras lojas em Lisboa. É pena porque era conhecida pela qualidade dos seus produtos, especialmente aguardentes e vinhos licorosos de origem portuguesa.

Recordo-me em particular dos Aniz que o meu pai aqui comprava na década de 1970, da loja, mesmo ao lado, que vendia produtos para cozinha e do pequeno expositor (que ainda existe), onde apareciam brinquedos de utensílios de cozinha.

Esta loja pertencia a uma família cujo último membro terá falecido em torno de 2017.

Café Polana (Alvalade)

Situava-se no 45B da Avenida, era um dos meus locais de eleição para tomar o café matinal e almoçar, algumas vezes, na década de 2000 e os irmãos que eram proprietários e empregados no restaurante sempre foram de uma extrema simpatia.

Foto: recolha de Rui Martins

Tricots Brancal (Areeiro)

No n.º 10, a loja pertence à empresa “Manuel Brancal e C, Lda”, com sede em Barcelos. Existe no local, pelo menos, desde a década de 1970.

Muitos moradores recordam-se de frequentar a loja com as mães, ainda em criança com recordações da grande simpatia das funcionárias.

Anteriormente, neste mesmo local, funcionava a “Papelaria Emílio Braga” que era frequentada por quem procurava artigos de papelaria como cadernos escolares, material de escritório, livros de recibos e outros equipamentos idênticos.

Foto: recolha de Rui Martins

Pastelaria Sílvia (Areeiro)

Situada no 28F, esta pastelaria tinha, nas décadas de 1970 e 1980, a fama de ter o melhor café da avenida.

Foi muito renovada em Agosto de 2023 e reabriu pouco depois mantendo a decoração interior em azulejos.

Foto: recolha de Rui Martins

Pastelaria Bari (Areeiro)

Situava-se onde depois esteve a loja da NOS.

Era considerada como mais “popular” do que muitas outras pastelarias da avenida. Esteve aberta até finais da década de 1980.

Onde era a velha pastelaria Bari. Foto: recolha de Rui Martins

Sapataria Garcia (Alvalade)

Encontramos, ainda hoje, esta loja histórica da avenida no n.º 52.

Era conhecida como o local onde grande parte da mocidade e, sobretudo, crianças, compravam o seu calçado. Era considerada como mais cara, mas de melhor qualidade que a Bambi (perto do cruzamento com a Av João XXI).

A montra protegida a papel celofane para proteger do sol era uma marca da casa e os moradores recordam-se de que a loja pertencia, na década de 1970, ao “Sr. Garcia” que com a “D. Maria José”, ambos de Portalegre, deixaram as melhores memórias entre os seus clientes.

Hoje em dia, a loja mantém o mobiliário interior da década de 1960 – o que é notável e merece os melhores elogios.

Foto: recolha de Rui Martins

Casa China (Alvalade)

A loja passou por várias gerações e foi fundada pelo avô do último proprietário que comprava mercadorias que, na altura, não se encontravam em Lisboa, na China e, sobretudo, em Macau.

A loja pertencia à família Terenas e manteve o interior da década de 1950 até ao seu fecho (definitivo?) em 2020. Funcionava no n.º 54B e recordo-me de várias cerâmicas de qualidade, reproduzindo cerâmicas do século XVIII, que aqui comprei na década de 1990.

Foto: recolha de Rui Martins

Pastelaria Jacaré Paguá (Alvalade)

Situada no n.º 76, esta pastelaria serve também refeições e era um dos locais onde eu costumava almoçar na década de 1990.

Bem conhecido nesta pastelaria é o “Sr. António” que está na loja já há mais de 30 anos. Os seus rissóis de camarão são particularmente apreciados, assim como as sopas, os salgados e a doçaria regional.

Foto: recolha de Rui Martins

Centro Comercial Roma (Alvalade)

Abriu em 1968 com a designação “Tutti Mundi – Drugstore”. No 48 da Avenida de Roma funciona aqui hoje o Supermercado Continente.

Este centro comercial era conhecido como “Centro Comercial Roma” desde 1988 com os seus 3 pisos, uma área comercial de mais de 2800 m2, 43 lojas e 3 restaurantes.

No r/c, lembro-me do antiquário e da papelaria de que era assíduo cliente. Na cave, recordo-me também de frequentar dois dos três restaurantes e em particular do que dava para a Rua Conde de Sabugosa, assim como uma galeria de arte onde ainda comprei umas serigrafias de Maluda.

O Centro não resistiu a um acumular de problemas antigos e à pandemia covid-19. Renasceria em dezembro de 2021 como “Continente Bom Dia”, mas perdendo o caráter de centro comercial que tanto caracterizava o antigo “Drugstore Tutti Mundi”.

Foto: Arquivo Municipal de Lisboa

Naia/Can Can/Primaz (Areeiro)

No 17 funcionava, pelo menos desde a década de 1970, o pronto-a-vestir Can Can. A loja era caracterizada pela inusitada decoração em arcos, desde o exterior até ao interior. Lembro-me de a frequentar com a minha mãe, nos finais da década de 1970 e começos de 1980, e de sentir que estava a entrar num cenário da popular série “Espaço 1999″…

A montra era concedida por um designer contratado na década de 1970 (o que não era comum) e tornou-se conhecida pela importação de lingerie italiana.

Em 2018 a loja sofreria obras profundas, com a total destruição do interior para reabrir com um incaracterístico espaço da rede Sonae.

Foto: recolha de Rui Martins

Discoteca Roma (Areeiro)

Situava-se onde hoje está o Portela Café e onde, já em 2009, estava o Banif.

Era uma das discotecas (venda de discos de vinil) mais populares da zona (a par da Sinfonia em Alvalade) e eu próprio era um dos seus clientes, quando trabalhava na Praça de Alvalade e vinha a pé, ao sair do trabalho, até à Alameda.

Foto: recolha de Rui Martins

Um grande agradecimento a todos os Vizinhos do Areeiro e de Alvalade que quiseram partilhar as suas memórias sobre estas lojas icónicas da Avenida de Roma.


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32 Comentários

  1. Obrigada por esta viagem no tempo e na história, desta ârea de Lisboa. Muito boas recordações da minha juventude1

  2. Muitos Parabéns pela extraordinária apresentação da Av. de Roma dos tempos antigos até hoje.
    Gostei muito de relembrar, pois sou da década de 60 e morei aqui.

  3. Que maravilha de artigo!
    Tão bom recordar Alvalade, Roma e Areeiro , quando o comércio de rua tinha um papel social fundamental.
    Parabéns, óptimo trabalho.

  4. Trabalho muito meritório, cheio de pormenores que faziam as ” delícias” de que teve o privilégio de viver na zona da Av de Roma… pena ter ficado de fora o café Trevi, local de reunião estudantes principalmente do Instituto Superior Técnico Obrigado pela leitura

  5. Muito obrigado, fez-me reviver bons tempos. Muito bom artigo

  6. Caro Jornalista, escrever esta reportagem e não falar da loja Textilar, que está na avenida de roma desde 1959, só mostra que a reportagem deixa muito a desejar. Não sei quais os critérios para a escolha das lojas, mas isso deveria estar explicito na reportagem.

  7. Nasci e morei sempre na av.roma. é com enorme insatisfação que assumo que nunca esteve tao mau..a degradação é derivada aos senhorios que se “acham” alguem superior. Nojo é o que tenho disto..quem governa é culpado!!

  8. No que se refere à Pastelaria Capri,as informações estão quase todas erradas. Até mesmo o endereço. O que está certo são os nomes dos empregados, do Sr Horácio que era sócio do S.Costa e a descrição dos bolos.
    O Sr. Costa era sócio da Capri , da Roma ,do Londres , da Las Vegas e da Granfina nos Estados Unidos junto ao Campo Grande. Havia também a Cervejaria Capri que era onde está agora,penso eu, um restaurante Italiano. Salvo erro o número 2.
    Vivi em frente do Roma, de 1965 até 1985,embora os meus pais tenham continuado lá a residir. Toda a minha adolescência foi lá passada e com boas histórias.
    Cumprimentos

  9. Excelente trabalho.
    Artigo interessante e que acerta em cheio em ícones fundamentais da zona.
    Hoje ainda não está minado como o resto da nossa cidade que tinha o nome de “Lisboa “.
    Quem quiser entender….

  10. Falta uma loja fantastica com presentes unicos na altura .
    Fecho por nao poder mais importar mercadoria apos o 25 de Abril e nao queria so ter artigos iguais a todas as outras lojas.

  11. Censuraram o meu post! É uma vergonha! Estragaram a minha zona e gabam-se!

  12. Olá, Juliana
    Obrigada pelo comentário. Mas o autor deste artigo não é jornalista, é cronista – isto é uma crónica. E a listagem foi feita com base na recolha de memórias dos moradores (tudo o que eles mencionaram, o autor incluiu aqui; o que não mencionaram, foi excluído). Vou passar esta informação ao autor, para ele acrescentar. Preciso apenas que nos envie mais informações sobre esta loja (e outras que queira acrescentar), para o nosso e-mail: geral@amensagem.pt
    Boa semana!

  13. Bom dia, Vítor
    Pode indicar todas as informações que estão erradas (com as devidas correções) para o nosso e-mail (geral@amensagem.pt)? Irei alertar o autor.
    Muito obrigada pelo comentário e boa semana!

  14. Excelente descrição sobre historia da av. de Roma, vivo desde os anos 60 nesta zona, e ao ler este texto, fez me recordar agradáveis momentos da minha juventude.
    Frequentei, a grande maioria dos estabelecimentos comerciais aqui referidos, recordo com nostalgia o café Roma, a pastelaria capri e o restaurante Vavá, livraria Bertrand, ainda hoje sou cliente da loja de chás e cafés a (Cafélia) .

  15. Muito obrigado pelo testemunho, dizendo ainda, que há histórias que não sabia ou não me recordava . Obrigado

  16. Gostei de conhecer as histórias associadas a esta avenida.
    É próxima do meu local de trabalho, e sinto que mudou nos últimos anos, e não é para melhor.
    Sinto-a a definhar, numa “morte lenta”, e dá dó vê-la assim. Algum comércio resiste, mas não sei se será por muito tempo. Lembra outras zonas de Lisboa, em que está tudo de passagem.

  17. Adorei o artigo. Uma autêntica viagem ao passado.
    Um único desejo meu, que francamente não acredito a vir-se a concretizar:
    Será que não se arranjariam fotos dos anos 80 da “Pastelaria Roma”? Tanto exteriores, como interiores?
    Obrigado!

  18. Residimos nesta zona desde há cerca de 60 anos e tudo quanto mostraram faz parte das nossas gratas recordações. Creio haver apenas uma omissão,pois impunha-se uma referência ao cinema Londres e ao que ele representou para os cinéfilos e para os residentes. A empresa Castelo Lopes “aguentou” enquanto pode a saudosa lembrança desta sala iconica da capital,onde estiveram presentes grandes astros mundiais e se faziam as melhores estreias de Lisboa.

  19. Optima inventariação das lojas mais icónicas da Av de Roma. Talvez se lhe pudesse juntar as farmácias. Durante muitos anos frequentei a Roma, durante o dia, e o VáVá, à noite. Primeiro, estudei no IST e, depois de formado, trabalhei no prédio do VáVá, onde o velho empregado Sr. Manolo era uma figura inultrapassável.
    A Barata era também uma paragem obrigatória quando pretendia um livro fora de venda por ter sido censurado.
    Os meus parabéns pelo trabalho efectuado

  20. Jose Casanovas, nascido em 1950 em Lisboa , na casa de meus pais, Praça Joao do Rio, nr 11 – 1 Dto.
    Como nao podia deixar de ser, senti uma nostalgia, saudável, ao ver e ler um pouco da Av. de Roma, Bilhares do Londres e Café Roma , onde nas escapadelas as aulas, nos encontrávamos sempre. Me recordo com saudade do “graxa” em que todos engraxávamos os sapatos….a época de 70, tínhamos 20 anos, era um lucho nessa altura, hoje cheia de recordações nos nossos corações e na nossa mente. Realmente a Av. de Roma tem muitas historias, recordo-me de uma, um grande amigo nosso, um pouoc mais velho e muito vaidoso, namorava uma miuda lindissima, e passeava com ela na Av Roma, e olhava para todos…sabem como era naquele tempo, então de vez enquanto alguém lhe assobiava…e ele respondia assim..É boa, mas é minha……ahahah tempos que marcam uma geração saudável
    No cinema Roma haviam festas para os miúdos…no tempo do rock and roll e do twist….Recordo uma tarde em que num concurso de dança com minha prima, ganhamos o 1 premio, um gira discos, uma caixa de plástico a pilhas para ouvir os discos pequenos de 45 rotaçoēs….ehehehe foi um sucesso, nas festas de verão nas garagens das nossas casas na praia da Costa de Caparica, ja tínhamos musica….Como nos divertiamos, saudavelmente e bebíamos refrescos.
    bom malta, fico por aqui……..nao resisti em recordar atraves de umas linhas escritas de saudade

  21. Agradeço o artigo e as recordações que nos trás. Uma correção relativamente à Capri: tinha mesas e servia também refeições. À entrada tinha o balcão, mas avançando tinha um pequeno degrau e a partir daí as mesas.
    Por outro lado, seria de referir o Café Londres, mesmo no início da Av. de Roma, já esquina com a Praça de Londres, onde hoje se encontra o Novo Banco: além de café e restaurante tinha uma cave com pistas de carros de corrida muito concorridas.

  22. Uma nota adicional: onde hoje é uma loja chinesa, junto ao McDonald, anteriormente existiu o cinema Londres e antes disso um bowling durante bastantes anos.

  23. Belíssimo trabalho. Que saudades eu tenho da Av. de Roma e da Avenida da Igreja, do Café Nova Lisboa, da loja A Ninfa de Alvalade na Rua Luis Augusto Palmeirim….. Anos 60!

  24. Nem todas são “Lojas com História”, mas todas são histórias com Lojas!

  25. Faltou falar da pastelaria Dâmaso, e de uma dúzia de lojinhas muito bairristas por esse quarteirão fora até à agência Abreu, incluindo uma papelaria, mercearia, drogaria, gelataria e uma loja de artigos elétricos. Era onde fazíamos grande parte das nossas compras nos anos 70 e 80, e onde eu, pequena com 8-10 anos fazia pequenos recados à minha mãe. De qualquer modo, adorei o artigo e a viagem no tempo que me proporcionou.

  26. obrigada, que belas memórias me trouxe!
    Morei no prédio da Suprema, até aos meus 8 anos, fim dos anos 50.
    Quase em frente à direita havia uma padaria antiga, onde as raparigas iam buscar pães de leite e brioches, e para nós miúdos, uns chupa-chupas com cor de rabanete, bem embrulhados em papel celofane. Mas se achavam que nos tínhamos portado mal, lá vinha mesmo o rabanete disfarçado de chupa-chupa, e não havia oh pai! ou oh mãe! elas teriam razão! E as nossas lágrimas de raiva misturavam-se com as delas de riso a relembrar a asneira.
    Levavam-nos ao Cortiço (escola) na Guerra Junqueiro, à Catequeze na Igreja S. João de Deus, aos baloiços, aos parques aqui e ali. É delas que mais me lembro na Av. de Roma, eram muito divertidas, sempre na brincadeira, a pregar-nos partidas e quando os pais saíam era a festa! Corridas, escondidas, até jogávamos bowling naquele imenso corredor, com laranjas e garrafas vazias – o prémio era o sumo. Em dias de chuva, já fartos de leitura, íamos para a janela fazer concursos, adivinhar a marca do próximo carro, dos táxis, as cores das roupas, dos guarda chuvas, tudo servia para nos despertar o olhar e rapidez na resposta.
    À saída do pátio das garagens havia um sapateiro muito simpático, que arregalava o olho às pequenas enquanto nos aturava com paciência …
    Aos domingos era dia de Jardim da Estrela, enquanto os pais iam à missa, de passagem para casa dos avós em Oeiras. Depois seguimos-lhes os passos e despedimo-nos da Av. de Roma.

  27. Teresa, está quase tudo correcto, desde o balcão corrido até á escada WC e copa. Agora no lado esquerdo para além da coluna do tel. público havia muitas mesas…

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