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Árvores, arbustos, uma rotunda, uma pala para proteger do sol, jogos de água e um campo desportivo – é assim que a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior imagina o futuro da praça do Martim Moniz. Miguel Coelho, o presidente da junta de freguesia, diz querer um “jardim de família” no lugar da atual praça, capaz de “arrefecer a pressão que há sobre o território e a intensidade da vida noturna”, que, considera, “ali já é muita”.
“As pessoas querem tranquilidade”, disse Miguel Coelho, na sessão de apresentação da proposta, no Palácio da Independência, junto ao Largo de São Domingos e perante uma plateia de dezenas de lisboetas.
A proposta da Junta acontece à margem do processo participativo para o futuro da praça, conduzido pela Câmara Municipal de Lisboa – a autarquia marcou presença, fazendo-se representar, na primeira fila, pela vereadora com a pasta do urbanismo, Joana Almeida.
As conclusões da Junta devem-se ao processo participativo para o futuro da praça, conduzido pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), onde se conclui que “o Martim Moniz tem de ser jardim, para que as pessoas tenham espaços de refúgio e para a vida familiar”, diz Miguel Coelho.
Isto sem deixar de potenciar o espaço enquanto “pólo multicultural”, como explicou o arquiteto Paulo Simões.
O objetivo, diz Miguel Coelho “não é condicionar a câmara no resultado final [do processo participativo], mas tornar o processo o mais agregador possível”.
A visão apresentada, apesar de pormenorizada e graficamente trabalhada, não tem o aspeto futuro da praça, já que isso vai resultar do processo participativo em curso. “É claro que não vai ser assim, mas tem os elementos todos que nos preocuparam e refletiram o debate que houve”, sublinhou o autarca.
Uma rotunda na Rua da Palma a pensar na ZER


No âmbito da Zona de Emissões Reduzidas para as zonas da Avenida da Liberdade, Baixa e Chiado, anunciada pelo anterior presidente da CML, Fernando Medina, colocada em suspenso por Carlos Moedas, e defendida por Miguel Coelho, está previsto que a praça do Martim Moniz seja uma das zonas a partir das quais a entrada de veículos automóveis no centro histórico da cidade seria limitada, facto que poderia possibilitar um novo desenho do espaço público e uma diminuição da pressão automóvel no local, nomeadamente a colocação de uma rotunda no final da Rua da Palma.
Paulo Simões, o arquiteto responsável pela proposta, apresentou três versões para o traçado das vias em torno do futuro jardim, que “poderão ter a ver, ou não, com a implementação da ZER”. Segundo ele todas as soluções procuram compatibilizar peões, bicicletas e trânsito automóvel, sugerindo ser “muito importante implementar zonas 30 e zonas 20 para criar a consciência de um parque urbano na zona do Martim Moniz”.

Por cima de um parque de estacionamento, árvores e arbustos
Para concretizar a visão de um jardim, a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior não sugere mexidas na estrutura do parque de estacionamento debaixo da praça. Isso implicava um atraso de “10 ou 15 anos” na sua requalificação. Ainda assim, garante Miguel Coelho, poderão ser plantadas “árvores de médio porte e grande porte”. Onde tal não for possível, “haverá vegetação de outro tipo”. Também Paulo Simões assegurou a existência, na sua proposta, de “vegetação de diferentes portes – arbustiva e arbórea”.
O desenho do jardim foi feito a partir do lugar do utilizador: “para estarmos dentro dele e não nos apercebermos que há tráfego em redor, diminuindo o efeito de ruído” e destacando um dos elementos propostos para o seu interior – uma “grande pala que potencia todo o espaço de praça”, explicou o arquiteto.


Onde para o processo participativo do Martim Moniz?
Está atrasado, o processo participativo, iniciado em 2019 pela Câmara Municipal de Lisboa com o objetivo de transformar a emblemática praça lisboeta a partir dos desejos e necessidades das pessoas que vivem aquele espaço. Este, por sua vez, já foi o segundo passo, depois de uma polémica contra a proposta que previa a colocação de contentores comerciais na placa central da praça, e da contestação organizada pela associação Renovar a Mouraria, com o apoio dos movimentos Grupo Gente Nova e Morar em Lisboa. Houve um cordão humano, em fevereiro de 2019, em defesa de um jardim na praça do Martim Moniz.
Com o recuo da CML, foram realizados inquéritos na praça e nos estabelecimentos comerciais à volta. Entre o final de 2020 e o início de 2021, foram recolhidos mais de mil testemunhos e realizados grupos de foco, que contaram com a participação de cerca de oito dezenas de cidadãos.
Roberto Falanga, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e consultor externo do processo, com responsabilidade na metodologia do processo participativo até ao ano passado, classificava o processo como “uma das coisas mais inovadoras e ousadas com esta complexidade a serem feitas na cidade”. Já este ano, o investigador, agora fora do processo, revelava a existência de “uma evidência” que resultou da auscultação das pessoas: “A praça precisa de ser um espaço mais verde, mais acolhedor, mais agregador”.
Depois veio a fase de entrega de desenhos de propostas, a partir das conclusões dos inquéritos. De acordo com a CML, aproxima-se, agora, a votação do programa base que determinará o futuro Martim Moniz. Esta proposta deveria ter sido votada durante o primeiro trimestre do ano, mas assim não aconteceu. Após a aprovação em reunião de câmara, é esperado o lançamento de concurso público internacional, tendo em vista o início da empreitada.
À data de publicação desta notícia, o sítio web da Câmara Municipal de Lisboa dedicado ao processo participativo para o futuro do Martim Moniz encontrava-se desativado.

Frederico Raposo
Nasceu em Lisboa, há 30 anos, mas sempre fez a sua vida à porta da cidade. Raramente lá entrava. Foi quando iniciou a faculdade que começou a viver Lisboa. É uma cidade ainda por concretizar. Mais ou menos como as outras. Sustentável, progressista, com espaço e oportunidade para todas as pessoas – são ideias que moldam o seu passo pelas ruas. A forma como se desloca – quase sempre de bicicleta –, o uso que dá aos espaços, o jornalismo que produz.
✉ frederico.raposo@amensagem.pt
Não concordo nada com este projecto. É mais do mesmo é muito pequenino para o que lisboa precisa para deixarmos obra com futuro para os lisboetas e turistas. Falta verde e união à encosta da mouraria.
O sr
Presidente que se preocupe primeiro na limpeza urbana em que o lixo e a prostituição andam de braços dados.é uma vergonha lixo com 8 dias por limpar enquanto os carros da junta passeiam pelo bairro a conta dos municipes.
O NOVO/VELHO PROJECTO DO MARTIM NONIZ
O projecto horrendo anterior continua em cima da mesa com o colorido falso dum parque infantil para adultos, arvoredo em zonas delimitadas com aparência de canteiros … Isto apesar da auscultação aos cidadãos apelar para um espaço de comunhão com a natureza e actividades de grupo como o criquete, dança, etc. Porquê levar a discussão um projecto rejeitado pelos lisboetas e que aguarda um concurso internacional? Ou a revista não sabia disto……….