A Mensagem vai ter jornalismo profissional em crioulo a partir desta semana. Pela primeira vez em Portugal, esta língua vai estar escrita e será ouvida em reportagens, entrevistas e artigos. Esta é uma homenagem a uma cidade misturada, aquela que mostramos e descobrimos todos os dias aqui na Mensagem – e é apadrinhada por Dino D’Santiago.

O crioulo, tanto na sua versão cabo-verdiana como guineense, é falado (e cantado) por muitos, em Lisboa. Através da música – uma das principais formas de penetração destas línguas no contexto dos países que falam português como língua oficial. E em Lisboa, um dos lugares de porto dessa enorme comunidade.

Karyna Gomes, jornalista de dupla origem, cabo-verdiana e guineense, vai ser a autora dos trabalhos que irão ser publicados a uma cadência quinzenal. Karyna é também cantora, guineense de mãe cabo-verdiana, e escolheu Lisboa para viver desde 2011. Estudou jornalismo em São Paulo, no Brasil, e trabalhou na RTP, rádios locais na Guiné-Bissau, “A Semana” de Cabo Verde e a Associated Press. É especialista em “Comunicação para o Desenvolvimento” tendo trabalhado com a Unicef na Guiné Bissau.

Este projeto tem o apoio de uma bolsa Newspectrum – do International Press Institute, sediado em Viena, e da rede Midas – Associação Europeia de Jornais Diários. É feito em parceria com a plataforma Lisboa Criola.

As reportagens serão apresentadas em crioulo e traduzidas em português, para facilitar a compreensão de todos – é esse o objetivo. “Estas são histórias que interessam a toda a Lisboa. O objetivo é juntar, dar visibilidade, e é uma forma de respondermos ao repto que esta cidade multicultural nos lança todos os dias, para a conhecermos melhor. Esta é certamente uma forma de a conhecermos melhor”, diz Catarina Carvalho, diretora da Mensagem.

Dino D’Santiago, padrinho deste projeto e que desde a primeira hora se entusiasmou imenso com ele, diz que “ao nascer esta fusão entre a Mensagem e esta Lisboa Criola finalmente vai materializar-se um projeto que sinto que é um grande passo para a humanidade. Espero que essa crioulização se replique com as culturas anglosaxónicas, com as francófonas, e com as hispânicas e venham mais mensagens para esta nobre nação que sempre existiu mas acho que finalmente consegue reclamar o seu lugar.”

Dino D’Santiago apresenta a parceria entre a Mensagem e a Lisboa Crioula. Vídeo: Stephen O’Regan

No total foram atribuídas 12 bolsas pelo programa europeu NewsSpectrum. O objetivo é “apoiar a sustentabilidade de línguas minoritárias na EU”. Um júri de nove especialistas fez a escolha em 11 países e 14 línguas. Este projeto é organizado e gerido pelo International Press Institute (IPI) de Viena, Áustria, em colaboração com a European Association of Daily Newspapers in Minority and Regional Languages (MIDAS) e a European Roma Institute for Arts and Culture (ERIAC).

A primeira reportagem já está publicada:

Leia também a crónica de Ferreira Fernandes: Crioulos nossos

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6 Comentários

  1. Belíssima iniciativa. Umas curiosidades: é o primeiro jornal que publica em crioulo? E como está a questão da oficialização do crioulo em Cabo Verde? Já está definido um padrão linguístico ou é um processo ainda em curso? Uma iniciativa como esta pode ser uma boa contribuição.

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