No segundo dia da Velo-city, a maior conferência mundial de mobilidade em bicicleta, falámos com Chris Bruntlett. É gestor de marketing na Dutch Cycling Embassy, uma rede de organizações públicas e privadas que partilha as melhores práticas em mobilidade urbana a partir de um dos países do mundo onde a bicicleta é mais utilizada como meio de transporte.
Depois de, no primeiro dia, termos falado com Rosa Félix sobre a importância da perspetiva de género no planeamento dos sistemas de mobilidade urbana, perguntámos a Chris o que é uma cidade feminista e qual a importância de termos uma cidade com menos carros.
De visita a Lisboa e de passagem pela Velo-city, Chris Bruntlett explica que se mudou, com a sua família, para Delft, nos Países Baixos, por ser uma cidade com menos carros que Vancouver, no Canadá, onde vivia. “É uma cidade verdadeiramente fantástica para se ser criança, idoso, devido à excelente infraestrutura para andar a pé e de bicicleta e porque há muito menos carros à tua frente enquanto estás a andar pela cidade”.
A constatação de uma ligação entre o menor peso do automóvel nas ruas e a qualidade de vida levou-o a escrever, em conjunto com a sua parceira, Melissa Bruntlett, um livro intitulado Curbing Traffic: The Human Case for Fewer Cars in Our Lives, ou, em português, Limitando o trânsito: A razão humana para menos carros nas nossas vidas.
Numa entrevista dada à Mensagem, Chris sublinha a necessidade de trazer mais mulheres ao planeamento urbano e ao planeamento de sistemas de mobilidade, “depois de 60 ou 70 anos de cidades desenhadas para homens e por homens” e num momento em que “80% da indústria de planeamento de mobilidade ainda são homens”.
Leia mais artigos sobre a Velo-city aqui.

Frederico Raposo
Nasceu em Lisboa, há 30 anos, mas sempre fez a sua vida à porta da cidade. Raramente lá entrava. Foi quando iniciou a faculdade que começou a viver Lisboa. É uma cidade ainda por concretizar. Mais ou menos como as outras. Sustentável, progressista, com espaço e oportunidade para todas as pessoas – são ideias que moldam o seu passo pelas ruas. A forma como se desloca – quase sempre de bicicleta –, o uso que dá aos espaços, o jornalismo que produz.
✉ frederico.raposo@amensagem.pt
É incrível como, perante tantos bons exemplos, de diferentes partes do mundo, que mostram como as cidades portuguesas têm de reduzir o excesso de automóveis que entopem as suas ruas e, mesmo assim, pessoas de elevada responsabilidade ainda defendem mais estacionamento, e mais vias de circulação automóvel.
Estamos mesmo muito atrasados!