Estes são os quadros da Banda Desenhada sobre a história de Lisboa, do desenhador Nuno Saraiva, que foram vandalizados no início desta semana com um enorme graftti – apenas 15 dias depois de terem sido restaurados.
São 13 e estão, segundo o autor, “irremediavelmente destruídos”. Ou seja, terão de ser completamente refeitos. “Os das filas de cima, podem ser restaurados, estes não.”

Como se pode ver nas imagens acima, a parte destruída equivale ao período histórico entre 1100 e 1700, em Lisboa, numa interpretação muito “livre” e “crítica” do autor. É por isso que ele lhe chama “Mural História de Lisboa – Uma interpretação em BD, com pouca Moral”, e também por isso não entende que tivesse havido algum tipo de ataque específico à sua visão: “é uma interpretação até bastante politicamente correta, a que faço aqui.”
Um exemplo, a vinheta sobre o Convento do Carmo, com a sua “afirmação de poder do Condestável Nuno Álvares Pereira: com uma espécie de tradução de autor, para quem curioso. É o nosso mais recente Santo, São Nuno de Santa Maria canonizado a 26 de abril de 2009, pelo papa emérito Bento XVI, Ratzinger para os amigos. Neste desenho não sou simpático para com o nosso herói de Aljubarrota. Pintado a cinzento (seria um homem lúgubre, de poucos amigos) e a vermelho sangue, segura uma espada ensanguentada numa mão e uma pesada cruz na outra. Sim, o que é que querem? Esta personagem da nossa Giesta sempre me assustou!”
Estes quadros foram restaurados – e 8 feitos de novo – há apenas 15 dias num trabalho que implicou três meses, entre a desumidificação das paredes e o apagar de anterior destruição a que tinham sido sujeitos. No total, são 26.
A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, que tinha encomendado o restauro, já fez queixa à polícia do sucedido, mas ainda não foram encontrados os responsáveis – embora seja uma tag que foi desenhada, o que normalmente significa a assinatura do autor.
Veja a notícia do vandalismo, aqui:
Mural de Nuno Saraiva em Alfama já foi danificado depois do restauro
É um ex-libris. Uma banda desenhada sobre a história de Lisboa, feita num dos mais concorridos lugares da cidade, as Portas do Sol, Alfama, pelo desenhador Nuno Saraiva. E tornou-se um dos mais fotografados spots de…
É lamentável que algumas pessoas queiram deixar uma marca pessoal destruindo o bom trabalho de outros. Contudo, vejo neste incidente uma ótima oportunidade para o Nuno Saraiva refazer o seu mural através de um olhar inclusivo, ou seja, apresentando a História na perspetiva das muitas pessoas que a fizeram ao longo do tempo mas que têm ficado no esquecimento dos manuais, reportagens e programas sobre Historia. Por exemplo, as mulheres deste país e as pessoas negras deram um contributo incontornável mas que continua sem o devido reconhecimento. Fica aqui a sugestão. Já chega de história contada no masculino branco. É parcial e injusta e os tempos atuais não se compadecem com meias histórias.
No sabia nada de Nuno, pero esta breve historia de Lisboa es importante para conocer y entender a los que visitamos por primera vez Portugal.
Es una pena que gente inescrupulosa dañe una obra como esta, que pese a su naturaleza efímera, es digna de pasar a formar parte de la historia de esta gran ciudad.
Este trabajo didáctico es muy semejante al trabajo de Eduardo del Río (Rius) en México. Parte de su obra, como “Marx para principiantes”, ha sido traducida a varios idiomas.
Está publicada en un libro o cómic esta Historia de Lisboa?