Há mais percevejos este ano em Lisboa.

O alerta começou em Paris: uma praga de percevejos fazia manchetes nos jornais e enchia de vídeos as redes sociais. Mas a praga espalhou-se por toda a Europa, chegando a Lisboa, onde muitos já os avistaram nas suas casas.

Embora não haja números certos, a BugZero, empresa de controlo de pragas, afirma: “Temos sentido um aumento em relação ao ano passado” – altura em que a Mensagem já dava conta de uma praga, também em outubro (e há uma explicação para esta coincidência temporal).

Percevejo-de-cama ou percevejo asiático?

A BugZero tem detetado casos de percevejos-de-cama, e não de percevejos-asiáticos – cujo registo terá aumentado nas últimas semanas ao longo do país e que terão também sido avistados em Lisboa.

Mas o que é que os distingue?

Os percevejos-de-cama são pequenos insetos avermelhados com seis patas e antenas, e conhecidos em inglês como “bed bugs” (insetos de cama) – porque é aí mesmo que eles gostam de se esconder: nas camas. Alimentam-se durante a noite do sangue humano, deixando picadas nos corpos.

Até já fazem parte de uma lengalenga inglesa que os pais cantam aos filhos antes de dormir:

“Good night, sleep tight, Don’t let the bedbugs bite. If they do, squeeze them tight, and they won’t bite tomorrow night” (Boa noite, dorme bem, não deixes os percevejos morder. Se morderem, espreme-os bem, e eles não morderão amanhã à noite).

Já os percevejos-asiáticos devem preocupar-nos por outros motivos: são um inseto castanho que não morde, nem pica, mas traz consigo um cheiro desagradável (é por isso conhecido como “percevejo fedorento marmoreado castanho”) e é responsável pela destruição de culturas fruteiras, hortícolas, florestais e ornamentais.

O percevejo asiático e o percevejo-de-cama.

Calor, turismo e imigração: as causas

O que explica o fenómeno dos percevejos nas principais cidades europeias? A empresa esclarece: “O turismo e os fenómenos de imigração.” Para a BugZero, outubro será o mês em que mais casos surgem de percevejos pois é o mês que se segue às viagens de agosto e setembro.

Os percevejos, que remontam ao tempo das cavernas, terão sido erradicados por volta dos anos 1950 com o desenvolvimento de inseticidas modernos como o “DDT” e a melhoria das condições de higiene.

Porém, estes “DDT” deixaram de ser usados pelos seus impactos ambientais e, a partir dos anos 1990, as pessoas começaram a viajar mais.

Ora, o percevejo-de-cama é conhecido por ser “um bicho de mala”: é lá que ele é transportado, disseminando-se pelas cidades. Já o percevejo-asiático é transportado em malas mas também em carros e contentores – durante dezembro e março, hiberna nas casas, em frechas de janelas e em barracões.

Mas o turismo e a imigração não serão as únicas causas a explicar esta praga. “Com o calor, as pragas são sempre mais propícias”, acrescenta a empresa. “Mas, principalmente, creio que tudo se deve ao facto de haver muita gente a viver em Lisboa.”

O que fazer?

Os percevejos têm desenvolvido mais resistência aos inseticidas, mas o tratamento químico é a única opção: “Não há outra forma. O percevejo infiltra-se no estrado da cama, nos colchões, há fases em que se torna impercetível ou em que é transparente”, diz a BugZero.

O aconselhável é recorrer a uma empresa de desinfestação, que tanto pode intervir no quarto que foi afetado, como em toda a casa (por onde já se podem ter espalhado). 

As empresas fazem uma pulverização e nebulização do espaço, pedindo aos residentes para abandonarem a casa durante um período de tempo, dependendo do químico utilizado (o período pode ir de dois a quinze dias).

Se está de viagem, lembre-se de verificar as malas antes de partir.


Ana da Cunha

Nasceu no Porto, há 27 anos, mas desde 2019 que faz do Alfa Pendular a sua casa. Em Lisboa, descobriu o amor às histórias, ouvindo-as e contando-as na Avenida de Berna, na Universidade Nova de Lisboa.

ana.cunha@amensagem.pt


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3 Comentários

  1. O percevejo e um bicho terrivel.
    Quando era crianca ia passar ferias a Luanda e nao conseguia dormir com tanta picada. Que sofrimento.
    Malditos bichos.
    No Lubango nao sabiamos o que era isso de percevejos. So visto.

  2. As rendas nao podem ser baratas por causa dos percevejos, meu!….

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