Manifestação contra a eliminação da ciclovia da Avenida Almirante Reis, em 2021. Foto: Rita Ansone

A utilização da bicicleta como meio de transporte na cidade de Lisboa multiplicou-se por seis na última década. Se no recenseamento populacional de 2011 apenas 599 apontavam a bicicleta como meio de transporte principal, em 2021 esse número cresceu 539%, para 3827. Estes resultados foram tornados públicos hoje, dia em que o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou os resultados definitivos do Censos 2021.

O crescimento expressivo da utilização da bicicleta é transversal a cada uma das 24 freguesias da cidade, mas é nas freguesias em que a rede ciclável mais cresceu e apresenta maior densidade que se registam os maiores crescimentos na utilização.

Na freguesia das Avenidas Novas a utilização da bicicleta entre os residentes cresceu 975% – a maior subida da cidade. Nesta freguesia a rede é densa, em pleno Eixo Central da cidade, atravessada pelas ciclovias da Avenida da República e da Avenida Duque de Ávila – duas das ciclovias mais utilizadas. Aqui, há hoje 301 munícipes que assinalam a bicicleta enquanto meio de transporte preferencial, face aos 28 registados em 2011 pelo INE.

Em Alvalade, freguesia atravessada também pelo Eixo Central e onde a rede ciclável se foi densificando nos últimos anos, a utilização da bicicleta também subiu significativamente – um aumento de 805%.

Onde a rede ganhou novas ciclovias, nas freguesias do Areeiro e de Arroios – atravessada pela ciclovia da Avenida Almirante Reis – a utilização da bicicleta também adquiriu particular destaque, com crescimentos de 932% e 940%, respetivamente.

Nos territórios que não viram, ainda, uma grande aposta na criação de ciclovias, o crescimento é elevado, embora menos expressivo.

É caso disso a freguesia da Ajuda, sem ciclovias, que passou de apenas 8 residentes utilizadores da bicicleta para 38 (+375%), ou de Santa Clara, com apenas 69 utilizadores de bicicleta registados em 2021, face aos 11 de 2011 (+527%).


Frederico Raposo

Nasceu em Lisboa, há 30 anos, mas sempre fez a sua vida à porta da cidade. Raramente lá entrava. Foi quando iniciou a faculdade que começou a viver Lisboa. É uma cidade ainda por concretizar. Mais ou menos como as outras. Sustentável, progressista, com espaço e oportunidade para todas as pessoas – são ideias que moldam o seu passo pelas ruas. A forma como se desloca – quase sempre de bicicleta –, o uso que dá aos espaços, o jornalismo que produz.

frederico.raposo@amensagem.pt

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4 Comentários

  1. Pena é que esses psedoutilizadores de bicicletas, que se dizem ciclistas com todos os seus direitos, não o façam durante o ano todo. Nos meses de verão é vê-los quase em fila indiana por tudo quanto é lado, quando começam as escolas, mais de metade desaparecem subitamente, no inverno contam-se pelos dedos. E quando chove então, bem chego a fazer quilómetros na minha bicicleta até encontrar alguém numa. Grandes ciclistas……de bolso…..

  2. Francisco, apesar de não ser uma regra absoluta, o uso sazonal de bicicletas (e outros modos de transporte ativo) é notável em inúmeras cidades espalhadas pelo mundo. Agora, os fatores que condicionam esse uso “esporádico” vai além de somente o clima, e muitas vezes tem maior relação com as condições das infraestruturas (se as ciclovias não ficam cheias de poças de água e escorregadias, se as bicicletas partilhadas não estão molhadas e até mesmo o tempo de espera nos semáforos exposto às intempéries) e até mesmo a própria cultura de bicicleta.
    De qualquer jeito, se queremos que as pessoas substituam os carros pelas bicicletas, o primeiro passo é implantar infraestrutura de qualidade, como ciclovias segregadas dos automóveis e docas de bicicletas partilhadas, e expandir a rede ciclovias existente.
    Aqui segue um vídeo com um ótimo exemplo, uma comparação da diferença do uso sazonal de bicicletas no Canadá e o contínuo na Finlândia.
    https://www.youtube.com/watch?v=Uhx-26GfCBU&ab_channel=NotJustBikes

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