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A dança foi a arma que a ucraniana Elena Vertegel utilizou em resposta à guerra. Mais precisamente um flash mob que escreveu um pedido de SOS gigante com as cores da Ucrânia em plena Praça do Comércio. Foi asssim que esta bailarina e coreógrafa deixou a sua mensagem durante o protesto que uniu os lisboetas de todas as nacionalidades no último domingo (27), em nome da paz.
Nascida em Stepnogirsk, nas margens do Rio Dniepre, e próxima de uma das zonas de conflito mais intenso, Mariupol, Elena Vertegel viveu oito anos em Kiev até mudar-se para Lisboa, em 2019, cidade que escolheu para morar após ter estudado, entre 2017 e 2018, dança e arte performativa na Performact, em Torres Vedras.
Na Ucrânia ainda está o irmão de Elena, que procurou proteção dos bombardeamentos num abrigo subterrâneo.

Na cidade natal ainda está o irmão de Elena, com quem mantém contacto regular.
“Ele está protegido, junto com a namorada e os amigos, num dos abrigos subterrâneos da cidade”, diz a ucraniana, que ministra aulas de Pilates em Lisboa, enquanto prepara um espetáculo para o segundo semestre, no Teatro do Bairro Alto, em parceria com o Ja International Theatre, Self-Mistake e a Oficinas do Convento.
A ideia de produzir um flash mob para o protesto surgiu um dia antes, no sábado. “Entrei em contato com os organizadores e perguntei se podia participar com performance artística. Eles não me conheciam, mas confiaram em mim”, conta Elena, que após ter o sinal verde, convocou os amigos pelas redes sociais.
A performance reuniu 50 amigos da coreógrafa, de mais de 15 nacionalidades, incluindo a Rússia.

Não houve um único dançarino profissional em ação na Praça do Comércio.
“Estavam lá apenas os meus amigos, e não só da Ucrânia, mas de várias nacionalidades, de Portugal, do Brasil, Roménia, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Irlanda, Reino Unido, Finlândia, Kosovo, Letónia, Hong Kong, Bielorússia e até da Rússia”, conta.

O ensaio levou cerca de uma hora, onde os 50 participantes prestaram atenção às orientações da coreógrafa. “Foi o primeiro de uma série de performances que vamos fazer enquanto a guerra continuar”, conta Elena, que nesta segunda (28) fez anos e o presente desejado não poderia ser outro:
“Quero a paz. Um presente não só para mim, mas para o mundo.”

Álvaro Filho
Jornalista e escritor brasileiro, 50 anos, há sete em Lisboa. Foi repórter, colunista e editor no Jornal do Commercio, correspondente da Folha de S. Paulo, comentador desportivo no SporTV e na rádio CBN, além de escrever para O Corvo e o Diário de Notícias. Cobriu Mundiais, Olimpíadas, eleições, protestos – num projeto de “mobile journalism” chamado Repórtatil – e, agora, chegou a vez de cobrir e, principalmente, descobrir Lisboa.
✉ alvaro@amensagem.pt
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