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Um homem chega aos 85 de idade e o melhor que faz é recordar. Nem tudo. Nomes, datas, as palavras que damos às coisas, tendem a fugir para frinchas na memória. Permanecem firmes, porém, os factos que a mente selecciona como inesquecíveis. Lembro-me, como se tivesse acontecido esta manhã, da hora matutina em que pisei o chão do DL, na Rua Luz Soriano, Bairro Alto dos meus encantos, para fazer parte de uma redação pequena de número – 19 bravos e uma senhora – mas exemplar.
“Onde me sento?” – “Ali”, informou um dos chefes (Vítor Direito, Renato Boaventura, Beça Múrias, João Gomes) e fiquei ao lado do Mário Castrim, próximo do Zé Carlos de Vasconcelos, do Joaquim Letria, do Fernando Assis Pacheco, do Afonso Praça – acolá outros craques do time. A única mulher – Antónia de Sousa – trabalhava num gabinete, protegida de eventuais deslizes no vozear dos camaradas. Era assim.
Estávamos no final da década de 60 e eu vestia a camisola dos torneios do DL em todos os sentidos, inclusive nos torneios de futebol em que me exibia ao lado do Assis Pacheco. Temível dupla de pontas-de-lança!
Nostalgias atléticas à parte, uma convicção: o Diário de Lisboa dessa época, como de outras e notáveis épocas, ainda faz falta por cá. Devia renascer.
*Escritor e jornalista.
O que faz falta é dar poder á malta! E esta malta era excepcional.
O meu Pai comprava sempre o DL, às vezes a Capital e o Diário Popular, mas não sei porquê, gostava mais do DL, era mais escorreito, limpo, com melhores jornalistas? Talvez! Mas tenho saudades, do DL e do meu Pai a subir a rua com o jornal debaixo do braço e as mãos nos bolsos.