oxford street
35 pequenos negócios serão apoiados pelo Conselho Municipal durante seis meses. Foto: unsplash

Oxford Street, a rua de Londres conhecida por excelência pelo seu comércio, está prestes a sofrer uma mudança. Onde antes proliferavam espaços como lojas de souvenirs ou doces americanos, vão renascer novas lojas de comércio local e diferenciador que vão usufruir de uma grande vantagem: não vão pagar renda.

O projeto “Meanwhile On: Oxford Street” é promovido pelo Conselho Municipal de Westminster e a New West End Company. Será a a consultora Someday Studio a gerir o projeto que apoiará 35 marcas ao longo de três anos, com a primeira a abrir já no próximo outono.

A ideia é apoiar o comércio local e fazer rejuvenescer esta artéria.

Geoff Barraclough, membro do gabinete responsável pelo planeamento e desenvolvimento económico de Westminster, explica o que motiva este programa: “O West End recuperou rapidamente da pandemia, mas ainda existem muitas unidades vazias e ocupadas por lojas de baixa qualidade.”

A Oxford Street é uma das ruas mais movimentadas da capital londrina. Foto: unsplash

Para se candidatarem, estes negócios terão de estar à procura de um espaço físico, ter algo para oferecer à Oxford Street em termos de produtos, eventos, experiências, conceitos, mostrar interesse no futuro desta rua e preocupação com a sustentabilidade.

Os negócios escolhidos terão acesso a um espaço de elevado perfil para materializarem a história da sua marca através de novas tecnologias – como realidade aumentada, exposições interativas e, em alguns casos, mostrarem o processo de produção aos clientes através de máquinas nas lojas.

Os espaços podem ser ocupados por uma só marca ou por várias.

A ideia é que seja oferecido apoio a novos negócios nos primeiros seis meses: para além de não pagarem renda, beneficiarão de uma redução mínima de 70% nas taxas comerciais. Porém, os candidatos terão de financiar todos os outros custos associados a gerir uma loja e mostrar potencial para a continuidade da marca depois do programa.

Inspirado em modelos de sucesso

Este é um programa novo, mas o seu modelo inspirou-se em projetos anteriores.

Em 2021, o Conselho da Cidade de Westminster cedeu um espaço de loja pop-up em Regent Street a Kitty McEntee, fundadora da Lab Tonica, onde esta vendia produtos botânicos, chás, bálsamos, presentes de aromaterapia. Uma oportunidade que lhe permitiu estabelecer contacto com outros comerciantes em Oxford Street. Atualmente, a Lab Tonica tem uma concessão permanente na cadeia de lojas Selfridges.

O mesmo sucedeu com Petit Pli, uma marca sustentável de roupas para crianças, que permite que as roupas expandam até sete tamanhos, evitando-se assim a compra constante de roupa à medida que as crianças crescem. A Petit Pli começou também com uma loja pop-up através do apoio do Conselho, que permitiu que a marca ganhasse uma loja permanente em Londres.

Poderia funcionar em Lisboa?

Londres tomou a dianteira, mas poderia Lisboa seguir-lhe o exemplo?

João Barreta, especialista em Gestão do Território e Urbanismo Comercial, acredita que esta iniciativa é meritória, mas implica um “envolvimento sério e o compromisso ativo de várias entidades locais (públicas e privadas)” que lhe parecem difíceis de alcançar em Lisboa.

“As experiências passadas, com os Projetos Especiais de Urbanismo Comercial desenvolvidos em Lisboa e o Projeto da ABC – Agência para a Promoção da Baixa-Chiado, serão apenas dois exemplos paradigmáticos do tipo de dificuldades de articulação e entendimento entre as várias partes envolvidas e/ou a envolver em processos de organização, gestão e dinamização do Comércio da Cidade”, explica.

O especialista já apresentou uma proposta de criação de uma estrutura UTIL (Unidade Territorial Integrada de Lisboa), vocacionada para o comércio, um Plano de Ação e Desenvolvimento Integrado do Comércio de Lisboa. “Na minha modesta opinião, seria muito útil”, acrescenta.

Entretanto, zonas como a Baixa de Lisboa continuam afogadas num comércio cada vez menos local e diferenciador.

Recorde estas histórias:


Ana da Cunha

Nasceu no Porto, há 27 anos, mas desde 2019 que faz do Alfa Pendular a sua casa. Em Lisboa, descobriu o amor às histórias, ouvindo-as e contando-as na Avenida de Berna, na Universidade Nova de Lisboa.

ana.cunha@amensagem.pt


O jornalismo que a Mensagem de Lisboa faz une comunidades,
conta histórias que ninguém conta e muda vidas.
Dantes pagava-se com publicidade,
mas isso agora é terreno das grandes plataformas.
Se gosta do que fazemos e acha que é importante,
se quer fazer parte desta comunidade cada vez maior,
apoie-nos com a sua contribuição:

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *