
DJ Mandas espera que o concerto de estreia no estádio do Restelo, no mítico Tributo ao Afrohouse, dia 31, seja a sua rampa de lançamento. A rampa de um DJ que nasceu na Guiné, viajou por países e géneros eletrónicos, criou o Afrotina, ritmo que funde afrohouse e o Badju di Tina da Guiné-Bissau, passou pelo Brasil e pela China.
Tem de valer a pena, até porque ele já deixou para trás outra vida: uma carreira em Direito que conquistou com sacrifício na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
De alma livre, sempre dividiu o tempo entre a música e os estudos – sobretudo para agradar aos pais – mas foi nos bares e nas casas de música eletrónica que encontrou o seu caminho, como DJ e como produtor. Começou como um simples animador de festas que organizava enquanto estudante e passou a ser o DJ mais respeitado na comunidade africana quando deixou o Rio de Janeiro em 2012.
Voltou para Bissau onde ficou por mais ou menos um ano e mudou-se para a China, país onde se consagrou. Ainda sonha com dois featurings: um com a cantora fadista portuguesa Mariza e outro com o mundialmente conhecido Ed Sheeran.
Conta-me um bocado da tua história. Como é que a música entrou na tua vida?
A música sempre fez parte da minha vida. Não sei dizer quando é que comecei a fazer música… cresci a ouvir música e nas atividades de escutismo eu me destacava nas artes, desde o teatro às danças tradicionais… e na escola eu fazia playbacks nas festas de 1 de junho. Sempre tive ligação com a arte mesmo sem me dar conta. Isso ainda nos anos 1990.
Como foi a tua infância?
Tive uma infância muito boa, é claro! Foi em Bissau, não é? (risos) Uma infância diferente da infância de atualmente. Numa época em que não havia telemóveis nem muitas tecnologias à volta… estudava durante a semana e aos sábados fazia atividades de escuteiro em Bissau, ligadas à Igreja Católica. Tive uma infância o mais simples possível, mas feliz.
E qual era o género musical que mais te chamava atenção?
Kizomba, Zouk, Pop… também era muito fã do Michael Jackson e do Gil Semedo. Eu morria pelo Gil Semedo.
Imitavas o Michael Jackson a dançar?
Imitava mais o Gil, mas na verdade ele também imitava o Michael Jackson, portanto eu imitava indiretamente o Michael. O Gil era mais fácil para mim pela proximidade cultural e linguística.
Dentro desse género, quem foi a tua maior escola musical?
Eu era muito fã do Kaysha, mas na altura em que fui estudar no Brasil foi o Manecas Costa que eu ouvia sem parar. Ouvia sempre o disco Paraíso di Gumbê do Manecas quando fazia limpezas e cantava o disco todo.
Quando é que começaste a sentir que eras artista e que não podias fugir?
Da maneira como fui criado era difícil que os meus pais aceitassem que me tornasse artista. Dei vários sinais, mas não me ligaram nenhuma, ou seja, sempre mostrei que queria ser artista, mas meus pais não queriam e tive de estudar. Chegou uma hora – e isso já na China – a partir de 2015, em que senti que não havia mais voltas a dar, comecei a tocar muito e a ter um público cada vez maior.
Vamos recuar até ao Brasil no início da década de 2000 quando ainda eras estudante. Foi aí que começou a tua música?
No Brasil nós tínhamos os convívios de finais de semana. Havia churrascadas todas as semanas. Como sempre gostei muito de música, eu tinha três estojos de CDs que levei da Guiné-Bissau e com eles animava as festas. Comecei a destacar-me porque sempre tinha músicas novas. Essa altura foi o auge do kuduro e foi quando um amigo guineense que tinha um bar no Rio de Janeiro convidou-me para tocar lá. Mas a primeira experiência correu muito mal.
Então?
Sim! Mas por outro lado, a partir daí, em 2008, foi quando comecei a perceber que tinha de aprender a misturar e que não bastava apenas carregar no botão do play… comecei a trabalhar em casa com um software que encontrei na internet e aprendi a fazer sons. Em 2010 passei a ser o DJ mais destacado na comunidade africana no Rio de Janeiro. Saí do Brasil no auge!
E então porque é que deixaste o Brasil?
Na altura tinha de regressar para ir buscar o diploma na Embaixada do Brasil na Guiné-Bissau e arranjar um trabalho por lá. Também, o foco nos estudos fez com que ficasse mais contido… e para obedecer meus pais terminei os estudos enquanto trabalhava de DJ como hobby. Tinha de voltar para Bissau porque para meus pais eu nunca seria um DJ. Cheguei lá em 2012, mas não consegui me readaptar, muito menos arranjar um trabalho.

Mas então e a China onde entra nisso tudo?
Fui para a China em 2013 porque o meu melhor amigo tinha um bar na China e convidou-me para ir trabalhar com ele. Ele conhecia muitas pessoas do meio da música e foi assim que entrei no mercado dos bares…
Um meio completamente diferente, uma cultura diferente… Como é que te adaptaste?
Na altura os estilos musicais do público que eu tinha no Brasil e na China eram bem diferentes… Na China tinha que tocar para um público multicultural (tinha americanos, asiáticos, europeus, etc…), no Brasil eram estudantes dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e eles gostavam mais ou menos das mesmas músicas. Isso mudou tudo.
Que músicas usaste?
Comecei com o Hip Hop, depois o Pop, o Afrobeat com bastante aceitação e depois de ter tocado em todos os bares que achava bons, comecei a crescer e os bares tornaram-se pequenos. Queria algo maior e por isso tive de mudar novamente de estilos. Fui residente por três anos na PlayHouse que está entre as melhores casas de música eletrónica do mundo segundo a revista DJ Mag – uma revista que elege melhores DJs e discotecas do mundo. Passei então a tocar Progressive House, Big Room, Future House, Trap, dubstep e muitos outros que fazem parte do EDM (Eletronic Dance Music). Um mundo completamente diferente do que eu estava habituado no início, mas que me fascinava!
Mudaste da China para Lisboa, mais uma vez, no auge da tua carreira lá. Porquê?
Já tinha de ter vindo para Lisboa desde 2020, mas a pandemia não deixou. Assinei um contrato com a Kavi Music no mesmo ano, mas não consegui vir. Aqui estou perto da minha equipa, estou mais próximo dos artistas com os quais trabalhei sempre à distância. Para gravar vídeos por exemplo era muito difícil. A China é muito longe. Trabalhávamos tudo separadamente, e por isso senti a necessidade de estar perto de casa, perto da minha gente, Sem esquecer que a minha nova música é muito mais consumida na comunidade guineense e dos PALOP.
Sentiste que sofreste algum tipo de preconceito na China?
É difícil ser negro e não sentir racismo na China, mas o racismo está em todo lado… não só na China. Para um DJ negro como eu sempre tive de trabalhar e dar mais no duro do que os outros, e isso ajudou-me a ser o profissional que eu sou hoje.
Porque é que chamas Lisboa de casa?
Por questão de saúde, a minha mãe resolveu morar cá, meus amigos de infância a maioria está a morar aqui em Lisboa e a minha filha veio para estudar há dois anos. Isso tudo me faz sentir como se estivesse em casa. A língua, a comida e a cultura portuguesa que é mais próxima da minha do que a cultura chinesa por exemplo.
Qual é o teu maior sonho em Lisboa?
Encher uma casa icónica da cidade de Lisboa, como o Coliseu ou o Campo Pequeno. Sou muito fã da cidade de Lisboa. Mas tenho os pés no chão, quero construir tudo passo a passo a minha carreira.
Qual é o teu featuring de sonho no Mundo e em Portugal?
Ed Sheeran e a fadista Mariza.

Como amante de fusões e de estilos diferentes, recentemente fizeste uma fusão do Afrohouse com o género guineense “Badju di Tina” ou Kumboy, que chamaste de Afrotina. Como é que surgiu a descoberta?
Foi em 2018, 2019 que senti a necessidade de ir atrás das minhas raízes. Estava na China, já tinha tocado de tudo e precisava de me situar melhor musicalmente e criar uma assinatura. Fui a fundo e criei o afrotina. Numa das viagens à Guine juntei-me ao guitarrista Eliseu Forna e comecei a contruir um novo género ou estilo dentro do EDM (Eletronic Dance Music), mas com as minhas raízes. Criei um beat e um tema com o Manecas Costa, mas o ponto mais alto foi o tema “Human”… contigo! E foi quando as pessoas da minha comunidade sentiram qual era a mensagem e a letra da música deu uma força especial. Foi o ponto alto da minha fusão. Misturar Afrohouse com o instrumento musical Tina e a dança “Badju di Tina”.
É um ritmo que criaste e estás a desenvolver. Qual é o futuro, vais continuar?
Com certeza. Ela irá me acompanhar sempre. É a minha proposta para a música de dança (EDM). Hoje tenho vários DJs a fazer Afrotina. DJ Cheikna da Guiné-Bissau por exemplo e muitos outros.
Criaste proximidade diferente com os teus fãs e isso nota-se, podes falar disso?
Essa sempre foi a minha reação perante o carinho que recebia dos fãs. Arranjei uma abordagem de afeto para os fazer sentir que toco para eles serem felizes. Isso para mim é fundamental. É minha missão.
Achas que és uma referência na tua geração?
Penso que sim. E isso deixa-me contente.
Quais são os teus maiores desafios no futuro?
Meu maior desafio é sem dúvida a paciência e conquistar do zero um público novo dentro do universo lusófono em Portugal. As coisas já estão a acontecer! Estou no cartaz do Sol da Caparica no palco eletrónico, também estarei no dia 31 de julho no Festival Tributo a Afrohouse no estádio do Restelo. Na Caparica terei no mesmo palco DJs que admiro muito como o Djeff que é um dos meus ídolos. Entre os meus ídolos também está o DJ Black Cofee e o DJ Snake.
DJ Mandas: “Sunhu mas garandi na Lisboa? Intchi un kasa suma Coliseu ou Campo Pequeno. Ami i fã di sidadi di Lisboa.“
Na kumsada di ês anu, Noelson Teixeira mas kunsidu pa DJ Mandas, disidi munda di un tera ku txomadu Chengdu, provínsia chinês di Sichuan, mas kunsidu pa tera di Panda, na auji di si karera suma Dj na un di mindjoris diskoteka di musika iletróniku di mundu, ku sedu Playhouse – pa bin mora suma tarbadja na Lisboa. Pa “fika más pertu di si djintis, pa yangasa mundu, mas di ki sin”, i konta.

Na ês dia 31 di julho ku na bin, i na ranka na stádiu di Restelo, na kil garandi festival ku txomadu Tributo ao Afrohouse. És konsertu pudi bin sedu ranpa di lansamento di és DJ ku padidu na Guiné-Bissau, ku bai manga di teras, i kunsi manga di stilo di musika iletróniku i ku kiria Afrotina, ku sedu kil ritmo ku ta djunta afrohouse ku Badju di Tina di Guiné-Bissau. Na tera ki padidu i konkista dja publiku suma tanbi na kumunidadis guineensis suma di PALOP ku spadja na mundu.
I disa tan pa trás un karera na Dirito ku i kansa txiu pa yangasa na Universidadi Stadual di Rio de Janeiro. Di alma livre, el senpri i dividi si tenpu entri musica ku skóla – mas pa pudi fasi si pape ku si mame vontadi – ma i foi na baris ku kasas di música iletróniku ki otxa si kaminhu suma DJ, dipus suma prudutor. I kumsa suma un sinplis animadur di festas ku ê ta fasi ba otxal studanti ma i bin bida to i sedu DJ mas rispitadu dentru di kumunidadi afrikanu na Rio di Janeiro otxa ku i sai la na 2012.
I riba Bissau nundê ku i fika nel kuás un anu i bin munda pa China, tera nundê ki bin bida kil ku sedu aós. Ma i ta sunha inda ku dus featurings: um unson ku kantora fadista purtuguis Mariza i utru ku kantor ku kunsidu mundialmenti Ed Sheeran.
Kontanu un bokadu di bu stória. Kuma ku musika entra na bu vida?
Músika senpri fasi parti di nha vida. Nka sibi kontau kal tenpu ku ami n’kumsa fasi musika …n’kirsi na ôbi musika, kaba na nha atividadis di skuteru n’ta distaka ba senpri na arti suma tiatru, badjus tradisiunal…kaba na skóla n’ta fasi ba playbacks na festas di 1 di junho. Ami senpri ntêvi ligason ku arti sin da di konta. És tudu na anus 90.
Kuma ku i era ba bu mininesa?
Nha mininesa era mutu bon, klaru! I era na Bissau, i ka êl? (garasas). Un mininesa ku ka parci ku mininesa di gosi. Na tenpu nundê ku ê nóbu teknolojia ka ten ba…n’ta studa ba dias di sumana i dia sábadu n’ta fasi ba atividadis di skuteru na Bissau, di Igreja Katoliku. N’têvi un mininesa mas sinplis pusível, mas filis.

Kal ki stilu di musikas ku mas ta txomau ba atenson?
Kizomba, Zouk, Pop… tanbi ami era ba muto fã di Michael Jackson ku Gil Semedo. N’ta muri banan pa Gil Semedo.
Bu ta remenda ba Michael Jackson na badja?
N’ta remenda ba Gil, ma na bardadi el i ta remenda ba Michael Jackson, portanto ami indiretamenti nta remenda ba Michael. Gil era mas fácil pa mi pabia nô mas sta pertu n’útru kulturalmenti i linguistikamente.
Dentro di ´s stilus, kin ku foi bu skóla musikal mas garandi?
Ami i era ba fã garandi di Kaysha, ma otxa n’bai studa na Brasil Manecas Costa ke n’ta obi ba sin para. N’ta obi ba senpri disku Paraíso di Gumbê di Manecas óra ke n’na limpa ba kau kaba nta kanta ba disku tudu.
Kal tenpu ke bu sinti kuma abô i artista i bu ka pudi ba kapli di kila?
Ami manera ku n’kiriadu i era ba difísil pa nha papé ku nha mamé seta ba pa n’bin sedu artista. N’da elis manga di sinal, ma ê ka ligan, ku sedu, senpri n’mostra elis kuma n’misti ba sedu artista, ma elis ê ka misti ba logu n’têvi ku studa. Ma i bin txiga un óra na China – a partir di 2015 – n’sinti di kuma nka pudi ba dja riba mas trás, n’kumsa na tene mas publiku kada dia ku na pasa.
Nô riba mas trás na Brasil na kumsada di anus dus mil otxa ke bu era ba inda studanti. La ku bu músika kumsa nel?
Na Brasil no ta tene ba kil kontradas di fin di sumana. No ta yasa ba karni tudu sumana. Suma ami senpri n’gosta di musika, n’tene ba tris stoju di musika ku n’leba ba di Bissau…elis ku n’ta anima ba festas ku el. N’ta ditakaba senpri pabia n’ta tene ba musikas nobu tudu óra. Kil tenpu kuduro staba na si auji otxa ku un nha amigu di Guiné kunbidan pa n’bai anima na si bar ki tene ba na Rio di janeiro. Mas kil purmeru biás kusas kuri mutu mal.
Nbê! Kuma kê?
Sin! Mas kila tan ke pui, a partir di la, na 2008 i foi anu nundê ku n’sina kuma n’ten ku tarbadja mas pa buri kunhisimentu, n’sina kuma i ka son perta boton di play…di la ke n’kumsa tarbadja na kasa ku un software ku n’otxa na internet n’sina fasi sons. Li pa 2010 n’pasa sedu Dj mas distakadu na kumunidadi afrikanu di Rio de Janeiro. N’sai di Brasil otchan la riba!

Pabia ku bu sai di Brasil?
Kil tenpu n’ten ba ku riba pa bai buska nha diploma na Embaixada di Brasil na Guiné-Bissau, n’ten ba ku randja un tarbadju la. Tanbé, manera ku n’konsentra ba na studa i pui pa n’ka foka mas na tarbadju di DJ… Suma Ndisidi fasi kil ku nha mamé ku nha papé misti n’kaba kursu, enkuantu tarbadju di DJ era ba son un hobby. N’ten ba ku riba pa Bissau pabia pa nha papé ku nha mamé ami nunka n’ka na txiga ba di sedu DJ. N’txiga la na 2012, ma n’ka konsigi riadapta, nin randja tarbadju.
Ma nundê gora ku China ta ientra na ês tudu?
N’bai pa China na 2013 pabia nha mindjor amigo mora ba dja la i kunbidan pa n’bai tarbadja ku el. El i kunsi ba manga di djintis ke ta tarbadja ku musika pabia di kila ke ami n’ientra na merkadu di baris…
Um anbienti konpletamenti diferenti, un kultura diferenti… kuma ke bu adapta ?
Kil tenpu estilos di musika di publiku ke n’têne ba na Brasil i mansia ba txiu ku di kilis ku djintis ta obi ba na China … Na China nô ten ba ku toka pa un publiku diferenti multicultural (americanus, asiáticus, europeus etc…), na Brasil i era ba estudantes di PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) i elis ê gosta ba di memus musika. Kila ke pui n’muda tudu.
Kal tipus di musikas ku bu toka?
N’kumsa ku Hip Hop, dipus Pop, Afrobeat ku setadu la txiu i dipus di n’toka na tudu kil baris ku n’otxa kuma i era bom, n’kumsa kirsi, logu kil baris bida pikininu pa mi. N’misti ba um kusa mas garandi ma kila pui n’torna torkia di stilu. N’tarbadja tris anu suma risidenti na PlayHouse ku sta entri mindjoris kasas di musika iletróniku di mundu pa rivista DJ Mag – un rivista ku ta iliji mindjoris DJs ku diskutekas di mundu. N’kumsa toka Progressive House, Big Room, Future House, Trap, dubstep ku manga di utrus stilus ku ta fasi parti di EDM (Electronic Dance Music). Un mundu kompletamenti diferenti di kil ku n’kustumaba na kumsada, ma ku tenen ba kontenti !
Bu munda di China pa Lisboa, mas un biás na auji di bu karera. Pabia?
Ami nten ba dja ku bin pa Lisboa na 2020 ma pandemia ku ka disa. N’sina kontratu ku Kavi Music na memu anu ma n’ka konsigi bin. Li n’sta pertu di nha ekipa, n’sta mas pertu di artistas ku n’tarbadja ku el sempre di lundju. Pa grava vídeos i era ba kansadu dimás. China lundju dimás. Nô ta tarbadja ba tudu siparadu, pabia di kila n’sinti kuma n’dibi di bin pertu di kasa, pertu di nha djintis, sin diskisi kuma nha stilu di musika nobu ta obidu mas na kumunidadi guineensi ku kumunidadi PALOP.
Bu sinti algun tipo di diskriminason na China?
I difísil sedu pretu sin bu ka sinti rasismu na China, ma rasismu sta na tudu ladu …i ka son na China. Pa um Dj pretu suma mi, n’ten ba ku tarbadja mas txiu di ki utrus pa mostra kal ki nha balur, kila djudan pa n’sedu prufisional ku sedu aós.
Pabia ke bu ta txoma Lisboa di kasa?
Pabia di saúdi, nha mame disidi bin mora li, nha amigus di mininesa maiuria mora li na Lisboa, nha fidju fémia bin studa li i fasi dja dus anu. És tudu ta fasi pa n’sinti sima si kontra n’sta na kasa. Língu, kumida ku kultura purtuguís mas pertu nha kultura di ki kultura chinês.
Kal ki bu sunhu mas garandi na Lisboa?
Intchi un kasa suma Coliseu ou Campo Pequeno. Ami i fã di sidadi di Lisboa. Ma nha pé na txon, n’misti kumpu nha karera garan-garan.
Kal ki featuring ke bu ta sunha ku el na Mundo ku na Portugal?
Ed Sheeran ku fadista Mariza.
Manera ku bu gosta di djunta stilus diferentis, i ka tarda ku bu kiria un mistura di afrohouse ku stilu guineensi “Badju di Tina” ou “Kumboy”, ku bu txoma Afrotina. Kuma ku bu fasi ês diskuberta?
Na 20018, 2019 n’kumsa sinti vontadi di buska nha rís. N’sta na China, ntoka ba dja tudu tipu di musika ma n’pirsisa ba di rapada mindjor kal ki nha son, di kiria nha assinatura. N’bai fundo n’bin ku Afrotinana un di nha biasis pa Guine n’djunta ku tokadur di guitara Eliseu Forna n’kunsa kumpu ê nobu ritmu ku stilu dentro di (Eletronic Dance Music), ma ku nha rís. Nkiria un beat, un kantiga ku Manecas Costa, ma nt’xiga inda mas ludju ku tema “Human”… ku bô! Kila fasi pa n’txiga mas lundju na kumunidadi pabia di ritmu, mas tambi pabia di rekadu ku sta na kantiga ku tene ba un forsa spesial. Djunta Afrohouse ku instrumentu Tina suma tan ku “Badju di Tina”.
I um ritmu ke bu kiria, bu sta na disinvolvi. Kal ki futuru, bu na kontinua?
Ku sirtesa. I na kumpanhan senpri. És i nha proposta pa musika ku badju (EDM). Aós i ten dja manga di DJs ku ta toka Afrotina. Dj Cheikna di Guiné-Bissau i manga di utrus.
Bu kiria un kumplisidadi diferenti ku bu fãs, kila ta notadu. Bu pudi papia di ês?
Ês senpri foi nha manera di trata elis pabia di manera ku êlis tan ê ta tratan dritu. N’randja un manera di nina êlis pa ê sinti kuma pa êlis ku ami nta fasi musika pa ê sinti ben. Kila pa mi i fundamental. I nha mison.
Bu otxa kuma abô i un referensia na bu jerason?
Ku umildadi n’pensa kuma sin. És ta disan kontenti.
Kal ki disafiu mas garandi ku bu tene pa futuru?
Nha disafiu mas garandi sin duvida i tene pasiensia pa kumsa konkista un nobu publiku dentru di és universu lusófono na Purtugal. Ma kusas sta dja na akontisi! N’sta na kartás di Sol da Caparica na palco iletróniku, tambi na sta dia 31 de julho na Festival Tributo a Afrohouse na stádio di Restelo. Na Caparica n’ta tene na memu palku Djs ku n’ta dimira txiu suma Djeff ki un di nha ídulus. Entri nha idulus i sta tan DJ Black Cofee ku Dj Snake.

Karyna Gomes
É a jornalista responsável pelo projeto de jornalismo crioulo na Mensagem, no âmbito do projeto Newspectrum – em parceria com o site Lisboa Criola de Dino D’Santiago. Além de jornalista é cantora, guineense de mãe cabo-verdiana, e escolheu Lisboa para viver desde 2011. Estudou jornalismo no Brasil, e trabalhou na RTP, rádios locais na Guiné-Bissau, foi correspondente de do Jornal “A Semana” de Cabo verde e Associated Press, e trabalhou no mundo das ONG na Unicef e SNV.