A escolha de Portugal como fonte de inspiração para o novo mapa do vídeojogo , que se chama Pearl, deveu-se à vontade de desenhar um mapa de um sítio tradicional e antigo.

“Queríamos que fosse algo antigo e rico em história, um lugar que representasse a Europa antiga, mas ao mesmo tempo que fosse um lugar onde as pessoas se sentissem confortáveis”, explica Alberto Delgado, da Riot Games.
“Começámos a ver várias localizações e percebemos que queríamos que o mapa fosse um cenário debaixo de água. Portugal e Lisboa pareceram-nos os lugares ideais devido ao tamanho da costa”, afirma, referindo que o jogo se passa num universo alternativo, na Terra Ómega, que vive um desastre climático e que, por isso, o mapa não existe na realidade.
Apesar disso, há vários elementos que remetem para Portugal ou para Lisboa. “Umas mais visíveis, outras mais discretas, há várias coisas que remetem para o vosso país. Há, por exemplo, uma pequena pastelaria com pastéis de nata na janela. É também possível ouvir fado numa loja”, exemplifica Alberto Delgado.
As ruínas do Convento do Carmo, as ruas enfeitadas para os arraias do mês de junho ou a arquitetura dos edifícios, tudo remete para Portugal e, em especial, para Lisboa. Aliás, foi composto de propósito um fado para o efeito e que é interpretado pela fadista Beatriz Silva.
No entanto, há algo que não está presente no jogo: a calçada portuguesa. “Não foi por falta de vontade”, confessa o gestor da marca. “Não foi possível, pois iria reduzir a visibilidade e nitidez do jogo.”
Mas a ligação à cidade de Lisboa não fica só dentro do ecrã. “Lisboa é uma galeria a céu aberto e, por isso, quisemos juntar-nos a artistas urbanos e criar uma rota que espalhasse o jogo Valorant pela cidade”.
Assim, Kruella d’Enfer, AkaCorleone, Marcelo Lamarca, LS, Jorge Charrua, Marita e Basílio desenharam murais pela cidade. Os de Kruella e AkaCorleone têm também uma representação no mapa Pearl do videojogo.
Os murais pintados na cidade foram inspirados nos principais intervenientes do jogo, os chamados agentes. Embora este tenha sido o requisito para a pintura, Alberto Delgado diz que foi dada “máxima liberdade” aos artistas.

Algo que Kruella, aka Ângela Ferreira, confirma. “Deram-me apenas guidelines, o resto foi criação minha.” E no seu mural são bem visíveis vários elementos portugueses. “Decidi incluir a guitarra portuguesa, o castelo e também uma casa alentejana”, explica.
Para a artista foi uma “honra” ter tido a oportunidade de ver uma obra sua incluída num videojogo que é jogado por mais de 14 milhões de jogadores a nível mundial.
“Poder mostrar o meu trabalho numa plataforma com tanta visibilidade é muito bom”, confessa Kruella d’Enfer. Os murais estão espalhados por toda a cidade e, segundo, Alberto Delgado, têm também como objetivo “colorir diferentes partes de Lisboa”.
Se com os murais se pretende dar cor à capital, com o mapa espera-se que os jogadores portugueses se sintam “orgulhosos”. “Queremos que vejam o seu país e cidades representados e se sintam familiarizados com o jogo”, afirma o representante da Riot Games, aconselhando todos, mesmo aqueles que não jogam, a conhecerem este mapa. Isto porque “não é comum um videojogo prestar tanta atenção a um país”.

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* Daniela Oliveira nasceu no Porto, há 22 anos, mas a vontade de viver em Lisboa falou mais alto e há um ano mudou-se para a capital. Descobrir Lisboa e contar as suas histórias sempre foi um sonho. Estuda Ciências da Comunicação na Católica e está a fazer um estágio na Mensagem de Lisboa. Este artigo foi editado por Catarina Pires.