Receba a nossa newsletter com as histórias de Lisboa 🙂
A zona de emissões ultra reduzidas da capital inglesa (ULEZ) será expandida por toda a Grande Londres, a partir de agosto de 2023. Esta é uma medida que foi anunciada em março deste ano e foi agora confirmada que irá avançar. Objetivo: que o ar seja mais limpo para mais 5 milhões de habitantes, garante o Mayor da cidade, Sadiq Khan.
Os proprietários de automóveis mais antigos, e também mais poluentes, serão os principais afetados: terão de pagar 12,50 libras (cerca de 14,49 euros) por dia para conduzir na área da Grande Londres.
“É uma questão de justiça social – com a poluição do ar a atingir as comunidades mais pobres de forma mais severa. Quase metade dos londrinos não tem carro, mas estão a sentir desproporcionalmente as consequências que os veículos poluidores estão a causar”, declarou Khan.

Haverá, no entanto, 110 milhões de libras destinados a apoiar os residentes mais vulneráveis, pequenas empresas e associações que queiram entregar os seus veículos para retoma, aquisição de novos – menos poluentes e compatíveis com as normas em vigor -, ou trocar por meios de transporte mais sustentáveis.
A verba garante também mais oferta de autocarros na periferia de Londres.
A proposta de Sadiq Khan foi bem recebida por grupos ambientalistas, algumas empresas, embora os partidos conservadores se tenham oposto, defendendo que a maioria das pessoas nos bairros dos subúrbios não querem esta nova medida.
O Mayor Sadiq Khan justificou que o ar tóxico da capital e a emergência climática tornam esta proposta de saúde pública incontestável. E que os lucros serão canalizados para melhorar a oferta de transportes públicos.
Sadiq anunciou a decisão numa escola em Lewisham, uma área no sul com a qualidade do ar particularmente perigosa. “Os dados mais recentes mostram-nos que a poluição do ar está a deixar-nos doentes. Os londrinos estão a desenvolver problemas de saúde como cancro, doenças pulmonares, demência e asma. E é especialmente um risco para as crianças”, disse Khan.
São cerca de 500 mil as pessoas nos bairros londrinos que sofrem de asma ou são vulneráveis aos impactos do ar poluído.
O ar tóxico proveniente do tráfego automóvel continua a ser a causa principal dos danos pulmonares em crianças e de cerca de 4 mil mortes prematuras por ano – grande parte destas mortes acontece na área da Grande Londres, que a Zona de Emissões Ultra Reduzidas ainda não cobre.
Alex Williams, diretor de estratégia da Transport for London, garantiu que a medida não abrange, para já, alguns tipos de veículos e grupos de pessoas, nomeadamente cidadãos com deficiência. Mas promete oferecer mais passes gratuitos de autocarros e criar “melhorias significativas na rede, tornando o transporte público uma alternativa mais atraente em relação ao carro”.
Para conduzir dentro da área de emissões reduzidas, os veículos a gasolina devem ser registados a partir de 2006, a gasóleo a partir de 2016 e as motas a partir de 2007. Todos os outros serão obrigados a pagar 12,50 libras por dia.
A Câmara de Londres diz que a poluição do ar é uma questão de vida ou de morte e garante que a atual zona de emissões ultra reduzidas tem sido um sucesso, tendo ajudado a reduzir a poluição em 44% no centro de Londres e 20% nas zonas envolventes.
A expetativa desta expansão da ULEZ será “poupar” 27 mil toneladas de CO2, aproximadamente o dobro do resultado no centro de Londres no primeiro ano de execução.
E a ZER em Lisboa?
Quando foi anunciada pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), no início de 2020, a aplicação da Zona de Emissões Reduzidas (ZER) propunha a retirada do centro da cidade de 40 mil automóveis por dia, devolvendo ao tráfego pedonal e ciclável uma área de 4,6 hectares e proibindo, no perímetro Avenida da Liberdade, Baixa e Chiado, a entrada de automóveis não elétricos, com exceção dos veículos de moradores e comerciantes.
Segundo a CML, ainda em 2020, “60%” das pessoas que se deslocavam diariamente para a baixa, faziam-no de transportes públicos. Apesar disso, na área proposta para a aplicação da ZER passavam todos os dias 100 mil veículos, situação que Fernando Medina, então presidente da câmara, considerou “paradoxal”, já que, disse na apresentação da ZER, esta é a “zona mais bem servida de transportes” do país.
Para já, a entrada em vigor da ZER em Lisboa não tem data prevista – tendo sido afastada pelo atual executivo.

O jornalismo que a Mensagem de Lisboa faz dantes pagava-se com anúncios e venda de jornais. Esses tempos acabaram – hoje são apenas o negócio das grandes plataformas. O jornalismo, hoje, é uma questão de serviço e de comunidade. Se gosta do que fazemos na Mensagem, se gosta de fazer parte desta comunidade, ajude-nos a crescer, ir para zonas que pouco se conhecem. Por isso, precisamos de si. Junte-se a nós e contribua: