crioulo
Reportagem sobre as Mandjuandadi: o grupo de cantadeiras que herdam a resistência guineense e promovem a solidariedade, cantando em crioulo a vida de imigrante, da Guiné para a Quinta do Mocho. Foto: Inês Leote

A Mensagem de Lisboa ganhou a Prata nos prémios de Inovação em Media, na categoria Inovação Editorial, da revista Meios & Publicidade, com o projeto de jornalismo em Crioulo. Estes prémios distinguem “os novos conceitos, as soluções diferenciadoras, os projectos que continuam a ser desenvolvidos um pouco por todos os grupos de comunicação”. Acresce que, neste caso, ganhou um meio independente, local e com objetivos comunitários, centrado em contar as histórias de Lisboa, com todos e para todos os lisboetas.

O projeto de jornalismo em crioulo é uma homenagem à mistura de Lisboa e às suas comunidades, com reportagens feitas em crioulo cabo-verdiano e da Guiné por uma jornalista com ambas as origens.

“É um prémio de que nos orgulhamos muito porque representa as comunidades que servimos e o que fazemos com elas. Uma Lisboa mais misturada e inclusiva”, afirma Catarina Carvalho, diretora do jornal, agradecendo aos leitores e a todos os que tornam o projeto possível.

Dino D’Santiago (e a sua plataforma Lisboa Criola) é o padrinho desta iniciativa colaborativa, que recebeu uma bolsa do Newspectrum para jornalismo em línguas minoritárias e apoio da rede Midas – Associação Europeia de Jornais Diários. Karyna Gomes, jornalista e cantora, é uma das responsáveis pelos trabalhos publicados.

“Fazemos jornalismo de proximidade e este prémio é o resultado disso mesmo. Afinal, o crioulo é uma das línguas mais faladas em Lisboa. E ao darmos voz a esta comunidade, estamos dar valor a uma cultura que é Lisboa”, disse Nuno Mota Gomes, editor digital, na entrega dos prémios no espaço Montes Claros, no Parque Florestal de Monsanto.

Confira aqui a lista com todos os premiados dos Prémios M&P Criatividade em Autopromoções & Inovação em Media. A escolha dos vencedores ficou a cargo de Filipa Marçal Grilo (Impresa), Filipe Terruta (TVI), Hellington Vieira (The Walt Disney Company Portugal), João Lobo (Renascença Multimédia), João Magalhães (Canais TVCine), João Miguel Tavares (Cinco Um Zero), José Manuel Gomes (Cofina), Luís Miguel Pereira (SportTV), Mafalda Anjos (Trust in News), Marina Ramos (RTP) e Tiago Senna (Global Media Group).

Crioulo nas ruas de Lisboa

Crioulo na rádio, crioulo na música, crioulo nas ruas de Lisboa. Não é novo, tem sido assim ao longo de séculos de culturas juntas pela História. Devido à expansão do português em tantas geografias, há vários crioulos espalhados pelo mundo e que regressam a Lisboa: em Cabo Verde, na Guiné, em São Tomé, mas também em Malaca (papiá cristão), um pouco em Macau.

Os que mais se ouvem na cidade são o crioulo guineense e o cabo-verdiano – línguas correntes nos seus países de origem, ainda que não oficiais, e que se espalham pelas comunidades desses países que moram em Lisboa.

Numa altura em que a abertura para a multiculturalidade em Lisboa é cada vez maior, a cultura e as línguas crioulas ganham atenção.

Mas o crioulo não é só língua. É modo de ser, modo de estar, como contou Mário Lúcio à Mensagem. O ex-ministro da cultura de Cabo Verde, cantor, compositor músico, escritor e poeta, defende que o crioulo é “identidade e como identidade inclui primeiro, um percurso histórico e daí fala das origens do crioulo e no que resulta hoje na sua síntese: as facetas que definem uma identidade como a língua crioula ou os crioulos, a música, a culinária, as roupas, as formas de comunicação e de estética.”

Há cerca de 14 mil guineenses e 25 mil cabo-verdianos na zona de Lisboa (e estes dados não contam com os seus descendentes). Não se sabe quanto, até porque oficialmente não há números, mas em algumas zonas da cidade não é de estranhar que o crioulo seja a segunda língua, quando não a primeira.

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